Todos os anos, ouvimos falar sobre o impacto — positivo ou negativo — que o El Niño pode ter sobre o regime de chuvas no Brasil, variando conforme as regiões do país. Mas, afinal, o que é esse fenômeno?
De forma simples, o El Niño é um fenômeno meteorológico caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, especialmente em sua porção centro-leste.
Mas vamos detalhar melhor como isso acontece: o sol aquece as águas dos oceanos, e essa água aquecida se concentra na camada mais superficial, que pode ser movimentada pelos ventos. Existe uma corrente de ventos chamada Alísios, que sopra de leste para oeste ao longo da linha do Equador. Esses ventos são responsáveis por empurrar a camada superficial aquecida do Pacífico em direção ao oeste, nas proximidades da Austrália.
Entretanto, quando os ventos Alísios enfraquecem, essa porção de água aquecida deixa de ser empurrada e permanece acumulada no centro-leste do oceano, próximo à costa peruana. Esse deslocamento (ou falta dele) é capaz de alterar a circulação normal da atmosfera.
Esse aquecimento em uma parte não convencional do oceano faz com que a pressão atmosférica nessa região diminua, já que as águas mais quentes também aquecem o ar logo acima. O ar quente é menos denso e tende a subir. Como a pressão atmosférica é o peso do ar sobre uma determinada área, ao subir, esse ar reduz o peso sobre a superfície — ou seja, diminui a pressão.
Existe, inclusive, um índice que monitora essa variação de pressão em dois pontos do Oceano Pacífico, chamado Oscilação Sul. Ele mede a pressão em Darwin (Austrália) e no Taiti. Quando a pressão sobe em um desses pontos, tende a cair no outro — um comportamento conhecido como “gangorra barométrica”.
Esse fenômeno é descrito desde o século XVII, quando pescadores peruanos relatavam em cartas que, em determinados períodos, as águas ficavam mais quentes e algumas rotas de navegação se tornavam mais rápidas. Eles perceberam que esse fenômeno geralmente ocorria perto do Natal, e por isso o batizaram de “El Niño”, que significa “o Menino”, em referência ao menino Jesus.
Por fim, ao monitorarmos a Oscilação Sul, podemos identificar o surgimento do El Niño, que representa uma condição anormal de temperatura e pressão, capaz de alterar a circulação atmosférica global. Existe também o seu oposto, conhecido como La Niña, que se caracteriza pelo resfriamento anormal das águas do Pacífico — intensificando as condições normais.








