Uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas mostra que, entre os beneficiários do Bolsa Família, metade das famílias deixa de buscar emprego ao receber o auxílio. Em alguns estados, há mais pessoas contando com o programa do que trabalhando com carteira assinada. Além disso, de um total de 20,6 milhões de cadastrados, 7 milhões recebem recursos do governo federal há 10 anos ou mais, representando 34,1% do total. Esses números mostram a dificuldade de muitas famílias em romper a dependência do Estado para se manter.
Fica a pergunta: estamos criando uma geração dependente da assistência do governo? Parece que sim.
Precisamos modernizar o programa para transformá-lo em um caminho para a autonomia econômica e não a dependência absoluta.
Foi isso que propus com o Projeto de Lei que protocolei na Câmara dos Deputados: uma modernização que cria uma porta de saída para quem recebe o benefício.
O PL tem quatro frentes de ação principais. A primeira é educação financeira gratuita, oferecendo aos beneficiários ferramentas para planejar e usar a renda com consciência, promovendo segurança e independência econômica.
A segunda frente é o incentivo à qualificação profissional e ao empreendedorismo, ajudando os beneficiários a ingressarem no mercado formal ou a desenvolverem seus próprios negócios.
A terceira ação envolve parcerias locais com empresas e plataformas como o SINE, que facilitam a contratação e a inclusão produtiva, conectando famílias a oportunidades reais de trabalho.
Por fim, para que a transição seja segura, quem conquistar emprego formal continua recebendo o Bolsa Família por um período para garantir estabilidade da transição durante o período de adaptação ao novo emprego.
Com essas mudanças, a proposta manteria a proteção social, mas oferecendo caminhos para a autonomia e oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Mais do que fornecer auxílio econômico, um bom programa social deve ensinar a “pescar”: oferecer capacitação profissional, educação financeira e acesso a oportunidades reais de trabalho, para que os brasileiros aprendam a gerir seus recursos, planejar o futuro e gerar renda própria. Só assim o benefício deixa de ser um fim em si mesmo e se transforma em uma ponte para a independência econômica, permitindo que as famílias rompam ciclos de dependência absoluta.
Além disso, quando o apoio social se converte em emprego e renda, não é apenas a vida das famílias que se transforma: é o Brasil que cresce e se fortalece. Cada oportunidade de trabalho formalizada, cada empreendedor que prospera e cada cidadão que conquista autonomia movimenta a economia, aumenta a produtividade e gera desenvolvimento sustentável. Investir em emancipação não é só garantir dignidade individual, mas também impulsionar o futuro e o desenvolvimento do país.
COLUNA POR ANY ORTIZ
1 Comentário:
Boa tarde.
O bolsa família deve ser um auxílio para pessoas com problemas físicos ou de saúde comprovado por um profissional da área
O seguro desemprego é um auxílio bom. Para aqueles que perderam o emprego. Os auxílio devem ter data de validade. E não vitalício
Qual a vantagem de trabalhar se o auxílio é praticamente o mesmo valor do salário de um trabalhador de uma indústria?