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A cidade que se constrói pelos pés: reflexões sobre a consulta pública das calçadas em Santa Maria

Em toda cidade, há elementos que definem não apenas sua paisagem, mas também o modo como as pessoas se relacionam com o espaço urbano. Entre esses elementos, as calçadas ocupam um lugar especial: são elas que acolhem o passo das crianças a caminho da escola, das famílias em deslocamento diário, dos idosos que precisam de firmeza sob os pés, de quem trabalha, de quem sonha, de quem vive.

Santa Maria inicia, neste momento, um debate necessário e profundo sobre a construção e a manutenção das calçadas, por meio de consulta pública aberta à população. O tema, embora pareça simples, toca diretamente na qualidade de vida, na segurança do pedestre, na acessibilidade e na formação de uma cultura urbana que respeite o outro.

Como engenheiro e como alguém que já participou, no passado, da implantação do calçamento participativo em nossa cidade, acompanho este processo com responsabilidade e esperança. Aquele projeto, que envolveu comunidade e poder público, nos ensinou algo que permanece verdadeiro até hoje: cidade bem cuidada é cidade construída a muitas mãos, com diálogo, entendimento técnico e sensibilidade social.

Hoje, reconhecemos que nossa Santa Maria enfrenta um conjunto de desafios. Muitos trechos de calçadas apresentam irregularidades, desníveis, materiais inadequados ou ausência de padronização. Isso prejudica a mobilidade de todos, especialmente das pessoas com deficiência, dos idosos e das mães que empurram carrinhos de bebê. Além disso, sabemos que, frequentemente, os materiais e as soluções previstas em norma nem sempre são acessíveis ou economicamente viáveis para todas as famílias e empreendedores.

Por isso, defendo que o processo que se inicia agora não pode ser apenas normativo. Ele precisa ser educativo, cooperativo e sensível às realidades distintas de cada bairro. Não basta dizer como deve ser feito; é necessário criar condições para que seja possível fazer. Precisamos construir juntos um modelo em que o poder público oriente, acompanhe, ajude e incentive, ao invés de apenas fiscalizar e punir.

Entre as contribuições que proponho para esta nova fase, destaco:

  1. Criação de programas de apoio técnico às famílias e pequenos comércios para regularização das calçadas;
  2. Disponibilização de materiais com custo acessível, por meio de acordos com fornecedores locais;
  3. Mutirões comunitários, em parceria com associações de bairro, universidades e escolas técnicas;
  4. Mapeamento participativo dos pontos críticos de mobilidade, para buscarmos soluções de forma planejada e transparente.

Uma cidade só se torna humana quando olha para os detalhes. A reconstrução das calçadas é, também, a reconstrução da nossa maneira de caminhar juntos. É uma oportunidade de reafirmar o valor da convivência, da cooperação e da atenção ao outro.

Que esta consulta pública não seja apenas um formulário a ser preenchido, mas um convite à reflexão sobre o tipo de cidade que queremos construir e legar às próximas gerações.

Caminhemos, Santa Maria, com firmeza, com cuidado e com o olhar voltado ao futuro.

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