Num daqueles dias em que o tempo fecha e a cidade desacelera com a garoa, decidi fazer algo que estava na minha lista fazia tempo: visitar o Museu de Arte de Santa Maria (MASM). Fui até lá pra me apresentar como jornalista, sim, mas também porque precisava daquele respiro que só a arte oferece. Era como se o MASM estivesse dizendo: “fica um pouco, tem coisa boa pra ver aqui”. E tinha mesmo. A exposição “Caminhos”, da artista e professora da UFSM Raquel Fonseca, me pegou de jeito.
A mostra é uma mistura linda de fotografia analógica, digital e experimentações como fotogramas e cianotipia. Mas mais do que a técnica (que é incrível), o que me pegou foi o olhar sensível da artista. Raquel trata a fotografia como escuta, e isso muda tudo. Cada imagem parece conversar com a gente. Algumas sussurram memórias, outras quase gritam sentimentos que a gente nem sabia que guardava.
Enquanto andava pela exposição, fui sendo puxada por detalhes: o olhar curioso das crianças, tímido e cheio de perguntas; os palhaços com expressões exageradas, quase teatrais; e até cenas simples, como cafés e jornais, que me lembraram das segundas-feiras corridas com pequenas pausas preciosas. Aquelas fotos me levaram pra lugares familiares, me fizeram sentir coisas que eu nem esperava.



“Caminhos” é sobre isso: encontrar beleza onde a gente nem sempre vê. É uma exposição que convida o público a revisitar suas raízes, a desacelerar, a enxergar com mais carinho o cotidiano. E Raquel consegue isso sem exagero, sem forçar emoção, é tudo na medida certa, real, humano.
Saí do MASM pensando que a fotografia dela não quer se exibir. Ela quer conversar. E que sorte a nossa ter artistas assim por perto, e mais ainda, ter um espaço como o MASM pra receber essas obras.
E é aí que eu quero chegar: a gente precisa falar mais do MASM. Visitar, divulgar, defender. Porque quando uma cidade investe em arte, ela investe nela mesma. O MASM não é só um prédio com quadros, é um lugar de formação, de encontros, de provocações. É um espaço que faz a cidade pulsar diferente.
Então, se você está procurando um programa que realmente faça sentido, vai no MASM. Leva um tempo pra ti, deixa a arte te tocar. E depois me conta o que sentiu, aposto que você também vai sair de lá diferente.
Na próxima edição da Prisma, eu volto com mais dicas, histórias e encontros com o melhor da cultura aqui de Santa Maria (e do resto do país também). Porque tem muita coisa boa acontecendo, só esperando a gente olhar com atenção.