Durante muito tempo, empresas que distribuem energia funcionavam de forma manual. Elas dependiam de pessoas para fazer quase tudo, como verificar se havia algum problema na rede, anotar o quanto de energia foi usado, ou até descobrir se alguém a estava roubando. O problema é que esse jeito de trabalhar era lento, caro e cheio de falhas. Com isso, muita energia é desperdiçada. A partir do reconhecimento do funcionamento do setor, surge a Fox IoT, uma startup gaúcha, localizada na Universidade Federal de Santa Maria, que desenvolve soluções para o setor elétrico com o uso de tecnologia. “A Fox IoT nasceu no final da nossa graduação. Tudo começou com o desejo de transformar nosso Trabalho de Conclusão de Curso em um produto real. Na época, sabíamos muito pouco sobre mercado, vendas ou modelo de negócio – só tínhamos a vontade de empreender e a convicção de que dava para fazer diferente”, conta o Co-fundador da startup e engenheiro eletricista, Filipe Gabriel Carloto, que junto ao colega e sócio, Lucas Maziero, descobriram uma nova solução para o mercado. Uma resposta tecnológica para um problema urgente Hoje, o Brasil perde cerca de 14% de toda a energia que gera, o que representa mais de R$ 20 bilhões desperdiçados por ano. Grande parte dessas perdas ocorre porque o modelo de operação de muitas distribuidoras ainda é analógico, baseado em medições mensais feitas por agentes em campo. A Fox IoT propõe uma nova abordagem. Com foco em telemedição, análise de dados, inteligência artificial (IA) e manutenção preditiva, a startup oferece soluções tecnológicas que colocam as distribuidoras no centro da revolução digital. Uma de suas soluções principais, por exemplo, realiza medições a cada 5 minutos, de forma remota e confiável, em contraste com o modelo tradicional que ainda depende de um leiturista presencial a cada 30 dias. Esses dados são processados por algoritmos de IA, que não apenas medem, mas também interpretam e geram insights automatizados sobre perdas, falhas e oportunidades de melhoria. Isso permite ações rápidas, tomadas de decisão inteligentes e um salto de eficiência operacional para as empresas. Inteligência embarcada O diferencial da Fox IoT está no uso da inteligência artificial para análise de dados de energia, inteligência embarcada nos dispositivos e na frequência e confiabilidade dos dados gerados. A startup entrega um monitoramento em tempo real. Isso permite que as distribuidoras vejam o que está acontecendo na rede elétrica com precisão. “Quem contrata a Fox IoT tem acesso a uma solução moderna, escalável e que entrega resultado imediato”, conta Filipe. Entre os benefícios destacados estão a redução de até 60% nas perdas não técnicas, o corte nos custos operacionais com medição e manutenção, a maior visibilidade e controle sobre a rede elétrica, a redução do tempo de resposta em caso de falhas, passando de horas (ou até dias) para minutos e a eliminação da necessidade de deslocamento para leitura de consumo, com medição remota e automática Tudo isso é feito por meio da tecnologia Smart Grids, isto é, redes elétricas inteligentes que integram tecnologia da informação, automação e análise de dados. Essa abordagem permite que o sistema elétrico funcione de forma mais eficiente, confiável e flexível. Com ela é possível prever falhas, identificar irregularidades e otimizar manutenções. Isso prepara o setor para um novo cenário, mais descentralizado, dinâmico e digitalizado. A plataforma também é plug-and-play, com integração via API e sem a necessidade de hardware proprietário, o que facilita a adoção por parte das distribuidoras e garante escalabilidade. Pesquisa, desenvolvimento e inovação como pilares Um dos grandes diferenciais da Fox IoT é sua base em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A empresa tem no DNA a busca constante por inovação com profundidade técnica. Cada solução é resultado de anos de testes, validações e melhorias, sempre com foco nos problemas reais do setor elétrico. “Acreditamos que a tecnologia é o principal vetor para tornar o sistema elétrico mais confiável, resiliente, eficiente e justo” destaca Filipe, algo essencial em um país com dimensões continentais e grandes desafios de infraestrutura. Para a Fox IoT, o futuro do setor elétrico brasileiro será cada vez mais digital, conectado e orientado por dados. Com a expansão da medição inteligente, a integração de novas fontes de energia e a abertura do mercado livre, o consumidor ganhará mais poder e as empresas, mais responsabilidade. A energia deixará de ser apenas um insumo e passará a ser um serviço inteligente, automatizado e personalizado. Nesse novo cenário, a missão da Fox IoT é clara: descomplicar a energia do mundo, entregando soluções que empoderam quem opera o sistema e informam quem consome. -Por Mariana Rodrigues
Prefeitura e bares se articulam para garantir segurança e sossego no retorno às aulas
Com o retorno do semestre letivo nas universidades, a Prefeitura de Santa Maria se reuniu nesta sexta-feira (1º) com donos de bares do Centro e de Camobi para alinhar estratégias de segurança e ordem pública. O objetivo é evitar aglomerações e garantir o sossego nas áreas próximas aos estabelecimentos. Participaram representantes de bares como Unibeer, Muvuca, Casa Gabbi, Itabeer e Container Camobi. Entre as medidas discutidas estão o limite de horário de funcionamento, orientação aos clientes e respeito à Lei Complementar 159/2022, que proíbe o consumo de álcool em espaços públicos. Segundo o secretário Pietro Junior (Seld), a iniciativa busca soluções conjuntas por meio do diálogo. Os empresários demonstraram apoio às ações e reafirmaram o compromisso com a convivência pacífica. Também estiveram presentes agentes da fiscalização municipal, trânsito, Brigada Militar e Comando Rodoviário. Imagem: Prefeitura de Santa Maria
PRIMEIRO CURSO GRATUITO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MUDANÇAS CLIMÁTICAS DO BRASIL
ESPECIALIZAÇÃO EAD É OFERTADA PELA UFSM E A UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB) DA CAPES A mudança climática já está alterando os padrões de temperatura e o regime pluviométrico no Brasil: episódios de secas prolongadas e ondas de calor, intercalados com eventos de chuva extrema e ondas de frio, já são uma realidade em muitas regiões do país, sobretudo no Rio Grande do Sul. Estima-se que os eventos climáticos extremos, tais como secas, enchentes repentinas e inundações fluviais causam prejuízos anuais de pelo menos R$13 bilhões, segundo o Banco Mundial. Em contrapartida, o relatório sobre Clima e Desenvolvimento para o País, preparado pelo Banco Mundial, mostra que o Brasil pode expandir sua economia e mitigar a mudança climática com investimentos relativamente modestos em agricultura, combate ao desmatamento, energia, cidades e sistemas de transporte. O que falta então para o país seguir e protagonizar o caminho da economia verde? Sem dúvida, a resposta está na educação e na difusão do conhecimento! Estudos globais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) de 2021 mostraram que 95% dos professores de ensino fundamental e médio acreditam que o ensino da mudança climática é importante, todavia, menos de 30% têm recursos suficientes para ensinar sobre o tema. Adicionalmente, 70% dos jovens afirmaram ter dificuldades para explicar o que é mudança climática. Esse tema, essencial para professores, acadêmicos, empreendedores, ativistas e formuladores de políticas públicas, ganha uma relevância ainda maior em um mundo que enfrenta desafios ambientais crescentes: secas prolongadas, incêndios florestais, enchentes, temperaturas extremas, e os inúmeros efeitos da tripla crise planetária, que inclui mudança climática, poluição e perda da natureza e da biodiversidade. Diante desse cenário de desafios e oportunidades no enfrentamento das mudanças climáticas, sobreposto ao cenário de desinformação sobre o tema, nasce o curso gratuito de Pós-Graduação Lato Sensu em Mudanças Climáticas, na modalidade EaD, ofertado pela UFSM e pela UAB/CAPES. O curso de Especialização em Mudanças Climáticas tem como objetivo capacitar e atualizar profissionais multidisciplinares, com o conhecimento, as habilidades e as atitudes necessárias para atuarem como agentes de mudança e, desta forma, compreender os desafios e as oportunidades no enfrentamento das mudanças climáticas. Destaca-se ainda: Público-alvo: docentes da educação básica e superior, profissionais da Defesa Civil, gestores de organizações públicas, Meteorologistas, Engenheiros, profissionais das Ciências Agrárias, das Ciências Sociais Aplicadas, das Ciências Biológicas e das Ciências da Saúde que atuam no setor público ou privado. O curso de Especialização em Mudanças Climáticas tem carga horária de 360 (trezentas e sessenta) horas, com duração de 18 (dezoito) meses, conforme a grade curricular apresentada a seguir. GRADE CURRICULAR NOME DA DISCIPLINA SEMESTRE CHS Introdução ao Sistema Climático 1 45 Física das Mudanças Climáticas 1 45 Química das Mudanças Climáticas 1 45 Governança Climática 1 45 Mudanças no Sistema Climático 2 45 Mitigação e Resiliência das Mudanças Climáticas 2 45 Recursos Hídricos e Mudanças Climáticas 2 30 Agricultura e Mudanças Climáticas 2 30 Mudanças Climáticas e Saúde Humana 2 30 Elaboração de Monografia 3 0 Carga horária total 360 VAGAS Serão ofertadas 150 (cento e cinquenta) vagas em diferentes polos da UAB/UFSM, sendo 120 (cento e vinte) destinadas para ampla concorrência, 18 (dezoito) para candidatos autodeclarados pretos, pardos, indígenas ou quilombolas e 12 (doze) vagas para Pessoas com Deficiência (PcD), conforme a Resolução UFSM N. 068/2021. INSCRIÇÕES VENHA FAZER PARTE DO PRIMEIRO TIME DE ESPECIALISTAS EM MUDANÇAS CLIMÁTICAS PROMOVIDO PELA UFSM/ UAB/CAPES!
Tarifaço de Trump pode afetar 85% da indústria gaúcha, aponta Fiergs
Mesmo com exceções, 85% dos produtos industriais do RS exportados aos EUA devem ser atingidos pela tarifa de 50% anunciada por Donald Trump. Segundo a Fiergs, a medida pode gerar um prejuízo de R$ 1,5 bilhão à economia gaúcha em 2026. O estado é o segundo mais afetado do país, atrás apenas de São Paulo. A federação estima ainda que até 20 mil empregos estejam em risco. A sobretaxa entra em vigor em 6 de agosto e impacta setores como calçados, móveis, carnes, café e frutas. Mesmo com uma lista de quase 700 produtos isentos — como aeronaves, combustíveis e alguns itens do agronegócio — a maior parte da produção gaúcha não escapou. Para conter os danos, o governo do RS anunciou uma linha de crédito de R$ 100 milhões com juros subsidiados para empresas atingidas. Imagem: Reprodução/RBS TV
A Responsabilidade das Instituições Financeiras nos Golpes e Fraudes
Limites e Deveres do Sistema Bancário à Luz da Jurisprudência e da Legislação Brasileira O crescente desenvolvimento de sistemas eletrônicos e a ampla digitalização dos serviços bancários trouxe inúmeros benefícios aos consumidores, mas também abriu novas portas para a ação de criminosos, que se valem de artifícios sofisticados para praticar fraudes. O chamado “golpe da falsa central”, os ataques por engenharia social, a manipulação de limites via aplicativo, e a indução à transferência via Pix são exemplos cada vez mais comuns. Diante disso, surge uma pergunta que tem pautado decisões judiciais em todo o Brasil: qual é a extensão da responsabilidade das instituições financeiras frente aos golpes sofridos pelos seus próprios clientes? Neste artigo, com base na legislação vigente, nos normativos do Banco Central e na jurisprudência dominante, analisamos os limites da responsabilidade objetiva dos bancos uma vez que o mínimo a se esperar é, que as instituições financeiras garantam a segurança de tais transações. O Dever de Segurança como Dever Anexo ao Contrato Bancário O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 14, é claro ao estabelecer a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços por danos causados ao consumidor, independentemente de culpa, desde que comprovada a falha na prestação do serviço. “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” A relação contratual firmada entre a instituição financeira e o titular da conta bancária é de natureza consumerista, nesse sentido atrai além do Código de Defesa do Consumidor (CDC) — Lei nº 8.078/90, também a Súmula do 297 do STJ que estabelece: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”. No caso dos bancos, além do vínculo contratual, impõe-se o dever de segurança, derivado da própria natureza da relação bancária. Essa obrigação é reforçada pela Resolução CMN nº 4.893/2021, que trata da política de segurança cibernética, exigindo das instituições medidas técnicas e operacionais robustas para prevenir acessos não autorizados e transações fraudulentas. Golpes Bancários e a “Falsa Central”: A Ilusão de Proteção Casos emblemáticos de fraude, como o golpe da “falsa central de atendimento”, são praticados por criminosos que se passam por atendentes dos próprios bancos, orientando o cliente a realizar alterações no app, como aumento de limite e movimentações via TED ou Pix. Embora o argumento bancário costume girar em torno da “autorização do cliente”, o que se vê é uma clara falha na autenticação segura e na proteção contra engenharia social — falha esta que, nos termos da jurisprudência, configura fato do serviço. Em decisões recorrentes e recentes a jurisprudência tem entendido da seguinte forma: “A inexistência de comprovação de que o cliente autorizou conscientemente a transação caracteriza falha na prestação do serviço bancário, impondo-se o dever de ressarcimento integral ao consumidor.” A Responsabilidade do Banco Central e os Deveres das Instituições O ecossistema financeiro atualmente, cada vez mais digital, sabe que o PIX e o Open Finance estão cada vez mais presentes nas fraudes relatadas, esse ecossistema é regido pela Instrução Normativa BCB nº 32/2020, que estabelece a obrigatoriedade de envio de dados detalhados ao Bacen, bem como o dever de armazenamento seguro de todas as transações por um período mínimo de 12 meses. A própria Resolução BCB nº 1/2020 e a Instrução Normativa BCB nº 200/2021 determinam que os bancos devem apresentar informações completas e rápidas ao cliente vítima de golpe, especialmente sobre a conta recebedora e os dados de autenticação utilizados. A omissão em cumprir esses requisitos pode configurar violação ao princípio da boa-fé objetiva e à função social do contrato bancário, justificando a responsabilização. Jurisprudência: Tendência de Reversão do Ônus da Prova e Dever de Indenizar As decisões judiciais seguem firme na aplicação da inversão do ônus da prova, prevista no artigo 6º, VIII do CDC. O STJ, ao julgar o Recurso Especial 1.846.649/MA (tema afetado), firmou que: “Cabe à instituição financeira, enquanto fato impeditivo ou modificativo do direito do consumidor, o ônus de provar a regularidade da contratação mediante juntada do contrato ou outro documento hábil.” E, quando não há comprovação da anuência do cliente, nem registro da suposta autorização, a jurisprudência caminha para a condenação com devolução em dobro dos valores e danos morais in re ipsa, conforme art. 42, parágrafo único do CDC. Considerações Finais A responsabilidade das instituições financeiras em casos de golpe e fraude não é apenas uma questão contratual, mas sim uma obrigação legal e ética de assegurar a proteção do consumidor em ambiente digital. A confiança do público no sistema bancário depende da efetiva proteção contra fraudes, e os bancos, detentores de tecnologia avançada e controle sobre os fluxos financeiros, devem responder objetivamente quando essa proteção falha. Cabe ao advogado especialista em Direito Bancário, identificar esses cenários, utilizar a legislação e normativos corretos, e acionar os bancos com base em responsabilidade objetiva, má prestação do serviço, e violação do dever de segurança e informação.
Quando o Projeto Não Conversa com a Licença: os custos invisíveis da desconexão ambiental
Projetar é arte e técnica. Licenciar é regra e processo. Mas quando um não entende o outro… quem sofre é o cliente, e quem se frustra é você. Quem atua na área de construção civil já vivenciou ou ouviu histórias sobre projetos que empacaram por conta de uma licença ambiental. A obra estava prestes a começar, o cliente animado, os prazos definidos. Mas aí… apareceu um curso d’água não identificado, uma APP ignorada no croqui, um uso do solo incompatível com a zona urbana, ou ainda, a ausência de consulta prévia junto ao órgão ambiental. Resultado? Retrabalho, desgaste, perda de credibilidade, e claro, prejuízo. Esses episódios são mais comuns do que gostaríamos de admitir. Projetar sem considerar as características ambientais do local é como construir uma casa sem olhar o terreno. Parece básico, mas ainda é negligenciado por muitos profissionais e por vezes, até por gestores públicos. A desconexão entre a linguagem do projeto arquitetônico e a lógica do licenciamento ambiental é, hoje, uma das grandes causas de atrasos, indeferimentos e judicializações no setor. A lógica do mercado muitas vezes empurra os profissionais para a correria. É comum ver projetos protocolados antes mesmo de se realizar um diagnóstico ambiental da área. Isso ocorre, inclusive, em empreendimentos rurais e urbanos localizados em regiões sensíveis próximas a nascentes, matas nativas, áreas alagáveis, cemitérios, loteamentos irregulares ou áreas de proteção permanente. O projeto é feito com pressa, sem diálogo com a legislação local (ou estadual), e depois corre-se atrás da “papelada ambiental”. Só que o que parecia um detalhe burocrático, torna-se o calcanhar de Aquiles de toda a empreitada. O que vem a seguir é um ciclo de readequações, justificativas técnicas e, não raro, uma sensação de frustração de todos os envolvidos. Outro problema recorrente é o uso de CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) genéricos ou equivocados. Muitas atividades como oficinas, agroindústrias, depósitos e comércios, têm exigências ambientais específicas. Se o projeto usa um código errado na abertura da empresa, na consulta de viabilidade ou na definição do uso do solo, isso pode comprometer todo o trâmite posterior. Há ainda os documentos mal elaborados: plantas desatualizadas, memoriais descritivos com lacunas, ARTs genéricas. Não por má-fé, mas por desconhecimento. O fato é que, quando o projeto não contempla o que a licença exige, o técnico ambiental não consegue avançar. E quem mais perde, novamente, é o cliente que não entende por que está sendo penalizado por algo que ninguém o alertou lá no início. Licenciar é mais do que cumprir normas: é conhecer o território. Um mesmo tipo de construção pode ser aprovado rapidamente em uma zona urbana consolidada e travar completamente se estiver em área de recarga hídrica, corredor ecológico ou território com fragilidade geotécnica. Isso vale para pequenas obras, loteamentos, condomínios horizontais, cemitérios e até obras públicas. Santa Maria, por exemplo, tem uma série de particularidades territoriais que exigem atenção: encostas ocupadas irregularmente, zonas com lençol freático superficial, áreas de risco mapeadas pela Defesa Civil e uma drenagem urbana historicamente comprometida. Ignorar esses fatores no momento da concepção do projeto é assumir um risco que poderá custar caro em todas as etapas seguintes. A solução não é complexa, mas exige mudança de mentalidade. Antes de riscar o primeiro traço, é preciso entender o lugar. Essa integração entre áreas é o que diferencia um projeto técnico de um projeto inteligente. Um projeto inteligente sabe onde está pisando, literalmente. O que é construído sem diálogo com o meio ambiente dificilmente será sustentável. Um projeto que desconsidera o solo, a água, o entorno, a fauna e a vegetação nativa não é só ambientalmente frágil, ele é financeiramente arriscado e socialmente irresponsável. Na outra ponta, alinhar projeto e licença desde o início não só evita retrabalho como fortalece a imagem do profissional perante seu cliente. Demonstra cuidado, responsabilidade técnica e visão sistêmica. Não é sobre burocracia: é sobre profissionalismo. Ao escrever essa coluna, convido meus colegas engenheiros, arquitetos, empreendedores e gestores públicos a reavaliar essa etapa inicial. O tempo investido no começo do processo é o que garante que a obra seja viável, regular e ética. Não há progresso sustentável sem respeito às regras e as regras ambientais não existem para travar o desenvolvimento, mas para direcioná-lo. Planejar com consciência é o que separa um projeto comum de um projeto transformador.
Trensurb opera com mudanças neste sábado por obras para a Expointer
Neste sábado (2), os trens da Trensurb circulam em via única entre as estações São Pedro e Farrapos, em ambos os sentidos, devido a obras de recuperação após as enchentes de 2024. A medida visa preparar o serviço para a Expointer, em Esteio. Os intervalos entre os trens serão de 22 minutos ao longo do dia. O trecho entre as estações Mercado e Mathias Velho segue sendo atendido por ônibus após as 20h nos dias úteis e sábados, e durante todo o domingo. A reconstrução da linha deve custar R$ 400 milhões. Imagem: G1- Mary Silva/RBS TV
No palco, ele com um novo amor. Nos bastidores, ela com a guarda, as dívidas e o silêncio.
Muita gente acha que o mais difícil é o momento da separação. Mas, na verdade, o mais desafiador começa depois. Depois que as malas saem pela porta. Depois que você percebe que as promessas nunca irão se realizar. Depois que os vizinhos param de comentar e os amigos somem dos grupos de WhatsApp. Depois que o feed se esvazia e ninguém mais pergunta como você está. É nesse depois, mais solitário, que começa o verdadeiro recomeço. E ninguém avisa que esse recomeço vem sem manual. Refazer lista de supermercado, atualizar nome em contrato, cancelar o plano de saúde compartilhado. Você precisa reorganizar sua vida financeira, entender as contas, lidar com dívidas que antes eram “do casal”, refazer o orçamento com um único salário. E o que antes era dividido por dois, agora pesa inteiro sobre você. E o mais cruel é perceber que não pode contar com a pensão que ele prometeu, mas nunca pagou. Boletos continuam chegando, filhos precisam comer, e o supermercado não aceita “acordo verbal”. A constatação de que o “nós” virou um “eu” que precisa se virar. Enfrentar o medo do futuro, a solidão dos finais de semana. Redescobrir quem você é sem o sobrenome dele, sem o status de esposa, sem a rotina compartilhada. Tudo isso enquanto tenta estruturar guarda, contratos, partilha de bens e responsabilidades, porque o mundo continua girando, mesmo que seu coração queira pausa. E é nesse momento que muitas mulheres percebem uma verdade dura: estar separada emocionalmente não é o mesmo que estar separada juridicamente. Você pode estar morando sozinha, vivendo sua liberdade, mas ainda presa em contas conjuntas, imóveis em comum, dívidas não resolvidas, guarda indefinida. É como tentar caminhar com os pés amarrados ao passado. Enquanto a sociedade espera que você “siga linda”, sorrindo nas redes sociais e postando frases sobre recomeço, você está lidando com boletos vencidos, crises de ansiedade, audiências na justiça e um armário cheio de lembranças. A verdade é que recomeçar exige muito mais do que coragem. Exige estratégia. É aí que você percebe: o fim de um relacionamento não é só emocional. É profundamente prático, jurídico. É financeiro e requer logística. Algumas mulheres tentam manter a aparência de equilíbrio, postando frases sobre liberdade e viagens. Outras mergulham no silêncio, tentando entender onde foi que se perderam. Mas todas, em algum momento, precisam encarar o que ficou no papel. Porque separação não termina com “acabou”. Termina quando é formalizada. E enquanto isso não acontece, contratos continuam no seu nome. Dívidas também. Contas conjuntas viram armadilhas. A guarda e pensão dos filhos, sem definição legal, se transforma em campo minado. É aqui que o Direito entra para proteger seu recomeço. Para blindar sua liberdade e garantir que o novo não seja contaminado pelo que ficou mal resolvido. Separar se bem é um ato de respeito com a própria história. É ter responsabilidade com o próprio CPF, com a própria paz. Eu sei disso porque já estive nesse lugar. Não só como advogada, mas como mulher. E aprendi que coragem, por si só, não basta. Recomeçar exige estratégia e o caminho é começar com um passo de cada vez, mas com apoio certo ao lado. E é exatamente por isso que o suporte jurídico não é opcional, é essencial. Sem uma assessoria adequada, o que era pra ser libertador pode se transformar em um ciclo de pendências, prejuízos e vulnerabilidade. Você tem direito à pensão, à divisão justa dos bens, à guarda legal dos filhos, à proteção do seu nome e do seu futuro. E tudo isso precisa estar documentado e estruturado. Porque o que não está no papel, na prática, não existe e pode voltar contra você no momento mais inesperado. O Direito não é sobre criar conflitos. É sobre resolver. É sobre colocar ponto final onde você já não quer mais vírgula. Separar-se é o primeiro passo. Formalizar essa separação com segurança jurídica é o passo que protege tudo o que você vai construir daqui pra frente, com técnica, com empatia e com a certeza de que você merece recomeçar de forma digna, segura e estruturada.
Brasil e Uruguai realizam mutirão conjunto para revitalizar área da fronteira em Livramento e Rivera
Foto: Gabriel Oliveira/AP Nesta sexta-feira (1º), Sant’Ana do Livramento e Rivera deram mais um passo na cooperação binacional com a realização de um mutirão de limpeza em uma área localizada no lado uruguaio da fronteira. O local, que se encontrava em estado de abandono, com acúmulo de lixo eletrônico e vegetação descontrolada, começou a ser transformado graças à ação coordenada entre os serviços urbanos das duas cidades. A iniciativa faz parte de um projeto maior de urbanização da faixa de fronteira, planejado pelas gestões da prefeita Ana Tarouco, de Livramento, e do intendente Richard Sander, de Rivera. Segundo Júlio Motta, representante da Secretaria de Serviços Urbanos de Livramento, o trabalho é fruto de um esforço que vem sendo estruturado ao longo do tempo, com mapeamentos prévios e definição conjunta de responsabilidades entre as administrações. A ação também foi destacada por Oscar Borba, servidor da Intendência de Rivera, que reforçou o caráter simbólico da parceria. Ele destacou que a integração cotidiana entre as cidades exige um olhar coletivo para a preservação da fronteira, que é singular no mundo por sua convivência entre dois países. O mutirão envolveu caminhões e equipes dos dois lados, atuando juntos para limpar e recuperar o espaço. Além de melhorar a paisagem urbana, a iniciativa representa um marco na relação bilateral em nível local, promovendo não apenas benefícios ambientais, mas também um sentimento de pertencimento compartilhado. A união de esforços reforça o compromisso de brasileiros e uruguaios com o cuidado e valorização do território fronteiriço que divide — e ao mesmo tempo une — as duas nações.
Fórum em Rio Grande debate combate ao desperdício e fortalecimento da agricultura familiar
A cidade de Rio Grande promoveu, na quarta-feira (30), o Fórum de Segurança Alimentar, com o objetivo de discutir soluções práticas e inovadoras para enfrentar a insegurança alimentar no município. Realizado no Paço Municipal, o evento reuniu representantes do poder público, universidades, agricultores e organizações da sociedade civil em torno de estratégias para reduzir o desperdício de alimentos e valorizar a produção local. Entre os destaques do encontro esteve a apresentação do projeto Rangu’s, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). A iniciativa foi detalhada pelo professor Samuel Bonatto, diretor do Parque Tecnológico Oceantec, e consiste em um aplicativo que conecta doadores de alimentos, como restaurantes e refeitórios corporativos, a instituições que necessitam dessas doações. A tecnologia ainda permite o monitoramento da temperatura e da pressão dos alimentos durante o transporte, assegurando que cheguem em condições adequadas para o consumo. O projeto já está em fase de testes e deve iniciar, em breve, um piloto com uma organização parceira. Segundo Bonatto, refeitórios corporativos chegam a descartar entre seis e sete toneladas de alimentos por ano, mesmo quando ainda estão próprios para o consumo. O projeto busca justamente transformar esse desperdício em ação social efetiva. “Temos mais pessoas precisando de alimento do que alimento disponível para doação. Toda doação é bem-vinda, e já temos os protocolos definidos para garantir a segurança no processo”, afirmou. A agricultura familiar também foi pauta no fórum, com a participação da produtora Ana Paula Machado, moradora da Ilha do Leonídio. Ela relatou sua atuação nos programas PNAE e PAA, além da feira de produtores no balneário Cassino. Ana Paula destacou a importância de políticas públicas que fortaleçam a produção rural e a permanência no campo, especialmente após perdas provocadas por eventos climáticos. A produtora defendeu a ampliação da agricultura familiar para novos espaços institucionais, como escolas estaduais e presídios, e celebrou um novo acordo de distribuição firmado durante o evento.