Para os alunos de economia do primeiro semestre, ou da administração que faz a disciplina de Ambiente Micro e Macroeconômico ou do curso de direito que cursa Direito Econômico e Financeiro, sabe que a sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump não passa de uma ação intempestiva. A medida compromete não apenas as exportações brasileiras, mas também prejudica os próprios consumidores norte-americanos, aliás os breakfast americano só tem produtos brasileiros, que serão taxados, como o café, ovo e o suco de laranja. Em contato com colegas que residem nos Estados Unidos a “iguaria” já está custando US$ 10,00. Em relação a competitividade quando se aumenta uma tarifa, todos perdem.
Os produtos brasileiros vão chegar mais caros e perdem competitividade. Mas os americanos também vão pagar mais caro, porque os concorrentes internacionais também vendem mais caro. Então, não há vantagem para ninguém, além do impacto comercial. Reforça-se também a dimensão geopolítica da decisão, o Brasil é o maior do grupo dos BRICS (grupo formado por onze países: Brasil, Federação Russa, índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã), e tenta dar um recado aos outros membros. Mas hoje o principal parceiro comercial do Brasil é a China, tanto na exportação quanto na importação. Os Estados Unidos de fato estão perdendo espaço.
Para o Rio Grande do Sul especificamente, as consequências podemos de dividir de curto e de longo prazo. De curto prazo, aumento na taxa de câmbio, podendo chegar US$ 1,00 equivaler a R$: 6,00, impactando direito no preço dos combustíveis, medicamentos, energia e no grupo alimentação (derivados da farinha de trigo e o grupo carnes). No longo prazo, entende-se até o final do ano de 2025, setores como o coureiro calçadista (região do vale dos Sinos), moveleiro (Serra), fumageiro (vale do Taquari) e centro campanha (frigoríficos), podem ocorrer demissões em massa em razão da queda de demanda, de um dos mercados consumidores mais pujantes do mundo.
Ressalto que é possível reduzir essas tarifas. Essa é uma prática comum nas gestões de Donald Trump: primeiro ele ameaça, endurece o discurso, depois negocia e reduz as alíquotas, ou seja, enquanto escreve este artigo o cenário já pode ter mudando drasticamente.
Por: Mateus Frozza