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Orçamento no vermelho, congelamento de gastos, falta de professores e reforma previdenciária…uma análise dos 100 dias de mandato de Rodrigo Décimo e Lúcia Madruga

Os 100 primeiros dias de uma gestão são a oportunidade ideal para que o Executivo mostre a que veio. E é também o momento em que revelam-se não apenas as prioridades, mas sobretudo as intenções políticas de quem governa. Em Santa Maria, a gestão Rodrigo Décimo e Lúcia Madruga- eleitos na esteira de continuidade da última gestão de Jorge Pozzobon da qual foram vice e secretária- tem se apresentado mais como um projeto de continuidade do marketing político do que como uma administração focada em enfrentar os reais desafios do município.

Antes de tudo, é justo reconhecer alguns avanços: a continuidade do processo de regularização fundiária, a iniciativa de programas como o Prefeitura nos Bairros, o retorno de eventos como o Festival de Balonismo e a busca por melhorias no aeroporto são iniciativas que representam os esforços de aproximação com a comunidade e estímulo à movimentação econômica e turística da cidade.

Mas infelizmente, a maior parte do que vimos nesses primeiros 100 dias é o avanço de uma lógica de gestão que recua em direitos, ignora o planejamento a longo prazo e penaliza justamente quem mais precisa da presença do Estado: os trabalhadores e a população mais vulnerável.

Uma cidade com prioridades equivocadas

A situação do orçamento é grave: um déficit de R$ 90 milhões levou ao congelamento de gastos e nomeações.A gestão trata isso como uma medida técnica. Mas é preciso questionar: quem paga essa conta?

Governar com responsabilidade fiscal não pode ser sinônimo de paralisar os serviços essenciais ou de comprometer o futuro de quem esperava por estabilidade no serviço público. O bloqueio de orçamento imposto por decreto, junto à suspensão de nomeações de concursos públicos homologados ainda no ano passado, afeta principalmente a educação pública, já fragilizada. Segundo o sindicato da categoria, há falta de 194 professores e mais de 230 estagiários na rede municipal. A consequência disso é direta: salas sem professores, alunos desassistidos e profissionais sobrecarregados.

Essa situação ganha contornos ainda mais absurdos quando observamos que, ao invés de investir em infraestrutura educacional, a prefeitura escolhe pagar, há mais de dois anos, R$ 60 mil mensais de aluguel por um pavilhão adaptado como escola, quando poderia estar viabilizando, com planejamento e recursos federais, uma construção definitiva, pública e digna. Priorizando recursos do orçamento para áreas sociais estratégicas, com reavaliação de contratos, corte de privilégios e redirecionamento de verbas publicitárias — garantindo nomeações, infraestrutura educacional e valorização do servidor público.

Reforma da previdência e o ataque silencioso aos servidores

Além disso, desde o ano passado, o governo prepara uma reforma da previdência municipal e sequer faz questão de dialogar abertamente com os servidores ou com a Casa Legislativa. Em vez de construir coletivamente uma saída equilibrada, recorre ao discurso do sacrifício — mas cobra sempre dos mesmos: os trabalhadores.

Ao invés de convocar assembleias públicas, chamando os sindicatos para a mesa de negociação, buscando alternativas sustentáveis com apoio técnico e transparência, prefere resolver tudo às escondidas comprando estudos particulares.

“Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito”

O processo de regularização fundiária é, sem dúvida, uma das políticas mais importantes em curso na cidade. Mas não se constrói cidadania impondo remoções e despejos, como vimos na decisão de retirada dos moradores da área do Jockey Club. Uma política habitacional justa se constrói com escuta, com planos urbanísticos claros e com alternativas habitacionais reais. Caso contrário, o que chamam de “regularização” se torna apenas mais uma forma de exclusão.

A água como bem público, não como produto.

A crise da água em Santa Maria é mais um reflexo da aposta no modelo privatista. A prefeitura, que assinou aditivos contratuais com a Corsan dando ainda mais liberdade ao serviço privatizado, agora se vê diante de um colapso no abastecimento, cobranças indevidas e esgoto a céu aberto. A multa aplicada à empresa é insuficiente diante do tamanho do problema.

Santa Maria pode mais

Os 100 dias de gestão Rodrigo Décimo revelam uma prefeitura que governa para poucos. Não há protagonismo possível quando se sufoca a educação, se despreza o diálogo e se desmonta o papel do Estado como promotor de justiça social.

Santa Maria precisa de um projeto de cidade comprometido com as pessoas. Um governo que respeite os servidores, valorize o serviço público, enfrente as desigualdades e construa soluções com o povo — e não apesar dele.

Como parlamentar e representante do povo, sigo vigilante, fiscalizando e propondo, com responsabilidade e coragem. Porque a cidade que queremos — justa, solidária, inclusiva — não será construída com improviso, mas com compromisso coletivo.

Coluna por: Marina Callegaro

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