Quantas vezes você se encontrou em um lugar ou situação em que seu corpo ou sua mente te fizeram parar? Quantas vezes disse “sim” querendo dizer “não”? Quantas vezes se sobrecarregou e, no fim, não deu conta? Quantas vezes a esperança de fazer algo dar certo não dependia de você, e mesmo assim, você ultrapassou seus próprios limites ou os ignorou até se ver em um oceano de frustrações?
Eu já vivi isso inúmeras vezes, até que comecei a tomar tento na vida e a questionar o que é limite e o quanto ele pode determinar vitórias diárias regadas de bem-estar e autoafirmação. Então te pergunto: o que é limite pra você? O quanto você se sente limitado e, ao mesmo tempo, desrespeitado pelo que não tem limites?
As demandas diárias exigem cada vez mais de nós. Seja por uma jornada insana, com trabalho, família, projetos e obrigações, ou por tentar abraçar o mundo, chega um momento em que tudo se torna insustentável. E o que você tem feito sobre isso? Já pensou que o que mais nos trava não é o limite em si, mas a falta de consciência sobre ele? Porque o limite nos atravessa de inúmeras formas, e tudo está interligado.
Para a psicologia, ele é autocontrole e consciência de si, o “não” que te trava, mas também te protege. Para a psicanálise, nasce do trauma, daquilo que não pôde ser dito, mas precisa ser compreendido para não se repetir. Para a medicina, limite é sinônimo de saúde: o corpo avisa, impõe e grita quando a mente não escuta. Para a ciência, é autopreservação; sem limite, tudo entra em colapso, até as leis do universo.
Para o tempo, limite é medida. Sem ele, não há ritmo, pausa nem processo. Para o coração, é amor: amar é permitir-se sentir sem se perder. No marketing, é desejo, o ponto entre o “preciso” e o “posso esperar”. No branding, é identidade, o que define quem você é e, principalmente, o que não é. Para a filosofia, é existência: somos o que sabemos ser finitos.
Na economia, é escassez. No capitalismo, é desafio. Na sustentabilidade, é sobrevivência. Na arte, é provocação: é no contorno que nasce a forma e no vazio que nasce a criação. Na família, é convivência, um espaço de afeto que só floresce quando há respeito.
Limite não é prisão, é parâmetro. É o espaço entre o que me preserva e o que me destrói. É o que me ensina que posso ser infinita, mas não à custa de mim mesma. Consciência sem ação é tortura. Boa intenção sem limite é desespero disfarçado de altruísmo.
Limite-se ao que te faz bem, ao que te equilibra, ao que te devolve. Limite-se ao essencial.
Há um limite entre coragem e autossabotagem, entre o que é desafio e o que é violência disfarçada de superação, entre o que é limite e o que é trauma. Já ouviu o ditado “quem se define se limita”? Pois bem. Limite-se, sim, mas ao que te expande, não ao que te encolhe.
Limite-se ao questionamento, à inquietação que te move, não ao medo que te paralisa. Limite-se ao respeito próprio, ao silêncio que cura, à palavra que constrói. Limite-se ao querer mais, mas compreendendo o preço do “mais”. Limite-se aos poucos e bons, que estarão contigo nas trincheiras da vida.
Porque no fim, limitar-se é um ato de amor.
E amor, meu bem, é o limite mais bonito que existe.
