Na manhã da última segunda-feira (30), a Prefeitura de Santa Maria anunciou um aumento na tarifa do transporte coletivo. A partir do próximo domingo (6), o valor da passagem passará a ser de R$ 6,50. Trata-se de um reajuste abusivo, que impõe mais um peso ao bolso dos trabalhadores e trabalhadoras de Santa Maria, que utilizam o transporte diariamente para trabalhar ou estudar.
O que revolta a população não é apenas o aumento em si, mas o fato de que ele não vem acompanhado de qualquer contrapartida em melhorias no serviço. Quem depende do transporte público em Santa Maria conhece bem a realidade: ônibus atrasados, superlotação, linhas mal distribuídas e a constante sensação de que o sistema não atende às necessidades da população. Qual a justificativa, então, para mais esse reajuste?
Durante a coletiva de imprensa, o prefeito Decimo recorreu a uma desculpa esfarrapada: a de que Santa Maria possui muitos estudantes, o que impactaria a planilha de custos do transporte. É um argumento que, além de insensível, ignora completamente o papel histórico e social da cidade como polo educacional. Os estudantes, que movimentam a economia local e colaboram com a vida cultural e intelectual de Santa Maria, não podem ser tratados como peso — muito menos usados como justificativa para punir toda a população com uma tarifa mais cara.
Com esse novo valor, Santa Maria passa a ter uma das tarifas mais caras do país. Para efeito de comparação, em capitais como Porto Alegre e São Paulo — cidades com sistemas de transporte infinitamente mais complexos e estruturados — a tarifa é de R$ 5,00. No estado, a passagem só é mais barata do que em Caxias do Sul, onde o valor atual é de R$ 7,50. Como explicar que uma cidade de porte médio como Santa Maria, com um serviço muito inferior, cobre um valor tão alto?
É evidente que falta transparência e planejamento na política de mobilidade urbana em Santa Maria. A solução para o transporte coletivo não passa por aumentos sucessivos de tarifa, mas sim pela realização urgente de um processo licitatório sério e transparente, que traga mais concorrência, exija padrões de qualidade e trate o transporte como um direito social, e não como um serviço meramente comercial.
O governo Decimo precisa, com urgência, colocar em prática o tão falado processo licitatório do transporte coletivo municipal. Essa promessa não pode continuar sendo apenas discurso. A cidade exige um novo modelo de transporte — mais justo, mais eficiente e verdadeiramente público.
A tarifa atual já é um obstáculo para milhares de estudantes, trabalhadores e pessoas em situação de vulnerabilidade. Subir ainda mais esse valor, sem garantir qualidade e sem diálogo com a população, é penalizar quem mais precisa.
Santa Maria não pode continuar pagando essa conta. É hora de repensar o modelo de transporte público da cidade, com responsabilidade social, justiça tarifária e, acima de tudo, respeito à cidadania.