O Rio Grande do Sul deu início, em 3 de outubro, ao plantio da soja para a safra 2025/2026, consolidando mais uma etapa do calendário agrícola estadual. A estimativa da Emater/RS-Ascar aponta para uma produção potencial de 21,4 milhões de toneladas, representando um acréscimo expressivo de 57,14% em relação ao ciclo anterior, quando o Estado colheu apenas 13,64 milhões de toneladas, um resultado comprometido pelos efeitos da severa estiagem que afetou grande parte do território gaúcho.
A área a ser cultivada com soja deve alcançar 6,74 milhões de hectares, volume inferior ao registrado na safra passada (-0,8%). Na região Central, a retração projetada é de aproximadamente 16 mil hectares (-1,58%), reflexo direto das restrições financeiras enfrentadas por agricultores impactados não apenas pelas estiagens recorrentes, mas também pela enchente de 2024 que afetou a colheita do grão. Além disso, observa-se um movimento de diversificação produtiva, com parte dos produtores optando por integração lavoura-pecuária, ampliando a criação de bovinos de corte, e pelo cultivo de espécies alternativas, como o sorgo, que demandam menor investimento e oferecem maior resiliência frente às adversidades climáticas.
Apesar da redução da área, o cenário é tecnicamente promissor. O potencial produtivo da safra está diretamente condicionado ao comportamento climático durante o ciclo fenológico da cultura. Caso as condições de precipitação e temperatura se mantenham adequadas, o Estado poderá retomar sua relevância estratégica no ranking nacional da oleaginosa, reafirmando seu papel como um dos principais polos de produção do país.
Exportações em alta
O Rio Grande do Sul ocupa atualmente a terceira posição no ranking nacional de exportadores do complexo soja, segundo a Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2025 (RAG), publicada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
Em 2024, os embarques gaúchos de soja e derivados alcançaram 50 países, gerando um montante de US$ 6,33 bilhões. A China permanece como principal destino, absorvendo 56% da produção exportada. Em seguida, destacam-se Irã (7,2%), Coreia do Sul e Índia (3,7% cada) e Iraque (3,1%), evidenciando a diversificação e a amplitude dos mercados atendidos.
Irrigação e sustentabilidade
A intensificação das estratégias de manejo hídrico tem sido um fator determinante para a estabilidade produtiva. Os municípios de São Borja, Cruz Alta, São Luiz Gonzaga, Santa Bárbara do Sul e Boa Vista do Cadeado lideram em áreas irrigadas de soja, consolidando-se como referências em inovação tecnológica aplicada ao campo.
Nesse contexto, os técnicos da Emater/RS-Ascar, em articulação com o Programa Irriga + RS coordenado pela SEAPI, vêm orientando produtores na adoção de sistemas de irrigação eficientes, promovendo ganhos em produtividade, resiliência às estiagens e sustentabilidade ambiental. A difusão dessas práticas representa não apenas uma ferramenta de mitigação de riscos climáticos, mas também uma estratégia de valorização da atividade agrícola como eixo central da economia rural gaúcha.
Guilherme G. dos Santos Passamani
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia
Gerente da Emater/RS-Ascar regional de Santa Maria
e-mail: ggsantos@emater.tche.br








