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Colorir para (re)começar

Quando a terapia vem em forma de lápis de cor e páginas em branco

Tem coisas que parecem pequenas, mas guardam dentro de si um universo inteiro. Um lápis de cor, por exemplo. Ou uma folha cheia de desenhos esperando por tinta. Foi assim, sem muita expectativa, que comprei meu primeiro livro de colorir. Sempre tive vontade de ter um — daqueles de mandalas, jardins, padrões delicados. Quando enfim sentei com o livro no colo, um estojo de lápis ao lado e o celular longe, entendi: aquilo era mais do que só colorir. Era uma forma de silenciar o mundo.

Curiosamente, quando eu era criança, não era a maior fã de livros de colorir. Achava repetitivo, às vezes entediante. Preferia inventar histórias, desenhar livremente, pintar fora das linhas. Mas crescer me fez olhar pra isso com outros olhos. Na vida adulta, entre as correrias e as tensões diárias, descobri que um lápis de cor e um pedaço de papel podem ser uma poderosa válvula de escape. Um respiro. Uma pausa.

Pintar para respirar melhor

Colorir acalma. Isso é ciência. Estudos mostram que pintar ajuda a reduzir os níveis de estresse, melhora o foco e até reorganiza pensamentos. Quando a gente está concentrado em preencher espaços com cor, o barulho mental diminui. E, de repente, o que era ansiedade vira traço. O que era cansaço vira respiração profunda.

Pintar também nos dá a chance de errar sem medo. Se a cor não combinou, tudo bem. Se borrou, paciência. É uma prática de aceitação disfarçada de passatempo. Sem falar no benefício para o cérebro: melhora a coordenação motora, ativa a memória visual, estimula os dois hemisférios — o lógico e o criativo. Ou seja, faz bem pra saúde de verdade.

Tem ainda algo simbólico: a escolha da cor. A liberdade de decidir se o céu vai ser rosa ou azul escuro. De criar sombras, sobreposições, de testar subtons. Isso também é exercício de liberdade, de expressão, de identidade. Num mundo que nos cobra tanta produtividade, colorir nos lembra que o tempo também pode ser lúdico. Que desacelerar não é perder tempo, é ganhar vida.

Um presente possível

Hoje, os livros de colorir da Bobbie Goods estão em alta. São páginas recheadas de desenhos fofinhos que conquistaram desde crianças até avós. Todo mundo quer um. E com razão: em meio a uma vida tão conectada, cheia de notificações, tarefas e exigências, pintar virou um ritual de autocuidado. Um jeito simples de lembrar que a beleza mora nos detalhes — e que a gente também precisa de leveza.

Eu, que cresci cercada de palavras, fui redescobrir o silêncio nas cores. Hoje entendo que ler e pintar não são tão diferentes assim: ambos nos convidam a sair do mundo por um instante. E quando voltamos, voltamos melhores.

Colorir é, no fundo, um jeito de se abraçar sem pressa.

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