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28 anos de reabertura e cultura

Um reencontro com a alma cultural de Santa Maria

Era 1996 quando as luzes do Theatro Treze de Maio voltaram a brilhar, não apenas sobre o palco, mas sobre toda uma cidade. A reabertura do teatro, que já carregava uma história centenária, foi mais que um evento de recuperação arquitetônica, foi um respiro profundo da cultura local, um suspiro de renascimento.

Desde então, passaram-se 28 anos de cortinas abertas, palcos iluminados e cadeiras preenchidas por olhares ávidos por arte. O que se reergueu ali foi muito mais do que uma estrutura de paredes e janelas preservadas. Reergueu-se um símbolo. Um coração pulsante da cultura de Santa Maria.

O tempo muda, o espírito permanece

A gestora cultural e uma das grandes guardiãs da memória do teatro, Ruth Péreyron, fala com emoção quando lembra desse recomeço.

“O que manteve desde o início foi a parte externa, as paredes, as janelas. Mas por dentro, foi tudo refeito para que o teatro pudesse se adaptar aos tempos modernos”, conta ela.
“Hoje temos estrutura completa para receber espetáculos profissionais, com equipamentos que naquela época nem se imaginava. Mas o espírito do teatro, esse permanece o mesmo: um espaço de encontro, de expressão, de pertencimento.”

Um palco para todos

Diferente de muitos espaços elitizados, o Theatro Treze de Maio se orgulha de ser um teatro do povo e para o povo. Com programações que abrem espaço para artistas locais e profissionais, estudantes e mestres, ele é palco para quem faz cultura, com recursos, com luta, com amor.

“Temos os grupos formados pela universidade, os músicos amadores, os profissionais formados aqui mesmo. O Theatro é uma oportunidade real para que esses artistas tenham onde se apresentar em ótimas condições”, explica Ruth.
A presença do teatro estimulou o surgimento de novas escolas de dança, grupos cênicos e coletivos culturais. Onde antes havia poucos, hoje há muitos. Onde antes havia silêncio, hoje há movimento.

Com uma média impressionante de 15 a 20 eventos por mês, o Theatro é um caso raro no interior do estado. Santa Maria pode se orgulhar: poucos municípios mantêm uma agenda tão ativa, tão plural, tão resistente.

Cultura como direito de todos

A existência de espaços como o Theatro Treze de Maio é viabilizada, em grande parte, por políticas públicas de fomento, como a Lei de Incentivo à Cultura. É por meio dela que muitos projetos conseguem sair do papel, conquistar patrocínio e chegar até o público.
Sem esse suporte, o teatro, enquanto espaço físico e simbólico corre risco de se tornar silêncio. Além disso o teatro conta com recursos destinados a manutenção e recursos para sua infraestrutura, através da captação da associação dos amigos do theatro treze de maio 

E Ruth reconhece isso: “Temos eventos com entrada franca, outros com preços acessíveis, e mesmo os mais caros, quando envolvem artistas nacionais são possíveis graças a editais e incentivos. A cultura precisa ser mantida com políticas públicas sérias.” Durante a pandemia, as portas do teatro se fecharam, mas as janelas se abriram. Literalmente.

O Theatro reinventou-se mais uma vez, levando espetáculos para as janelas, com o público assistindo da praça. Uma metáfora viva da arte que insiste, que transborda, que não cabe nos limites da arquitetura. “Isso nos deu força. A comunidade veio, assistiu. Foi um momento de reafirmação do nosso papel”, diz Ruth, com orgulho.

Memórias, fantasmas e afetos

Como todo bom teatro, o Treze também coleciona histórias misteriosas.

“Um funcionário dizia que sempre que apagava as luzes, sentia alguém seguindo ele. Nunca vimos nenhum fantasma, mas quem ama teatro sabe… existe uma energia que fica”, conta ela, sorrindo.

E essa energia talvez seja mesmo a alma do lugar. Algo que não se vê, mas se sente. Em cada aplauso. Em cada lágrima. Em cada silêncio que antecede a cena.

Uma cidade que se reconhece no palco

Hoje, ao celebrar os 28 anos de reabertura, o Theatro Treze de Maio não apenas comemora o passado. Ele reafirma o presente e, sobretudo, a urgência do futuro.

Manter o teatro vivo é garantir que Santa Maria continue se olhando no espelho da arte.
Que seus jovens sigam dançando, cantando, atuando. Que sua população tenha acesso ao riso, ao choro, à reflexão. Porque um povo sem cultura é um povo mais frágil, mais vulnerável, mais calado.

E no Theatro Treze de Maio, a cidade aprendeu a falar e ouvir. 

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