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Apatia Adolescente e o Fenômeno do "Brain Rot": Entre o Vazio Digital e a Radicalização

Em um mundo hiperconectado, os adolescentes navegam entre dois extremos: a apatia do brain rot (apodrecimento cerebral) com o consumo passivo de conteúdo banal nas redes e a violência de crimes cometidos sob influência de grupos radicais. Essa geração, exposta a um fluxo incessante de estímulos digitais, demonstra sintomas preocupantes, desde a desconexão emocional até a coaptação por discursos de ódio.  

O termo brain rot (literalmente, “apodrecimento do cérebro”) viralizou entre adolescentes para descrever o consumo de vídeos absurdos e memes sem sentido no TikTok. Como revela uma pesquisa da Universidade de Oslo, os jovens usam esse conteúdo como “oásis de calma” para escapar do estresse cotidiano, mas reconhecem sua vacuidade . Porém, o efeito colateral é a normalização do vazio intelectual: horas perdidas em vídeos curtos e sem sentido substituem reflexões críticas.  

A apatia não é inocente. Ela abre espaço para a desesperança, um sentimento que combinado com a exposição a conteúdos violentos pode levar à radicalização.  

Casos recentes mostram como adolescentes tem ganhado destaque em crimes digitais:  

  • No Rio, um plano para atacar o show de Lady Gaga com explosivos foi desarticulado. Os suspeitos, radicalizados online, miravam o público LGBTQIAPN+.  
  • Em São Paulo, 34 alunos de um colégio de elite foram suspensos por criar grupos no WhatsApp com ameaças de estupro, racismo e misoginia contra calouros .  
  • Aqui em Santa Maria, três adolescentes de 15 anos estão sendo investigados por ato infracional análogo a estupro de vulnerável. O ato foi filmado e o vídeo compartilhado entre grupos de adolescentes.

A juíza Vanessa Cavalieri, do Rio de Janeiro, alerta que 90% dos crimes graves envolvendo adolescentes são cometidos por meninos, muitos atraídos por comunidades de ódio como “incels” (celibatários involuntários) e neonazistas. A masculinidade tóxica encontrou na internet um terreno fértil. Meninos são aliciados em fóruns que glorificam a violência contra mulheres e LGBTQIAPN+ como prova de “macheza”. Enquanto pais e escolas subestimam o poder das redes, especialistas defendem: monitoramento parental, debate sobre masculinidade e regulamentação das plataformas.

O “apodrecimento cerebral” não é apenas uma piada geracional, é sintoma de uma juventude que oscila entre o tédio e a barbárie. Se a apatia os torna vulneráveis, a falta de perspectivas os joga nos braços do ódio. Resta aos adultos a tarefa urgente de oferecer alternativas: menos redes sociais e mais diálogo presente; menos isolamento e mais espaços de acolhimento.

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