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Alerta Felino: Informação, cuidado e amor contra a FIV e FeLV

Por Anna Clara Tesche

Quando falamos sobre a saúde felina, dois nomes costumam causar preocupação: FIV (vírus da imunodeficiência felina) e FeLV (vírus da leucemia felina). Essas doenças virais têm incidência significativa no Brasil, com prevalências entre 30% e 50% entre os gatos testados, segundo a veterinária Alana Pivoto Herbichi, especialista em medicina felina. Alana atua exclusivamente com gatos há três anos e esclareceu à Enfoque os principais pontos sobre essas infecções que ainda são cercadas de mitos e desconhecimento.

O que são FIV e FeLV?

Ambas as doenças são causadas por retrovírus, capazes de transformar seu material genético (RNA) em DNA e inseri-lo no genoma do gato. Isso significa que, uma vez infectado, o animal carrega para sempre o material genético do vírus em suas células. A FIV tem funcionamento semelhante ao HIV em humanos, afetando o sistema imunológico de maneira progressiva, mas nem sempre causando doença. Já a FeLV tem ação mais agressiva e direta, com maior potencial de causar tumores, como linfomas e leucemias.

Transmissão e prevenção

A FeLV é transmitida principalmente pela saliva em situações de convivência pacífica, como a limpeza entre gatos (grooming). A FIV, por sua vez, é transmitida através de mordidas, sendo mais comum em gatos machos adultos, não castrados, que brigam por território. Ambas as doenças não são transmissíveis aos humanos.

A principal forma de prevenir a FeLV é com a vacinação, especialmente em filhotes. Para a FIV, ainda não há uma vacina considerada eficaz, sendo a contenção e proteção domiciliar a melhor medida. Testes anuais também são fundamentais para monitorar a saúde dos felinos.

Sinais de alerta

Os sintomas variam conforme a evolução da doença. Em casos de FIV, é comum a ocorrência de infecções recorrentes, como gengivites, problemas respiratórios e cutâneos. Na FeLV, os sintomas mais graves incluem anemias, linfomas, dificuldade respiratória, alterações intestinais, febre, prostração e perda de apetite. Alana alerta para a importância de observar qualquer mudança de comportamento, gengivas pálidas, salivação excessiva e linfonodos aumentados.

Diagnóstico e acompanhamento

O diagnóstico é feito por meio de testes rápidos ou exames de PCR. A recomendação é que todo gato, ao ser adotado ou resgatado, seja testado, especialmente antes da introdução em um lar com outros gatos. Mesmo gatos que vivem exclusivamente em apartamento podem ser contaminados, especialmente se convivem com outros gatos ou em casos de fugas e brigas.

Condições silenciosas e infecções latentes

Nem todos os gatos desenvolvem sintomas imediatamente após a infecção. No caso da FeLV, há tipos diferentes de infecção: a abortiva (sem infecção real), a regressiva (o vírus permanece inativo no DNA) e a progressiva (infecção ativa com sintomas). Gatos com infecção regressiva podem viver por anos sem apresentar sintomas e, em situações de estresse ou baixa imunidade, reativar a doença.

Convivência e preconceito

Apesar de ainda haver muito preconceito, principalmente com a FIV, Alana defende que gatinhos positivos podem viver com qualidade e afeto. “Ter FIV ou FeLV não é uma sentença de morte. É uma condição que exige cuidados, mas não impede uma vida feliz. O gato não sabe que está doente e, enquanto estiver bem, é como qualquer outro”, afirma.

Adoção com responsabilidade

Gatos positivos não devem ser excluídos das possibilidades de adoção. Eles exigem mais acompanhamento veterinário e observância constante, mas são igualmente amorosos, companheiros e merecedores de um lar seguro. A adoção consciente, o respeito ao protocolo de vacinações e exames regulares podem garantir muitos anos de vida com qualidade. A prevenção, informação e empatia ainda são as melhores armas para combater essas doenças e o estigma que as acompanha.

Mariana

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