O Memorial do Rio Grande do Sul, vinculado à Secretaria da Cultura (Sedac), será palco de uma programação especial para celebrar o Dia Estadual do Patrimônio Cultural, em 16 e 17 de agosto. As atividades gratuitas incluem apresentações de teatro de bonecos, oficina de escrita de cartas e visita guiada à obra de restauro do prédio histórico. No sábado (16), o Teatro de Arena receberá, às 13h e 15h, a peça com o boneco Memorélio, guardião do Memorial, que interage com a personagem Arenita para destacar a importância do patrimônio. No domingo (17), às 14h, a apresentação se inverte, com Arenita indo até a frente do Memorial. No mesmo sábado, das 15h às 17h, o público poderá participar de uma oficina de escrita de cartas, em parceria com o Espaço Cultural Correios, com mesas e cartões postais disponíveis para todas as idades. Ainda no domingo, às 10h, será realizada uma visita mediada à obra de requalificação do Memorial, destinada a maiores de 14 anos e com vagas limitadas, mediante inscrição pelo e-mail educativo-memorial@sedac.rs.gov.br. Em caso de chuva, atividades ao ar livre serão adiadas. As obras de restauro, orçadas em R$ 6,61 milhões e financiadas pelo programa federal PAC Cidades Históricas, incluem revitalização de fachadas, coberturas, pisos, forros e esquadrias, além de melhorias estruturais e climatização, preservando a arquitetura original. Instituído em 2019, o Dia Estadual do Patrimônio Cultural promove ações de valorização e preservação em todo o RS e, neste ano, terá mais de 500 atividades em 120 municípios, com a programação completa disponível online, incluindo mapa interativo. Foto: divulgação
Indústria gaúcha movimenta R$ 46,9 bilhões em junho e mantém crescimento no acumulado do ano
A indústria gaúcha fechou junho com um volume de vendas de R$ 46,9 bilhões, segundo melhor desempenho mensal do ano. Apesar da leve queda em relação a maio, o resultado trimestral – considerando abril, maio e junho frente aos três meses anteriores – registrou alta de 6,4%. No acumulado de 12 meses, a expansão das comercializações chegou a 5%, somando R$ 272,8 bilhões apenas no primeiro semestre. Os dados, divulgados no Boletim Setorial da Secretaria da Fazenda (Sefaz), têm como base documentos fiscais do ICMS e servem para apoiar decisões de investimento do setor produtivo. O levantamento ainda não reflete os impactos das tarifas de exportação impostas pelos Estados Unidos em julho. Entre os segmentos, a indústria de biodiesel se destacou com crescimento de 23,2% nos últimos 12 meses, movimentando mais de R$ 10 bilhões no mercado interno e externo. O setor de máquinas e equipamentos também apresentou recuperação, com R$ 5,3 bilhões em vendas em junho, melhor resultado do ano, e alta de 31% no comparativo trimestral. A metalurgia seguiu a mesma tendência, somando R$ 1,5 bilhão em junho e crescimento de 3,9% frente ao trimestre anterior. No comércio, o varejo registrou R$ 20,1 bilhões em vendas em junho, queda de 6,4% em relação a maio, mas alta de 6% no acumulado de 12 meses. O atacado também recuou no mês, para R$ 17,9 bilhões, mas manteve elevação de 5,4% no período anual.
Construindo um Futuro Sólido: A Tríade do Planejamento Eficiente
Em um mundo de constante mudança, pensar no futuro é mais do que um desejo: é uma necessidade. E, quando falamos em segurança e prosperidade, um conceito fundamental emerge: o planejamento. Não me refiro apenas a guardar dinheiro, mas a uma abordagem integrada que envolve três pilares essenciais: o planejamento financeiro, o patrimonial e o sucessório. Muitos de nós associamos o planejamento financeiro simplesmente à poupança. No entanto, ele vai muito além. Trata-se de definir metas, criar um orçamento, gerenciar dívidas, investir de forma inteligente e construir uma reserva de emergência. É a base para a realização de sonhos, desde a compra da casa própria até uma aposentadoria tranquila. Um bom plano financeiro nos dá controle sobre o presente e nos prepara para os desafios e oportunidades do amanhã. Paralelamente, temos o planejamento patrimonial. Este pilar foca na organização e proteção de bens e direitos. Não é um tema exclusivo para grandes fortunas; qualquer pessoa que possua imóveis, investimentos ou outros ativos pode se beneficiar. Por meio de ferramentas como a constituição de holdings, doações com usufruto ou pactos antenupciais bem estruturados, é possível proteger o patrimônio contra riscos, otimizar impostos e garantir que os bens sejam utilizados da melhor forma para você e sua família, ainda em vida. Por fim, e não menos importante, o planejamento sucessório. Este é o toque final de cuidado e responsabilidade. Ele permite definir como o patrimônio será distribuído após sua partida, evitando burocracias, conflitos familiares e custos elevados de inventário. Um testamento, uma previdência privada ou a estruturação antecipada da sucessão em vida são ferramentas poderosas que asseguram que sua vontade seja cumprida, proporcionando paz de espírito para você e segurança para seus herdeiros. Em essência, um bom planejamento financeiro, patrimonial e sucessório não constitui ações isoladas, mas etapas complementares de um mesmo processo. Eles formam uma tríade que se fortalece mutuamente, garantindo que o esforço de uma vida se materialize em um legado bem cuidado e em um futuro mais seguro para aqueles que você ama. Não espere o amanhã para começar a construir a solidez do seu futuro. Comece hoje!
As portas da casa do povo devem estar sempre abertas para diálogo
Na quarta-feira passada, uma audiência pública convocada pela Comissão de Educação para discutir os planos de reforma da Previdência dos servidores e servidoras municipais – no caso especialmente professoras e professores – terminou de ser realizada entre as escadarias da Câmara de Vereadores e a rua. Provavelmente inédita, a situação acabou se tornando bastante representatividade do fosso que muitas vezes existe entre a política institucional e a vida do povo.Marcada para às18h00, a audiência pública, como era de se esperar, teve grande participação da categoria docente, assim como de outras categorias do funcionalismo. Além do fato de se tratar de um tema que causa receio e expectativa entre os servidores, estava marcado um ato em frente à Câmara para as 17h00, justamente como forma de mobilização para a participação na audiência pública. A atividade, convocadas pelo Sindicato dos Professores Municipais (SINPROSM), vinha sendo de divulgada há alguns dias e portanto era público e notório que esperava-se uma quantidade significativa de participantes, inclusive pelo histórico recente das últimas atividades convocadas pelo Sindicato.Ainda assim, como a própria nota divulgada pela mesa diretora da Câmara afirmou, o pedido para a realização da reunião no Plenário Coronel Valença, onde via de regra ocorrem as audiências públicas, foi negado. O motivo seria o fato de que, de acordo com o regimento da Casa, o tema da reforma da previdência não diria respeito à Comissão de Educação, mesmo que uma das categorias atingidas sejam justamente os docentes municipais. Ao invés do Plenário principal, foi cedido então o espaço do chamado “Plenarinho”, no segundo andar, com uma capacidade para cerca de 50 pessoas. Não vou me aprofundar nessa discussão, ainda que me pareça estranho o argumento utilizado, porém fica o questionamento: em que ponto do regimento interno está discriminado que a depender do tema da audiência, ela deve ser realizada em um determinado espaço da Câmara?Evidentemente, trata-se de uma escolha política, o que do ponto de vista formal é legítimo, afinal de contas, a Câmara de Vereadores é uma casa política. Porém, em nossa opinião, trata-se de uma escolha equivocada, porque coloca a fidelidade da base ao governo acima de uma relação democrática e de diálogo com o funcionalismo. De qualquer forma, o resultado foi uma audiência pública em que boa parte do público publico não podia acompanhar, porque não havia mais espaço na sala cedida e, portanto, teve de ser concluída na rua.Diálogo esse, que foi garantido pelo presidente da Casa ainda no começo do ano legislativo ao falar durante um ato realizado pelos servidores em frente à Casa. O que ocorreu na última quarta-feira, porém, já provoca a desconfiança entre os funcionários do Município quanto a forma com que será tratado o projeto de reforma quando ele finalmente chegar ao Legislativo. Quem garante que, ao contrário do que ocorre muitas vezes com outros projetos que chegam do Executivo e são votados em regime de urgência, tarde da noite ou em plena madrugada, a proposta de reforma previdenciária será analisada com calma, ouvindo as categorias e passando por todas as comissões da Casa?Esperamos, sinceramente, que a garantia de diálogo permaneça em pé, e que a Câmara não tenha fechado as portas para o diálogo. Da nossa parte, nosso mandato continua sendo, acima de tudo, uma caixa de ressonância das demandas do povo, um ponto de apoio para as lutas, como é hoje o caso da luta contra a reforma da Previdência
As Diversas Velhices: Uma Perspectiva Plural sobre o Envelhecimento
O envelhecimento é um fenômeno universal que vem sendo cada vez mais estudado devido ao crescimento da população idosa mundial. Tradicionalmente, a velhice foi entendida como um estágio homogêneo marcado pelo declínio físico e pela perda de autonomia. No entanto, tal visão não contempla as variadas experiências que compõem o processo de envelhecimento. O conceito de “diversas velhices” propõe uma abordagem que reconhece a pluralidade das trajetórias e das condições sociais, culturais e biológicas que influenciam a vida dos idosos. A perspectiva das diversas velhices afirma que não existe uma única forma de envelhecer, mas múltiplas experiências construídas ao longo da vida.Estudos nessa area,enfatizam que fatores como gênero, raça, classe social e saúde influenciam significativamente o envelhecimento, tornando-o singular para cada indivíduo. Nesse sentido, os determinantes sociais e culturais são fundamentais para compreender a diversidade da velhice. As desigualdades no acesso a recursos, redes de apoio e oportunidades de participação social refletem diretamente na qualidade de vida dos idosos. Gênero e raça, em especial, podem exacerbar vulnerabilidades e dificultar o acesso a cuidados adequados, reforçando a necessidade de políticas públicas que reconheçam essas diversidades. Compreender as diversas velhices é essencial para o desenvolvimento de práticas de cuidado e políticas sociais que respeitem as especificidades dos idosos, promovendo autonomia e protagonismo. A implementação de ações inclusivas e sensíveis às diferenças individuais contribui para um envelhecimento mais digno e ativo. Portanto, o conceito de diversas velhices amplia o entendimento sobre o envelhecimento, superando visões homogêneas e estigmatizantes. Valorizar a pluralidade das experiências no envelhecimento é um passo importante para a construção de uma sociedade inclusiva, que respeita e apoia esse processo ao garantir o direito à longevidade com qualidade de vida, o Estado e a sociedade reconhecem que envelhecer não é um problema a ser resolvido, mas uma conquista coletiva.
Tecnologia, Identidade e Futuro: Por que esses temas precisam estar na sala de aula?
Vivemos em um tempo em que a velocidade da mudança e das transformações tecnológicas supera a capacidade das instituições tradicionais de acompanhá-las. Para os estudantes do ensino médio, que estão em uma fase crucial de formação de identidade e escolhas profissionais, esse cenário representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. Mais do que nunca, é essencial que a escola se abra para temas que cruzem tecnologia, identidade e futuro profissional, criando espaços de escuta e debate. A tecnologia já não é um acessório na vida dos adolescentes, ela é o próprio meio de convivência, de comunicação, lugar de fala, de construção de mundo. As redes sociais, a inteligência artificial, os algoritmos e os influenciadores digitais moldam opiniões, hábitos e até valores desses adolescentes em formação. Mas o que muitas vezes falta é um espaço crítico para entender o que tudo isso significa, tanto do ponto de vista ético quanto pessoal. Que tipo de identidade se constrói sob a lógica dos likes e dos filtros? Que profissões emergem nesse novo contexto digital? Ao mesmo tempo, os jovens são pressionados a escolher um caminho profissional cada vez mais cedo. Mas como decidir sobre o futuro se mal compreendemos o presente? Como projetar uma carreira se os próprios empregos do futuro ainda estão sendo inventados? É nesse ponto que o cruzamento entre tecnologia, identidade e projeto de vida se mostra fundamental. Mais do que ensinar conteúdos prontos, a escola precisa oferecer perguntas relevantes, discussões instigantes e autonomia para pensar. Neste sentido, no colégio Antônio Alves Ramos (Pallotti), estou trabalhando com as turmas do primeiro ano do ensino médio, com as chamadas profissões do futuro, como “especialista em implantes cerebrais”, “terapeuta de reabilitação digital”, “cirurgião de memória”, “designer de bebês” e “especialista em simplicidade”, para compartilhar alguns exemplos. Além disso, oferecer espaço para que os estudantes se expressem, exponham dúvidas, compartilhem experiências e debatam opiniões é um passo decisivo para torná-los protagonistas do próprio percurso. A escuta ativa, o diálogo respeitoso e a valorização das múltiplas vozes são estratégias pedagógicas que não apenas enriquecem o aprendizado, mas também fortalecem o senso de pertencimento e de responsabilidade. Em um mundo cada vez mais digital, veloz e incerto, educar para o futuro é, antes de tudo, educar para pensar criticamente, para conhecer a si mesmo e para imaginar novos caminhos. E isso só é possível quando a escola se conecta com o que realmente move e inquieta os jovens. Afinal, formar cidadãos preparados para o futuro é mais do que oferecer conhecimento técnico: é cultivar consciência, identidade, propósito, dar e ser exemplo. Prof. Dr. Mateus Frozza Economista. Professor Universitário. Ceo Frozza Consultores Associados
Nem Todo Pai é Ausente, Nem Toda Mãe é Justa: O Complexo Universo da Parentalidade
Por Eizzi Benites Melgarejo – OAB/RS 86.686 – especialista em direito de família e sucessões – Sócia do escritório Urach, Jensen, Abaide, Melgarejo e Brum Neste Dia dos Pais, peço licença aos leitores habituais desta coluna. Hoje, não falarei apenas sobre maternidade, equidade de gênero ou os desafios que atravessam tantas mulheres na vida e no Judiciário. Hoje, o olhar será outro: o dos pais presentes, muitas vezes silenciados, invisibilizados ou rotulados. Um olhar que parte da minha experiência como filha, como mãe e como advogada. Sobre o título deste artigo: Nem todo pai é ausente, e nem toda mãe é justa. Duro? Talvez. Mas verdadeiro. Como mulher e profissional da área jurídica, aprendi que não podemos mais cair na armadilha de uma narrativa rasa que coloca todos os homens num mesmo estereótipo. Para mim, a generalização sempre é um risco. A maternidade não é, por si só, sinônimo de virtude. E a paternidade, ao contrário do que tantas vezes ouvimos, não é um favor. É um direito. É uma responsabilidade. É, sobretudo, um elo afetivo que forma identidades, referências e futuros. Importante dizer: defendo sim as mulheres. E como não defender? São elas, em grande parte, que ainda ocupam os espaços mais invisíveis, mais sobrecarregados e mais vulneráveis dentro da estrutura familiar. São elas que sustentam filhos sozinhas, que enfrentam jornadas múltiplas, que carregam culpas e cobranças desumanas. Mas justamente por reconhecer a complexidade da experiência feminina, não posso me furtar de ver que nem toda mãe é boa, assim como nem todo pai é ruim. Existem mães que maltratam, que alienam, que abusam emocionalmente. Existem mães que instrumentalizam os filhos e se negam a compartilhar o espaço afetivo com o pai. E existem milhares de pais, hoje, em todo o país, travando batalhas judiciais simplesmente para serem vistos. Para terem o direito de participar da vida dos seus filhos, algo que, em um mundo mais justo, deveria ser natural e garantido. Eu cresci com meu pai presente. Um homem íntegro, afetivo, que me ensinou mais pelo exemplo do que por qualquer discurso. Cresci observando a forma como ele tratava minha mãe, minha avó, minhas tias. Com respeito, gentileza e firmeza. Ele não é perfeito, ninguém é, mas sua maneira de ser homem me deu uma régua. Uma boa régua! Um parâmetro sobre como eu deveria ser tratada e, mais ainda, sobre como não aceitar ser tratada.Ter carinho e limites, escuta e presença, foi o que me ajudou a crescer com autoestima e discernimento. Me ensinou a me respeitar, a me proteger e a não tolerar relacionamentos abusivos. Meu pai foi, antes de tudo, um espelho, e isso moldou não só a mulher que me tornei, mas também a mãe e a advogada que sou hoje. Me deu valores que, hoje, passo aos meus filhos. Um outro exemplo de pai, é o pai dos meus filhos mais velhos, Pietro e Theo. Esse primeiro relacionamento durou anos. A relação, como tantas, teve seu ciclo, sua beleza, suas dores. Mas algo permaneceu: o respeito e compromisso mútuo com a parentalidade. Ele é um pai presente, responsável, amoroso. Temos diferenças, claro. Nem sempre foi simples, mas há algo maior que qualquer impasse: o respeito à função do outro na vida dos nossos filhos.Essa convivência me mostrou que, mesmo quando um casal se desfaz, a paternidade e a maternidade não devem acabar junto. Não é preciso que a relação seja perfeita, é preciso que o compromisso com os filhos seja preservado com dignidade. É preciso entender que cada um tem seu espaço e sua função na vida dos filhos e o amor nunca é demais. E meu terceiro exemplo de pai, é meu marido. Antes de sermos pais do Bento, meu marido me escolheu. Me escolheu já com dois filhos, com uma história, com uma carga emocional. E escolheu, junto comigo, amar duas crianças que não vieram do seu sangue, mas cresceram no seu coração.Esse amor é raro e é imenso. Não busca substituir ninguém. Ele sabe que é padrasto, e não busca substituir ninguém. Sabe seu espaço e respeita a minha maternidade e do pai dos meninos. E é com essa denominação de ser padrasto que ele escreve um papel tão importante na vida deles. Cuida, aconselha, protege, dá bronca, abraça, chora junto. E quando o Bento chegou, não foi surpresa vê-lo ser exatamente o pai que eu já sabia que ele seria. Carinhoso, presente, instintivamente protetor, responsável, participativo e cuidadoso. Ver esses três homens em diferentes papéis de paternidade: meu pai, o pai dos meus filhos mais velhos e meu marido, é um lembrete vivo de que o afeto masculino existe, resiste e educa. Existe sim paternidade responsável, sensível e real. Só precisamos parar de ignorá-la. Na minha atuação profissional, já atendi inúmeras mães, muitas delas lutando com toda força para garantir os direitos dos filhos. Mas também atendi pais injustiçados, alienados, tratados como secundários ou até como ameaça e muitas vezes sem fundamento. Alienação parental é real, e não, ela não tem gênero. É exercida por quem usa o filho como ferramenta de vingança ou barganha emocional. Há pais que passam meses sem ver os filhos. Que precisam judicializar aniversários. Que choram em audiências ao falarem de uma rotina que foi arrancada à força do seu dia a dia. O que está em jogo não é o “direito do pai”. É o direito dos filhos de terem acesso à figura paterna, quando esta é saudável, amorosa, presente. A Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e a jurisprudência mais moderna reconhecem que a convivência familiar equilibrada é um direito da criança, não uma concessão dos pais entre si. Paternidade não pode ser definida e generalizada por memes como “pai de fim de semana” ou por visões rasas que marginalizam todos os homens como se fossem, por definição, irresponsáveis. Existem maus pais? Sim, muitos. Mas também há bons homens sendo impedidos de exercer uma paternidade digna. E isso, como sociedade e como operadores do Direito, não podemos mais ignorar. O papel
A epidemia silenciosa: a violência contra a mulher como questão de humanidade
A violência contra a mulher é uma realidade global e histórica, uma “epidemia silenciosa” que ecoa por trás de portas fechadas em todas as partes do mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual, um dado que se repete em diferentes geografias e culturas, evidenciando que a dor fala a mesma língua em qualquer lugar. Estatísticas chocantes transformam o cotidiano em um cenário de tragédia: a cada dez minutos, uma mulher é morta por alguém que a amava, um tempo breve para uma vida ser interrompida. No Brasil, o quadro é ainda mais grave, com 21 milhões de mulheres relatando algum tipo de violência em um ano. Isso significa que, a cada duas horas, uma mulher é vítima de feminicídio, o assassinato motivado por ela ser mulher, por tentar ser livre ou por se opor ao controle de alguém. O Cenário Local: Do Rio Grande do Sul a Santa Maria O drama nacional encontra reflexo no Rio Grande do Sul, onde quase 80% das vítimas de violência registrada entre 2018 e 2022 eram mulheres. Em 2024, 72 feminicídios foram registrados no estado, um número que, mesmo com uma leve queda, representa 72 vidas perdidas e 72 famílias destruídas. Em Santa Maria, uma cidade universitária que deveria ser um centro de esperança, a realidade é igualmente alarmante. Entre janeiro e fevereiro de 2024, mais de 1.300 medidas protetivas foram solicitadas. Desde 2019, pelo menos 43 mulheres foram vítimas de feminicídio na cidade e região, mostrando que o medo é palpável e a violência, uma ameaça constante. A violência contra a mulher não é um evento isolado, mas uma corrente que se manifesta de forma sutil — no olhar de controle, na piada machista — e evolui para a indiferença da sociedade e a lentidão da justiça, culminando no extremo do feminicídio. Além dos Números: Nomes, Rostos e a Luta por um Futuro Cada estatística é mais que um número; é um nome, um rosto, uma história única de uma mãe, irmã ou amiga. A violência corrói a liberdade e a autoestima, tornando o medo uma parte da rotina. Em todo o mundo, mulheres ajustam suas roupas, evitam ruas e vivem em alerta constante. No Brasil, e em Santa Maria, há mulheres que se veem obrigadas a transformar suas próprias casas em trincheiras, dependentes de medidas protetivas que muitas vezes não oferecem a segurança necessária. No entanto, há resistência. Mulheres se organizam em redes de apoio, criam coletivos e lutam para que as próximas gerações tenham um futuro diferente. Jornalistas, advogadas e defensores públicos dedicam-se a garantir que as vítimas sejam ouvidas, enquanto homens se unem à causa, repudiando o machismo e ensinando respeito. A luta contra a violência de gênero não se trata apenas de prender agressores, mas de mudar a lógica que permite que ela exista. O objetivo é criar um mundo onde a liberdade não seja um privilégio, mas um direito. A violência contra a mulher não é apenas uma questão de segurança pública, mas uma luta por humanidade. Que o momento da mudança seja agora, e que um dia os gritos de medo possam ser substituídos por gargalhadas, e as portas fechadas por janelas abertas.
Batata-doce coloca o Rio Grande do Sul no topo da produção nacional
Já ouviu dizer que comida saudável não tem gosto bom? Pois no caso da batata-doce, isso é mito. Nutritiva e saborosa, com sabor adocicado, a batata-doce é usada em dietas esportivas, vegetarianas e em muitos pratos do dia a dia ao redor do mundo. O cultivo da raiz cresce em diversas regiões do país e coloca o Rio Grande do Sul na posição de destaque no ranking nacional de produção. O Estado chegou a liderar a produção brasileira de batata-doce, com 175 mil toneladas anuais, seguido por São Paulo, com 140,7 mil toneladas (PAM, IBGE 2020). No cenário internacional, o Brasil ocupa atualmente a 16ª posição entre os maiores produtores de batata-doce no mundo, com 805,4 mil toneladas e um valor estimado em R$ 886,6 milhões (dados de 2020). O país é o maior produtor da América Latina, sendo a China a líder global com impressionantes 53 milhões de toneladas. Desafios e oportunidades O crescimento da produção brasileira é visível, mas ainda há muito espaço para avançar. Um dos principais desafios é o baixo índice de produtividade em alguns estados. Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas, por exemplo, apresentam rendimentos abaixo da média nacional, que é de 14,1 toneladas por hectare. Esse cenário reforça a importância da pesquisa agrícola e da assistência técnica para o desenvolvimento de sistemas de cultivo mais eficientes e adaptados aos diferentes biomas do país. Embora a produtividade média esteja em curva ascendente, com forte atuação de empresas públicas e privadas no melhoramento genético, o Brasil ainda ocupa apenas a 34ª posição mundial nesse indicador, segundo a FAOSTAT (2018), atrás de diversos países que utilizam tecnologias mais avançadas no campo. O que é necessário para crescer Para estimular a produção de batata-doce no Brasil, é preciso uma ação coordenada entre governo, produtores, universidades, iniciativa privada e instituições de pesquisa. Medidas como assistência técnica qualificada; capacitação de produtores; acesso facilitado a crédito rural; melhoria de infraestrutura; organização de cooperativas; apoio à agroindustrialização; programas de compras públicas como o PNAE e o PAA; e promoção de novos produtos, como farinhas, snacks, doces e itens funcionais não só ajudam a elevar a demanda, mas também fortalecem a cadeia produtiva de forma sustentável e competitiva. Olhar atento ao ambiente mercadológico O mercado da batata-doce, como qualquer outro da cadeia agroalimentar, está sujeito a diversas externalidades — fatores externos que influenciam direta ou indiretamente a produção, os preços e o consumo. Entre os principais, destacam-se os fatores climáticos – estiagens, enchentes, falta d’água, degradação do solo; econômicos – variação no preço de insumos, câmbio, inflação; infraestrutura – estradas, falta de armazenagem adequada; regulatórios – exigências sanitárias, barreiras comerciais; tecnológicos e organizacionais – acesso à inovação, rastreabilidade, organização de cooperativas. Antecipar-se a esses fatores é essencial para garantir estabilidade, segurança alimentar e desenvolvimento rural. Uma oportunidade para a região e para o Brasil Na região Central do Estado, a batata-doce tem uma representação não apenas produtiva mas também cultural. Em São Vicente do Sul a produção se destaca e o uso deste importante alimento sai das propriedades rurais e adentra na cultura gastronômica e na economia, culminando na Feira Estadual do Comércio da Batata-doce (FECOBAT). Em nível nacional, temos clima, solo e potencial de mercado para nos destacarmos na produção de batata-doce. Com ações integradas e investimentos certos, a cultura pode gerar renda, promover inclusão produtiva, diversificar as propriedades e fortalecer a Agricultura Familiar e empresarial. O desafio é grande, mas o resultado pode ser doce! Foto: Carla Timm Guilherme G. dos Santos Passamani Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia Gerente da Emater/RS-Ascar da região de Santa Maria e-mail: ggsantos@emater.tche.br
Ferrovia ligando Porto Alegre e Gramado será construída
O governador Eduardo Leite anunciou, nesta quinta-feira (7), um projeto inédito no Brasil: a autorização para implantação, operação e exploração privada de uma ferrovia de transporte de passageiros dentro de um Estado. A iniciativa prevê a ligação entre Porto Alegre e Gramado por trem, com trajeto estimado em apenas uma hora, operando em duas vias férreas – uma para cada sentido. O investimento, de R$ 4,5 bilhões, será totalmente privado, aportado pela empresa SulTrens, e deve gerar mais de 22 mil empregos diretos e indiretos. A previsão de início da operação é de sete anos, com concessão de 99 anos à companhia. O traçado vai conectar a capital a Gramado passando por 19 municípios e influenciando diretamente outros três, totalizando 22 cidades. Entre as estruturas previstas, estão 27 cruzamentos rodoferroviários, 15 pontes e viadutos — incluindo um sobre a FreeWay (BR-290) — e nove túneis. As estações ficarão próximas ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, e na Av. das Hortênsias, entre Gramado e Canela. A proposta foi resultado de um ano de estudos técnicos e pareceres jurídicos, que garantiram segurança regulatória e viabilidade econômica. O governo estadual, por meio da Secretaria de Logística e Transportes, será responsável por fiscalizar o contrato e receber relatórios trimestrais da concessionária.