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Homens também precisam de ajuda: por uma nova abordagem no combate à violência contra a mulher

     A violência contra a mulher continua sendo uma ferida aberta na nossa sociedade. Apesar dos inúmeros avanços legais e sociais, os números ainda são alarmantes. Somente no feriado da Páscoa deste ano, o Rio Grande do Sul contabilizou 10 feminicídios em apenas três dias. Em 2025, já são mais de 30 mulheres assassinadas no Estado. Cada uma dessas vidas ceifadas representa uma história interrompida por um ciclo de violência que, muitas vezes, poderia ter sido evitado com políticas públicas mais eficazes e, sobretudo, preventivas.

        É nesse contexto que apoio com firmeza e entusiasmo a proposta inspirada no programa Linha Calma, idealizada pela deputada estadual Delegada Nadine. Trata-se de um projeto pioneiro que visa oferecer escuta ativa, apoio psicossocial e orientação emocional para homens, por meio de um serviço gratuito, sigiloso e acessível – um número 0800, aplicativo e plataforma digital com funcionamento 24 horas.

       A proposta parte de uma constatação fundamental: muitos homens não têm com quem conversar sobre suas angústias, frustrações, sentimentos de ciúmes, raiva ou descontrole emocional. Crescem em uma cultura que ensina que demonstrar vulnerabilidade é sinal de fraqueza, e acabam reprimindo emoções até que elas explodem em forma de violência  muitas vezes, contra quem mais deveria ser protegida: a mulher e os filhos.

       Inspirada na bem-sucedida experiência de Bogotá, na Colômbia (e não na Bolívia, como às vezes é mencionado), onde um programa semelhante já contribuiu para a redução significativa dos feminicídios, a Linha Calma representa uma abordagem inovadora no enfrentamento à violência de gênero: em vez de agir apenas depois que o crime acontece, busca-se intervir antes, atuando na raiz do problema  os padrões culturais e comportamentais que alimentam o machismo, o controle e a possessividade.

      A proposta é simples, mas profunda. Homens que estiverem em crise ou enfrentando conflitos familiares poderão ligar conversar com profissionais capacitados  psicólogos assistentes sociais especialistas em direitos humanos  e receber o encaminhamento adequado, seja para terapia, grupos reflexivos ou orientação jurídica. Com isso, além de evitar tragédias, contribuímos para a construção de uma nova masculinidade, mais saudável e mais humana.

       Essa é uma ação que não exclui, mas complementa o necessário fortalecimento das redes de proteção à mulher. O combate à violência de gênero deve ser integral e estratégico. Não basta punir os agressores – precisamos impedi-los de se tornar agressores. E isso só será possível se olharmos também para a saúde mental e emocional dos homens, rompendo com o silêncio e o estigma.

      Como vereador, reafirmo meu compromisso com políticas públicas voltadas à promoção da cultura de paz, do respeito e da equidade de gênero. Apoio iniciativas como a Linha Calma, e trabalharei para que esse modelo possa ser replicado nos municípios, inclusive com parcerias com universidades, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil.

       A violência contra a mulher é um problema de todos nós. E só vamos superá-lo quando entendermos que cuidar das emoções masculinas também é uma forma de proteger as mulheres.

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