Nos últimos dias, o Brasil voltou a assistir um capítulo inquietante da nossa história recente: decisões judiciais que parecem ultrapassar o limite do direito e avançar perigosamente sobre o terreno da política. Como homem da segurança pública, militar por formação e servidor do povo por missão, eu aprendi que a lei existe para proteger não para punir adversários. A justiça só é justiça quando é igual para todos. Quando ela passa a mirar uns e poupar outros, ela deixa de ser equilíbrio e se transforma em arma. E arma ideológica é sempre o primeiro passo rumo à tirania.Ninguém está acima da lei. Nem líderes, nem autoridades, nem cidadãos comuns. Mas também ninguém está acima da liberdade e nenhuma instituição tem autorização para reinterpretar a Constituição conforme interesses momentâneos, pressões políticas ou narrativas de ocasião. A lei não tem lado. O direito não tem partido. Quem tem lado e partido é a política. E quando o Judiciário adota a postura de ator político, ele abandona seu papel original: o de árbitro imparcial da democracia. O que vemos hoje são decisões que, mais do que buscar equilíbrio, parecem buscar exemplo. Não exemplo jurídico mas exemplo ideológico. Não a garantia da ordem, mas o recado do medo. É como se a mensagem fosse clara: “discordar tem preço”. E quando a opinião vira crime, o Brasil deixa de ser democracia e passa a ser território de vigilância. Como militar, sei que autoridade só é legítima quando é exercida dentro dos limites da lei. Quando esses limites são rompidos, o risco não é apenas institucional é social. A sociedade perde confiança. As forças de segurança perdem respaldo. E o cidadão comum perde a certeza do amanhã. Justiça seletiva é insegurança nacional. A perseguição política, ao longo da história, nunca começou com prisões em massa. Ela começou com silenciamentos pontuais, com decisões “exemplares”, com a criminalização de um lado do pensamento. Quando o Estado escolhe quem pode falar, ele está escolhendo quem pode existir politicamente. E isso, sim, é perigoso. Defender o devido processo legal não é defender indivíduos. É defender o futuro. É defender a democracia. É defender o direito de cada brasileiro concorde ou não de ter garantido o mesmo tratamento diante da lei. Hoje é um líder político. Amanhã pode ser qualquer cidadão. E quando o poder deixa de ser controlado, ele deixa de ser democrático. O Brasil precisa retomar o equilíbrio entre os poderes. Cada instituição dentro do seu limite. Cada autoridade dentro da sua função. O Legislativo representando o povo. O Executivo administrando o país. E o Judiciário julgando com imparcialidade não com protagonismo político. Justiça não pode ser instrumento de vingança.Justiça não pode ser usada para calar opositores.Justiça não pode ser seletiva.Porque onde a justiça falha, nasce o autoritarismo. E diante disso, reafirmo meu compromisso: estarei sempre ao lado da Constituição, da liberdade e do direito do cidadão. Porque a democracia não se sustenta no silêncio imposto, mas na coragem de defender a lei especialmente quando ela tenta ser torcida. A pergunta do momento não é sobre um nome ou uma figura política. A pergunta é maior:Estamos praticando justiça ou estamos caminhando para a perseguição política? E o Brasil precisa responder essa pergunta antes que seja tarde. Cel.Vargas
A cidade que construímos juntos: Programa de Adoção de Equipamentos Públicos e Áreas Verdes
Você já imaginou a Praça do Brahma toda revitalizada? E o canteiro central da Avenida Rio Branco colorido e repleto de atrativos? Exemplos como esses podem se tornar realidade. E não por sonho ou acaso, mas por meio de um novo modelo de gestão urbana que convida a comunidade a participar ativamente da transformação dos espaços públicos de Santa Maria. Nossa cidade enfrenta o desafio de manter e qualificar suas áreas coletivas diante da crescente demanda por segurança, convivência e lazer. É nesse cenário que apresento à Câmara de Vereadores o Programa de Adoção de Equipamentos Públicos e Áreas Verdes, um instrumento moderno, transparente e eficiente para revitalizar o que é de todos. A proposta, inclusive, foi inspirada em iniciativas de Porto Alegre, cidade que já adota com sucesso modelos de parceria para manutenção e qualificação de espaços públicos, servindo como referência e ponto de partida para aprimorarmos essa política em Santa Maria. Meu projeto autoriza que cidadãos, empresas, instituições e organizações assumam, sem qualquer transferência de propriedade e sempre sob fiscalização pública, a manutenção e melhoria de praças, parques, canteiros, passarelas, fachadas de prédios públicos, monumentos e diversos outros espaços urbanos. Com isso, locais hoje subutilizados podem ganhar nova vida. Uma praça pode receber paisagismo e iluminação renovados, um canteiro pode se transformar em área florida e bem cuidada, uma fachada histórica pode ser restaurada e pequenos terrenos remanescentes podem ser convertidos em áreas verdes qualificadas, que valorizam os bairros e criam ambientes mais acolhedores. A proposta substitui legislações antigas que já não atendem às necessidades atuais da vida urbana e estabelece um conjunto robusto de procedimentos que tornam o programa seguro e eficiente. Ela define modalidades amplas de adoção, podendo abranger a totalidade da área, apenas parte dela ou até a divisão de responsabilidades entre diferentes adotantes, e determina que a seleção das iniciativas deve obedecer a critérios técnicos de qualidade, viabilidade e interesse público. Também prevê que todos os projetos terão acompanhamento, fiscalização e auditoria permanentes e que os relatórios de execução serão publicados semestralmente no portal da prefeitura, garantindo transparência total à população. O programa também possibilita contrapartidas equilibradas, como a instalação de quiosques ou a realização de atividades comunitárias, sempre respeitando o caráter público do espaço e proibindo qualquer forma de promoção pessoal. Além disso, toda intervenção, seja paisagística, estrutural ou comercial, dependerá de autorização prévia da secretaria de município competente, assegurando que as melhorias estejam alinhadas às normas urbanísticas e ao interesse coletivo. Os resultados do programa são múltiplos: mais beleza urbana, espaços qualificados, oportunidades de convivência comunitária, maior segurança e menor custo de manutenção para a Prefeitura. Com parceiros assumindo parte da conservação dos equipamentos públicos, o Município ganha fôlego para direcionar recursos a áreas essenciais, enquanto a população usufrui de ambientes mais agradáveis e funcionais. E há ainda o benefício imaterial: o fortalecimento do sentimento de pertencimento. Quando moradores, instituições e empresas passam a cuidar diretamente de um espaço, ele deixa de ser apenas mais um ponto da cidade para se tornar um reflexo da identidade da comunidade que o abraça. O Programa de Adoção de Equipamentos Públicos e Áreas Verdes simboliza inovação, corresponsabilidade e visão de futuro. Ele reafirma princípios de eficiência, sustentabilidade e participação social, aproximando Santa Maria do que há de mais moderno na gestão colaborativa das cidades. Temos, agora, a oportunidade de transformar cada praça, canteiro e área verde em espaços vivos e cuidados. E é assim, com ações coletivas, que Santa Maria pode se tornar mais bonita, funcional e cada vez mais nossa.
Retira, Décimo!
Na última semana, nosso mandato apresentou uma Moção de Apelo àPrefeitura Municipal de Santa Maria, pela retirada dos projetos da Reforma daPrevidência dos servidores municipais. Com as galerias e a frente da Câmara deVereadores tomadas de professoras, professores, servidoras e servidores, a Moçãofoi amplamente aprovada, com 15 votos a favor e apenas 4 contrários. A aprovação dessa Moção, inclusive com votos da base, expõe ao mesmotempo, a fragilidade do governo Décimo e Lúcia, e a força da mobilização dofuncionalismo. Aponta também para a falta de diálogo por parte do Executivo, umavez que muitos dos vereadores governistas alegam que só foram tomarconhecimento de alguns elementos dos projetos, após eles serem enviados àCâmara, no começo deste mês. Outro ponto que reforça a necessidade da retirada é a falta de tempo parase debater o tema com a profundidade que ele merece. Não nos parece nem umpouco razoável que faltando semanas para o recesso parlamentar, queira se votarum projeto que já estava sendo preparado há meses. Que debate, que diálogo serápossível levar adiante com o prazo de praticamente um mês? Ou será que a intenção é levantar o recesso, se aproveitando da ausênciade muitos dos servidores, e aí sim votar de maneira atropelada esses Projetos? Nenhuma dessas opções está à altura do debate aprofundado que essaproposta necessita e da garantia de participação da população, dos vereadores e,sobretudo, dos maiores interessados, as servidoras e os servidores do Município.Se nem mesmo os vereadores da situação têm certeza do que está em jogo comesses projetos, não seremos nós os fiadores dessa Reforma. A retirada dos projetos é a única garantia que podemos ter de que adiscussão será reaberta, e de que pode-se tentar construir uma alternativa que nãoseja o sacrifício do nosso funcionalismo. Que o Executivo escute o apelo dos servidores e da própria Câmara, retire o projeto e abra as portas para um diálogoverdadeiro e não meramente retórico. Retira, Décimo!
Carbono Zero na Agropecuária Gaúcha: pesquisa da UFSM une ciência espacial e produção de alimentos
O Rio Grande do Sul dá um passo importante rumo a uma agropecuária mais sustentável. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com o apoio da Emater/RS-Ascar, mostra que é possível produzir alimentos e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O projeto Monitoramento de Carbono e Água na Agropecuária Gaúcha, desenvolvido pelos departamentos de Física e de Solos da UFSM, instalou oito torres de monitoramento em lavouras do Rio Grande do Sul e uma no Paraná. As torres, equipadas com sensores importados dos Estados Unidos, enviam dados em tempo real para o campus da UFSM, onde o INPE mantém sua base de pesquisa. Com o apoio da Emater/RS-Ascar, novas propriedades rurais poderão ser integradas ao projeto, ampliando o alcance das medições e o banco de dados sobre emissões e absorção de carbono no campo. Bioma Pampa e rotação de culturas O Rio Grande do Sul apresenta condições privilegiadas para a agricultura sustentável. O clima subtropical, com chuvas regulares e alternância de temperaturas entre o verão e o inverno, permite o cultivo contínuo ao longo do ano. A rotação de culturas, prática que alterna diferentes tipos de cultivos no mesmo solo, é essencial para a absorção de carbono nos agroecossistemas. O projeto busca medir exatamente isto: quanto cada sistema de cultivo retira ou libera de dióxido de carbono (CO₂) e de acordo com as práticas de manejo de cada propriedade, contribuindo para o entendimento do papel da agricultura na mitigação das mudanças climáticas. Inovação tecnológica Desde 2003, o projeto utiliza a metodologia das Torres de Fluxo, uma das técnicas mais modernas do mundo para medir trocas de carbono e água entre o solo, as plantas e a atmosfera. Os dados obtidos permitem avaliar o balanço de emissões e absorções de carbono em diferentes sistemas agrícolas, fornecendo informações precisas sobre o desempenho ambiental das lavouras gaúchas. Resultados: agricultura que remove carbono da atmosfera As análises indicam que a maioria das propriedades monitoradas apresenta saldo negativo de carbono, ou seja as lavouras absorvem mais CO₂ do que emitem, fato altamente desejável no contexto climático em que vivemos. Isso significa que, com manejo adequado, a agricultura gaúcha pode atuar como aliada no combate ao aquecimento global, contribuindo para a redução da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. De acordo com os pesquisadores, os dados do projeto mostram que é possível conciliar produtividade e sustentabilidade, tornando a agricultura uma ferramenta ativa na mitigação climática. Aplicações práticas para o produtor A tecnologia empregada nas torres permite quantificar em tempo real o fluxo de carbono e o consumo de água das lavouras 10 vezes a cada segundo. Essas informações ajudam o produtor rural a otimizar o manejo do solo, ajustar a irrigação e aumentar a produtividade de forma sustentável. Além disso, o monitoramento contínuo auxilia na compreensão dos impactos das variações climáticas e na adoção de práticas agrícolas mais eficientes. Sustentabilidade e futuro O Monitoramento de Carbono e Água na Agropecuária Gaúcha representa um avanço significativo na busca por uma produção agropecuária sustentável no Estado. A iniciativa demonstra que a união entre ciência espacial, tecnologia e conhecimento agrícola pode transformar o campo em um aliado da preservação ambiental e da segurança alimentar. Guilherme G. dos Santos Passamani Engenheiro Agrônomo, doutor em Agronomia Gerente da Emater/RS-Ascar Regional de Santa Mariae-mail:ggsantos@emater.tche.br
Os 5 erros jurídicos mais comuns que impedem empresas de crescerem e como evitá-los
No acompanhamento do dia a dia de empresas, desde pequenos negócios até estruturas mais robustas, percebo que a maior parte dos problemas jurídicos não surge de forma repentina. Eles são construídos aos poucos, na pressa de empreender, na confiança excessiva, no uso de modelos prontos ou na tentativa de economizar com aquilo que, no fundo, deveria ser prioridade: a prevenção jurídica. Nada disso nasce de má-fé. São decisões tomadas no calor da rotina, mas que podem se transformar nos principais fatores que impedem uma empresa de crescer. Por isso, quero compartilhar os cinco erros que mais vejo na prática e que, se evitados, transformam completamente a saúde de qualquer negócio. O primeiro deles é a ausência de contratos bem feitos. Muitos empreendedores ainda fecham acordos “na confiança” ou utilizam modelos retirados da internet que não traduzem a realidade da negociação. Quando surge um conflito — e cedo ou tarde ele surge — esse contrato frágil, incompleto ou genérico deixa de proteger e passa a comprometer. Um bom contrato é aquele que traduz com clareza o que cada parte espera, quais são as responsabilidades e como eventuais problemas serão resolvidos. Ele evita ruídos e preserva relações. O segundo erro é formar sociedades sem regras definidas. Muitas empresas começam entre amigos ou familiares, movidas por entusiasmo, boa vontade e visão de futuro. Mas, quando surgem divergências, é o documento que salva (e não a lembrança da conversa no café). Sem um Acordo de Sócios, questões como saída, morte, voto, distribuição de lucros ou responsabilidades viram verdadeiros labirintos jurídicos. Quando surge um desentendimento, é a ausência de regras que transforma um conflito pontual em uma ruptura profunda e, às vezes, irreversível. Sociedades precisam ter previsibilidade, racionalidade e segurança para sobreviver ao tempo. Já vi amizades acabarem, empresas serem encerradas e famílias se desentenderem porque a sociedade não tinha regras. O terceiro erro, talvez um dos mais perigosos, é misturar o patrimônio pessoal com o empresarial. Confundir contas, pagar despesas da empresa com dinheiro pessoal ou vice-versa, abre portas para problemas fiscais e até mesmo para a responsabilização pessoal dos sócios. Em casos mais graves, o juiz pode entender que não há separação entre pessoa física e jurídica, o que coloca em risco bens pessoais que deveriam estar protegidos. Manter essa divisão clara não é apenas organização: é blindagem patrimonial. O quarto erro é a falta de políticas internas e de um mínimo de compliance. Muitas pessoas acreditam que isso é coisa de grandes empresas, mas é justamente nas pequenas e médias que a ausência de regras claras mais causa problemas. Sem políticas internas escritas, cada situação é tratada de forma improvisada. E quando tudo é improviso, cresce o risco trabalhista, fiscal e até reputacional. Compliance não precisa ser complexo, basta ser consistente. O quinto erro, e talvez o mais comum de todos, é procurar um advogado apenas quando o problema já aconteceu. Esse hábito transforma situações simples em problemas complexos e evita que o jurídico cumpra sua verdadeira função: prevenir. Advogados não servem apenas para apagar incêndios, mas para evitá-los. A assessoria preventiva é mais leve, mais rápida, mais barata e mais eficiente. Ela dá ao empreendedor o que ele mais precisa para crescer: tranquilidade. Esses cinco erros têm algo em comum: todos são evitáveis. Com orientação adequada, o jurídico deixa de ser um obstáculo e passa a ser um aliado estratégico. Mais do que resolver conflitos, ele garante que relações, parcerias e oportunidades prosperem. Na próxima coluna, vou aprofundar um tema essencial para quem quer crescer sem medo: como montar um contrato empresarial realmente seguro. Um guia simples e prático para que empreendedores possam transformar contratos em ferramentas de proteção e expansão. Você vai entender como estruturar cláusulas que protegem, evitam conflitos e fortalecem parcerias. Nos vemos na próxima edição. Até lá, cuide do seu negócio com a mesma atenção com que cuida da sua história.
Projeto social “Batalhão do Bem” — transformação, sustentabilidade e impacto em Santa Maria (RS)
O Projeto Batalhão do Bem, sediado em Santa Maria (RS), tornou-se uma das iniciativas sociais mais emblemáticas da região ao unir sustentabilidade ambiental, formação profissional, economia circular e impacto social. Inspirado pelo cooperativismo e idealizado por instituições como Unicred Premium Capital, Instituto Unicred, Unimed Santa Maria e Sescoop/RS, com relevante parceria da Ford Superauto, o projeto nasceu com o propósito de transformar resíduos têxteis em oportunidade, promovendo qualificação profissional, geração de renda e fortalecimento comunitário. No dia 20 de novembro, o projeto inaugurou oficialmente sua primeira sede física, um espaço pensado para formação, produção têxtil e desenvolvimento de novas atividades, ampliando seu alcance e consolidando sua trajetória construída com propósito, cooperação e transformação de vidas. A essência da iniciativa está no reaproveitamento de fardas militares e outros tecidos descartados, muitos deles originados de unidades militares da região. Antes destinados à incineração ou ao descarte comum, esses materiais passam por um processo criterioso de seleção, higienização e descaracterização, transformando-se em matéria-prima para a criação de novos produtos como bolsas, mochilas, estojos, acessórios e peças customizadas. Esse ciclo de reaproveitamento representa um avanço significativo para a preservação do meio ambiente, evitando que toneladas de resíduos têxteis terminem em aterros ou causem emissões decorrentes da queima de materiais, ao mesmo tempo em que reduz a demanda por novos tecidos e colabora para o uso consciente de recursos naturais. O impacto socioeconômico do projeto é igualmente expressivo. As participantes — em sua maioria mulheres em situação de vulnerabilidade social — recebem capacitação por meio de cursos divididos nos módulos Básico, Aperfeiçoamento e Modelagem em Costura Criativa, que totalizam mais de 140 horas de formação. Algumas etapas ocorrem inclusive em espaços itinerantes, como o caminhão-escola do SENAI, garantindo acessibilidade e qualidade no ensino. Durante as oficinas, as alunas aprendem técnicas de costura, customização, reciclagem, empreendedorismo e desenvolvimento de produtos, fortalecendo tanto o domínio técnico quanto a autonomia econômica. Essa formação tem gerado resultados concretos: já foram certificadas mais de 200 pessoas, e mais de 3 toneladas de resíduos têxteis foram reaproveitados, números que posicionam o Batalhão do Bem como referência regional em inclusão produtiva, economia circular e sustentabilidade. Com a inauguração da sede própria, o projeto passou a contar com uma estrutura permanente para qualificação e produção, o que possibilitou a aquisição de equipamentos de alto desempenho. Para ampliar a capacidade produtiva e elevar o nível técnico das aprendizas, o Batalhão do Bem adquiriu na Rabelo Máquinas de Costura e Bordado – empresa também sediada na cidade – modernas máquinas retas industriais equipadas com motor eletrônico direct drive, tecnologia que garante até 70% de economia de energia elétrica, reduz ruídos, aumenta a precisão, reforça o compromisso da iniciativa com práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva e a valorização do comércio local. A aquisição foi viabilizada através de doações recebidas de médicos voluntários da região e cooperados da Unicred, os quais perceberam a grandiosidade do projeto e generosamente decidiram apoiá-lo. As peças confeccionadas no projeto têm múltiplos destinos. Parte delas é comercializada em feiras, com destaque para a FEICOOP (Feira Internacional do Cooperativismo), e em eventos de economia solidária que valorizam produtos de origem sustentável. Outras peças são destinadas a ações sociais e campanhas comunitárias, como campanhas do agasalho, doações para comunidades vulneráveis e apoio a famílias afetadas por enchentes e desastres climáticos no Rio Grande do Sul. Já a renda obtida com as vendas é integralmente reinvestida na própria iniciativa, garantindo a compra de insumos, a manutenção das atividades, a continuidade dos cursos, o desenvolvimento de novos produtos e a abertura de novas turmas, alimentando um ciclo virtuoso de autonomia, formação e crescimento coletivo. O Batalhão do Bem representa, assim, um modelo inspirador de como propósito e cooperação podem gerar impacto contínuo e duradouro. Seu trabalho integra conscientização ambiental, inclusão social, desenvolvimento econômico e valorização comunitária, mostrando que é possível transformar resíduos em oportunidade, aprendizado em autonomia e desafios em renovação. Por isso, é fundamental parabenizar os idealizadores e apoiadores — Unicred Premium Capital, Instituto Unicred, Unimed Santa Maria, Sescoop/RS, Ford Superauto, IFFar, Incubadora Social da UFSM, Brigada Militar e demais parceiros — por construírem um projeto que fortalece pessoas, comunidades e o futuro sustentável de Santa Maria.
A epifania do abuso: O caso do médico residente e do delegado. Um episódio que apenas ilumina a sombra.
O episódio ocorrido em Cuiabá, no dia 19, no qual um delegado de polícia deu voz de prisão em flagrante a um médico residente durante uma consulta pré-cirúrgica, expõe algo que ultrapassa o mero equívoco interpretativo: revela o ponto exato em que a autoridade deixa de servir à lei para servir a si mesma. A cena um profissional regularmente inscrito no CRM, atuando dentro dos limites normativos da residência médica, ser constrangido, detido e conduzido à delegacia sob alegação de exercício ilegal da medicina não é apenas absurda. É sintomática. E, como todo sintoma, diz mais sobre o corpo institucional do que sobre o fato isolado. O médico residente, devidamente formado e registrado, realizou anamnese, preencheu formulários, conduziu avaliação clínica e atuou sob supervisão do serviço, tal como determinam o Conselho Federal de Medicina, a Comissão Nacional de Residência Médica e a legislação vigente. A residência médica é modalidade de especialização reconhecida como exercício profissional, e seus integrantes têm autonomia para atendimento pré-anestésico, desde que inseridos na rotina hospitalar e supervisionados pelo serviço, exatamente como ocorreu. Ainda assim, ao ser atendido por um homem quando acreditava que seria atendido por uma mulher, e ao questionar a ausência de título de especialista no registro, o delegado deixou o consultório, retornou e decretou a prisão do profissional. Não há, no ordenamento, qualquer fundamento que sustente tal conduta. A lei brasileira exige apenas duas coisas para o exercício da medicina: diploma e registro no CRM. Especialidade não é autorização para existir como médico, mas apenas certificação adicional. O art. 282 do Código Penal criminaliza quem exerce profissão sem autorização legal, o que não é o caso de um médico regularmente inscrito. Não houve fraude, não houve risco, não houve imperícia. Houve, sim, uma tentativa de transformar o consultório em palco de autoridade pessoal. A situação agravou-se quando o delegado recolheu prontuários médicos como supostas “provas”. É evidente o abuso, a violação, inclusive do sigilo médico: cuja quebra só é possível mediante ordem judicial. O sigilo não é luxo ético: é garantia constitucional de dignidade. Prontuário não é troféu para demonstrações de poder. Mas, talvez, o ponto mais inquietante seja o reflexo institucional desse episódio. A prisão arbitrária de um médico habilitado não ocorre no vácuo. Ela ecoa uma tendência contemporânea: a transformação do poder estatal em instrumento de vaidade, capricho ou indignação individual, em vez de instrumento de legalidade. O CRM-MT anunciou que representará contra o delegado, e esse gesto é necessário, mas seria ingênuo fingir que estamos diante apenas de uma distorção isolada. O que se viu ali, e o que muitos têm visto, em diferentes esferas públicas é a fronteira tênue entre autoridade e autoritarismo, entre o dever de proteger e o impulso de dominar. É nesse ponto que a advertência de Martin Luther King ressoa com desconfortável atualidade: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.” No caso do médico residente, ao menos houve reação institucional imediata: o Conselho se posicionou, repudiou a conduta, anunciou providências e garantiu algum grau de proteção ao profissional atingido. Existe, ainda que timidamente, uma expectativa de correção, um vislumbre mínimo de justiça. Mas nem todo abuso recebe resposta. Nem toda arbitrariedade encontra resistência. E, em muitos episódios da vida pública recente, o país assistiu (e assiste) em silêncio, ou quase ao uso expansivo, performático e personalista do poder estatal, enquanto a legalidade, que deveria ser bússola, tornou-se mero detalhe. Não precisamos citar todos os fatos, mas para bom entendedor, meia palavra basta. Quando um delegado prende um médico regular, dentro da lei, por puro senso de autoridade, o abuso é evidente e reprovável. Mas quando certos excessos se originam de esferas mais altas, dotadas de prestígio e revestidas de solenidade, o desconforto coletivo parece maior do que a coragem de enfrentá-los. Há momentos em que a sociedade engole em seco a injustiça porque entende ou teme que nada mais pode ser feito. Há instantes em que a força do cargo suplanta a força da norma, e o arbítrio veste a roupa da legitimidade. Tudo isso permanece velado, mas palpável, presente, quase gritante para quem lê o Brasil com mínima atenção crítica. Poderíamos, sim, dizer que há uma síndrome do “pequeno poder”, mas nem sempre o poder é “tão pequeno”. Nietzsche advertiu que “quem luta com monstros deve cuidar para não se tornar um deles”. O Estado, quando abandona seus limites e passa a agir movido por impulsos individuais, cai precisamente nessa armadilha. E, paradoxalmente, os mais vulneráveis nessa lógica são aqueles que sustentam o funcionamento das instituições, como os médicos residentes, linha de frente em hospitais, sobrecarregados, exaustos e, ainda assim, invisíveis. Transformar um ambiente de cuidado em cenário de coerção é mais do que equívoco: é sinal de decadência e doença institucional. Não houve notícia de erro técnico, falha clínica ou conduta que justificasse intervenção policial. O que houve foi um grotesco erro jurídico, cometido por quem deveria zelar pelo Direito, e abuso de poder, perpetrado por quem deveria, justamente, respeitar seus limites. Defender o Estado de Direito, nesse contexto, não é discurso abstrato; é necessidade concreta. E fazê-lo exige coragem suficiente para denunciar, ainda que de forma velada, a tendência crescente de substituir leis por vontades e constitucionalidade por conveniência. O caso do médico residente, assim, é pedagógico. Mostra que a democracia não se sustenta apenas pela proteção de grandes atos, mas pela vigilância nos pequenos. Mostra que a justiça não se mede pelo volume da voz, mas pela contenção do poder. E mostra que o Brasil atravessa um período em que, mais do que nunca, é preciso lembrar que hospital não é palco de demonstração de força, prontuário não é troféu policial, e autoridade quando divorciada da lei deixa de ser proteção para se tornar risco. O Residente, de muito longe, não é o criminoso. E nenhum país que deseje preservar sua maturidade institucional pode tolerar que se confundam divergências pessoais com exercício do poder estatal.E, para quem talvez não tenha entendido tudo, esse texto NÃO
Dia da Consciência Negra é celebrado com Feira Preta e o protagonismo de 15 empreendedoras
No dia 20 de novembro, das 15h às 19h, a Praça Saldanha Marinho recebeu a Feira Preta que fez parte do evento Tributo a Zumbi dos Palmares. A Feira é uma ação do Projeto Economia Criativa de Santa Maria, uma parceria entre Sebrae RS, Prefeitura de Santa Maria e COMPIR (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial). A realização integrou as celebrações do Dia Nacional da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares, reforçando o compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira e o fortalecimento da economia criativa no município. Ao todo, 15 empreendedoras negras, indígenas e quilombolas integraram a feira com produtos autorais desenvolvidos ao longo das trilhas formativas do projeto. Foram mais de 50 horas de capacitações em 2025, com temas como design e artesanato, precificação e atendimento ao cliente. A iniciativa cria oportunidades concretas de geração de renda, consolida marcas nascidas no território e amplia a presença dessas empreendedoras no mercado. Entre os itens expostos estão mesa posta, artesanato em crochê e acessórios em ecopapel. A programação contemplou a exposição e comercialização de produtos autorais, evidenciando a potência do empreendedorismo feminino e diverso no território. As capacitações fortaleceram a autoestima, incentivaram o consumo consciente e o design com propósito, e impulsionaram o desenvolvimento territorial e turístico. O projeto contribui diretamente para a preservação e difusão da identidade cultural de Santa Maria, ao mesmo tempo em que profissionaliza a produção e qualifica a oferta criativa local. Com o Conecta Mercado Criativo – Feira Preta, o projeto consolida seu impacto positivo ao oferecer um espaço de comercialização, fortalecimento de marca e networking. A feira busca estimular novas conexões e parcerias, criando um ambiente de troca que valoriza a autoria, a economia preta e a diversidade de saberes presentes no município.
STF determina prisão preventiva de Bolsonaro em meio a risco de evasão
Foto: Diego Herculano/Reuters O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã deste sábado (22) em Brasília, após o ministro Alexandre de Moraes revogar sua prisão domiciliar. A decisão foi tomada depois de o sistema de monitoramento registrar uma violação da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro e de a PF apontar risco iminente de fuga, agravado pela convocação de uma vigília feita pelo senador Flávio Bolsonaro nas imediações da casa do pai. De acordo com Moraes, o chamado público de Flávio — que pedia que apoiadores “lutassem” e fossem até a região — poderia criar tumulto e atrapalhar o cumprimento de decisões judiciais justamente em um momento considerado crítico do processo, quando a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe se aproxima do trânsito em julgado. Para o ministro, a combinação entre a movimentação convocada e o alerta emitido pelo monitoramento reforçou a hipótese de que o ex-presidente tentava escapar, possivelmente buscando abrigo em uma embaixada, como já havia ocorrido anteriormente com a Hungria. Após a prisão, Bolsonaro foi levado para a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde permanecerá em uma sala especial. A decisão deverá ser analisada pela Primeira Turma do STF em sessão virtual na segunda-feira. A defesa tentou manter o ex-presidente em casa, alegando condições de saúde delicadas, mas o pedido foi rejeitado. Moraes determinou que a PF garanta atendimento médico durante a custódia.
O último gesto
Como veterinário, há momentos em que sou chamado não apenas a exercer minha profissão, mas a abrir espaço dentro de mim para acolher a dor de outra família. Entre todos os atos da medicina veterinária, nenhum carrega tanto peso quanto a eutanásia. E por mais anos que passem, por mais animais que eu acompanhe, nunca se torna um gesto leve, e talvez seja justamente isso que garante que ele seja realizado com a dignidade que merece. A decisão de eutanasiar um animal jamais deve nascer de um único coração. É um diálogo profundo entre o responsável e o veterinário, onde cada pergunta é feita com cuidado e cada resposta é dada com honestidade. Carrego comigo a obrigação de esclarecer, sem suavizar nem dramatizar, qual é a real condição do paciente: sua dor, seu prognóstico, suas limitações e, sobretudo, sua qualidade de vida. Porque, no fim, é isso que realmente importa, a vida que ainda se vive, e não apenas o tempo que resta. Mas também preciso ter a humildade de reconhecer que aquela família conhece o animal de um jeito que eu nunca conhecerei. São eles que presenciam as horas silenciosas, as pequenas alegrias, os sinais quase imperceptíveis de sofrimento. Por isso, minha função é orientar, nunca pressionar; acolher, nunca decidir sozinho. A eutanásia, quando necessária, deve ser um ato de amor compartilhado, não de imposição. Quando finalmente chegamos juntos à conclusão de que a despedida é o caminho mais compassivo, há um ritual silencioso que acontece. Preparo o ambiente, diminuo as luzes, falo baixinho, toco com cuidado. Explico cada passo, porque ninguém merece enfrentar o desconhecido em um momento já tão difícil. E, enquanto acompanho aquele animal em sua última respiração, lembro sempre que minha missão não é apenas curar , é também saber respeitar o limite da vida e aliviar o sofrimento quando já não há retorno. A eutanásia não é falha, não é derrota. É, muitas vezes, o último gesto de respeito. E cabe a nós, veterinários, conduzi-lo com sensibilidade, ética e uma profunda compaixão pela vida que estamos honrando até o fim.
