As oportunidades e desafios da produção de noz-pecã no Rio Grande do Sul foram apresentados durante o Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan), nos dias 6 e 7 de novembro, em Cachoeira do Sul. Na ocasião, a Emater/RS-Ascar e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) apresentaram o Diagnóstico da Pecanicultura no Rio Grande do Sul, levantamento que traça um panorama completo do setor no Estado — o maior produtor nacional do fruto.
O estudo foi coordenado pela Divisão de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA/Seapi) e Emater/RS-Ascar, com o apoio da Câmara Setorial da Noz-Pecã, Embrapa e Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan). Foram ouvidas 319 famílias produtoras em diversas regiões do Estado, com o estudo concluído em 2024.
Produção familiar e perfil das propriedades
De acordo com o levantamento, a cultura da noz-pecã é desenvolvida majoritariamente pela Agricultura Familiar, em propriedades de pequeno e médio porte, com uso predominante de mão de obra própria.
Quase metade das propriedades (47,65%) possui menos de 20 hectares, e mais de 70% têm área total inferior a 50 hectares.
A Emater/RS-Ascar lidera o atendimento técnico aos produtores. Dos 65,5% produtores que recebem assistência técnica, 54,23% são atendidos pela Emater/RS-Ascar.
Fontes de renda e trabalho
A nogueira-pecã representa a principal fonte de renda para 51,41% dos entrevistados. O cultivo de grãos (28,21%) e a aposentadoria (28,84%) completam as principais fontes de rendimento.
A mão de obra familiar é predominante em 69% das propriedades; 30,4% contratam funcionários de forma eventual e 10% mantêm trabalhadores permanentes.
Nos últimos cinco anos, 83,39% dos produtores não acessaram crédito agrícola.
Manejo
A colheita é majoritariamente manual (62,7%), enquanto 26,65% combinam métodos manuais e mecânicos, e apenas 10% utilizam colheita totalmente mecanizada.
Na pós-colheita, 58,6% realizam a pré-limpeza no pomar e 54,55% fazem a secagem nas propriedades, em sua maioria por ventilação natural (76,68%). A etapa de classificação dos frutos, que agrega valor ao produto, é realizada por apenas um terço dos produtores.
O estudo destaca que o processamento e beneficiamento da noz-pecã ainda são limitados, representando uma oportunidade de agregação de valor e aumento da rentabilidade para os produtores.
Comercialização
Os canais de venda mais utilizados são a venda direta ao consumidor (46,71%) e a indústria beneficiadora (41,07%). A maior parte das negociações (81,21%) ocorre nas próprias propriedades, seguida pelas vendas via internet (28,19%) e em feiras (20%).
Desafios e perspectivas
Entre as principais queixas apontadas estão o baixo preço pago pelo fruto; a baixa produtividade dos pomares; o longo tempo de espera até a produção comercial; a escassez de mão de obra; a falta de produtos fitossanitários registrados; e a ausência de equipamentos adaptados à realidade dos pequenos produtores.
A expectativa é que os resultados do diagnóstico possam subsidiar novas políticas públicas e ações do Programa Estadual da Pecanicultura (Pró-Pecã), além de orientar o planejamento estratégico e decisões mais assertivas para toda a cadeia produtiva.
Sobre o ENAPecan
O Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan) foi promovido pelo Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), Prefeitura de Cachoeira do Sul, Emater/RS-Ascar e Embrapa, com apoio da Pecanita, LM Parceria Rural, Programa Estadual da Pecanicultura Pró-Pecã, Seapi, Ulbra – Cachoeira do Sul e Sebrae.
O evento reuniu produtores, técnicos, pesquisadores e representantes de instituições públicas e privadas para discutir avanços tecnológicos, perspectivas de mercado e políticas para o fortalecimento da cultura da noz-pecã no Brasil.
Guilherme G. dos Santos Passamani
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia
Gerente da Emater/RS-Ascar da região de Santa Maria
e-mail: ggsantos@emater.tche.br








