A Prefeitura de Santa Maria decidiu celebrar os 100 primeiros dias da nova gestão em um grande evento, com direito a decoração e estrutura de som que custaram mais de 20 mil reais aos cofres públicos. Mas a pergunta que ecoa nas redes sociais e nas ruas do município é: celebrar o quê?
Os primeiros cem dias do governo Rodrigo Décimo e Lúcia Madruga não têm sido motivo de festa para quem depende dos serviços públicos. A expectativa criada durante a campanha, com promessas de grandes mudanças, se desfez diante da continuidade do que já vínhamos vivendo. Afinal, o atual prefeito foi vice nos últimos quatro.
A justificativa para a não realização de muitos compromissos tem sido a crise financeira gerada pelo rombo de mais de R$ 90 milhões do orçamento deste ano. Mas a crise, ao que parece, é seletiva. Falta dinheiro para garantir professores e vigilância nas escolas, monitores para alunos com necessidades especiais e até mesmo os uniformes prometidos (que incluiriam até tênis e mochila). Em plena campanha de vacinação, unidades de saúde estão com o serviço paralisado por falta de refrigeração. Sem falar na estrutura física precária de diversos postos. Curiosamente, não falta recurso para publicidade institucional e contratos questionáveis.
Mais grave ainda é que essa crise tem origem conhecida: a gastança descontrolada da campanha eleitoral. Agora, querem que o povo pague a conta. A recomposição salarial dos servidores está sendo condicionada à aprovação de uma reforma na previdência, e mudanças no plano de carreira dos professores estão em pauta, ameaçando direitos historicamente conquistados.
Faltam ações efetivas, sobram promessas não cumpridas e justificativas confusas. Áreas públicas seguem abandonadas em vários cantos da cidade. Famílias do Parque da Jockey Club estão sob ameaça de despejo. O transporte público permanece sem licitação. E os profissionais de várias áreas aprovados em concurso públicos seguem esperando para tomar posse enquanto contratos temporários e de consórcio são priorizados.
A realidade tem mostrado que, para algumas coisas, sempre há recursos. Para outras, a resposta é o corte, a espera ou a omissão. Este início de governo expõe escolhas políticas que caminham na contramão do interesse público. E isso, definitivamente, não é motivo de comemoração. É péssimo.








