A Fundação João Pinheiro (FJP), em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação do
Ministério das Cidades, apontou que o déficit habitacional do Brasil totalizou 6 milhões de
famílias em 2022. Segundo o levantamento, os principais atingidos são as famílias que
gastam mais de 30% da sua renda com aluguel, principalmente as famílias com renda
domiciliar de até três salários-mínimos. O problema predomina em famílias chefiados por
mulheres (62,6%) e pessoas pretas ou pardas (66,3%).
Todos esses números e dados não parecem distantes se nos deslocarmos para as regiões
mais afastadas de Santa Maria. Hoje, um dos casos que exemplifica esse cenário pode ser
observado na ocupação da Jockey, que sofre com uma tentativa de despejo por parte da
prefeitura. Famílias de trabalhadoras e trabalhadores que foram obrigados, pela falta de
condições de pagar um aluguel, a ocupar um terreno abandonado pelo poder público.
Um terreno abandonado, mas que agora a prefeitura pretende entregar na mão da iniciativa
privada através de uma parceria público-privada. A pressa em obrigar as famílias a saírem
para iniciar o processo, sem indicar uma moradia para os despejados, demonstra a falta de
sensibilidade e de políticas públicas do governo.
É verdade que trata-se de um problema nacional, mas também é verdade que o poder
público municipal não pode lavar as mãos e ignorar as mulheres, crianças e idosos que vão
ficar sem um teto enquanto os engravatados vendem a cidade. Onde essas famílias vão
dormir noite que forem despejadas? Na boa casa do prefeito Rodrigo Decimo?








