A fibromialgia é uma dessas doenças que, apesar de afetar profundamente a vida de quem a enfrenta, continua sendo amplamente subestimada pela sociedade. Trata-se de uma síndrome crônica caracterizada por dores generalizadas, fadiga extrema, distúrbios do sono e dificuldades cognitivas. Mas talvez o maior peso carregado por quem vive com fibromialgia seja a invisibilidade: não há feridas visíveis, exames conclusivos ou cura definitiva. Há apenas o sofrimento constante e, muitas vezes, a desconfiança alheia.
Em Santa Maria, este silêncio foi rompido recentemente com uma iniciativa importante. A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores realizou uma audiência pública para tratar especificamente sobre a fibromialgia. O plenário estava lotado — e isso não é um detalhe menor. O espaço que muitas vezes permanece indiferente às dores da população, dessa vez, deu palco às vozes que por tanto tempo foram ignoradas.
Ali, diante de vereadores integrantes da comissão , diversas mulheres relataram o cotidiano de uma vida que exige esforço dobrado para o básico: sair da cama, trabalhar, ser compreendida . Ficou evidente que a luta de quem vive com fibromialgia vai além da dor física — ela é também uma luta por reconhecimento, por políticas públicas, por dignidade, por respeito.
Essa audiência pública foi um passo importante. Mas é preciso que seja mais do que um gesto simbólico. É urgente que o poder público avance na criação de políticas de acolhimento, acesso a tratamentos multidisciplinares e programas de conscientização. A fibromialgia precisa ser reconhecida como uma questão de saúde pública — e as pessoas que convivem com ela precisam deixar de ser invisíveis.