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Nariz vermelho, coração aberto

A missão da ONG Esquadrão da Alegria

Por Camille Moraes

“Um sorriso pode mudar um dia. Às vezes, ele pode mudar vidas.” Essa é a filosofia da ONG Esquadrão da Alegria, que há 17 anos transforma momentos difíceis em instantes de leveza e acolhimento dentro de hospitais no Rio Grande do Sul. De Santa Maria até Porto Alegre, Canoas e Pelotas, os voluntários – ou “besteirologistas”, como se chamam – vestem o jaleco colorido, colocam o nariz vermelho e entram nos corredores com um único objetivo: espalhar alegria e humanizar o cuidado, um gesto de cada vez.

Transformando ambientes

Mais que atender pacientes, o Esquadrão busca humanizar o ambiente hospitalar como um todo. Médicos, recepcionistas, seguranças, acompanhantes – todos são impactados. “É muito gratificante ver uma criança transformar o soro em ‘poção de super-herói’ ou topar uma corrida de motoca no corredor. Com os adultos, às vezes nem precisamos falar – eles já trazem o riso ou compartilham histórias”, relata Lara Zimmer – que, quando está a trabalho da ONG, torna-se a doutora Jô Aninha. 

Entre os momentos mais marcantes, Lara lembra de um paciente em estado delicado, acompanhado da irmã. “Não era hora de piada. Entramos, demos um abraço coletivo e pronunciamos os nomes deles em voz alta. Foi simples, mas muito significativo”. Nesses momentos, a presença da Jô Aninha, sua palhaça, faz ela se sentir de forma ainda mais poderosa: “Ela é mais forte que eu e consegue lidar com essas situações de um jeito mais leve, trazendo conforto e leveza mesmo nas horas difíceis”.

O impacto na vida de quem encontra o Esquadrão

O alcance do projeto vai além dos corredores hospitalares. Quem é tocado pelo trabalho do grupo, anos depois, acaba se interessando e desejando perpetuar a missão. É o caso da acadêmica de Odontologia Bianca Borges, que conheceu a ONG aos 12 anos em Santiago. “Lembro da leveza, do riso e do carisma dos doutores. Foi ali que nasceu em mim o desejo de um dia também levar alegria a quem precisa. Hoje, na faculdade, reencontrei a doutora Jô Aninha e espero tocar novas vidas, assim como fui impactada lá atrás”, comenta.

Ana Paula Bitencourt Nascimento reviveu a relação com o Esquadrão de uma forma especial. Seu filho, Luis Felipe, esteve internado por seis meses no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) quando tinha 9 anos: “Ele já sabia que nas quintas-feiras teria alegria em meio ao sofrimento. Anos depois, reencontrei o grupo no meu trabalho. Na hora, comecei a perguntar como fazia para entrar. Hoje, sou a doutora Tarambela. Quero passar para os outros a mesma sensação que meu filho tinha quando recebia os doutores no quarto.” Atualmente, Luis Felipe tem 21 anos e guarda boas lembranças: “Gostava das visitas porque eram um momento de descontração que ajudava na recuperação.”

Por trás dos besteirologistas

Atualmente, Santa Maria conta com 48 voluntários, que visitam os nove hospitais da cidade, incluindo HUSM, Hospital de Caridade, Casa de Saúde, Unimed e o Hospital da Brigada Militar. As visitas acontecem sempre em duplas ou trios, pois, como explica Lara, que já é voluntária há 11 anos, “o jogo do palhaço acontece no encontro entre eles. Nunca visitamos sozinhos. Além disso, é um suporte importante em situações delicadas”.

O processo seletivo acontece uma vez por ano e começa com um questionário online. Quem passa participa de encontros presenciais, oficinas de palhaçaria e teatro. Nos primeiros três meses, cada novo integrante recebe acompanhamento de um padrinho ou madrinha, que ajuda a resgatar o palhaço interior – aquela persona que todos têm, mas que muitas vezes fica adormecida com a vida adulta. É também nesse período que trabalham figurino, maquiagem e ensaiam as dinâmicas que serão aplicadas nos hospitais.

Sempre há espaço para mais

Para quem deseja ser voluntário, o recomendado é acompanhar as redes sociais do Esquadrão da Alegria e ficar atento às seleções anuais. É importante ressaltar que a contribuição vai além do jaleco e do nariz vermelho: “Quem não se identifica com a palhaçaria pode colaborar em outras áreas, como TI, jurídico, contabilidade e psicologia. Sempre há espaço para quem deseja somar”, ressalta Lara.

Reinaldo Guidolin

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