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Autismo: a luta por direitos e inclusão não pode esperar

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta milhões de brasileiros e exige um olhar mais atento das políticas públicas. Segundo estimativas recentes, cerca de dois milhões de pessoas no Brasil estão dentro do espectro, mas a falta de diagnósticos precisos pode fazer esse número ser ainda maior. Além disso, o Censo Escolar de 2023 apontou que 636 mil alunos autistas estavam matriculados na rede de ensino, um crescimento de 48% em relação ao ano anterior. Esses números demonstram a urgência de garantir atendimento adequado a essas pessoas e suas famílias.

Nesta semana, em que se celebrou o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, representantes da Associação de Pais dos Autistas de Santa Maria se reuniram em frente à prefeitura para cobrar melhores condições no atendimento aos seus filhos. A principal reivindicação foi a necessidade de monitores capacitados para auxiliar crianças com TEA nas escolas. Após o ato, participamos de uma reunião entre familiares e representantes da administração municipal, que se comprometeram a oferecer cursos de capacitação para monitores, melhorar a remuneração desses profissionais e avançar no projeto de um Centro de Referência em Autismo na cidade.

A criação desse centro é essencial. Ele deve contar com uma equipe multidisciplinar para atender crianças, adolescentes e adultos autistas, oferecendo serviços como avaliação diagnóstica, acompanhamento terapêutico e suporte às famílias. Além disso, um centro especializado permitiria um atendimento mais ágil e acessível, reduzindo filas no SUS e garantindo que ninguém fique desassistido. Em muitas cidades onde iniciativas semelhantes foram implementadas, os impactos positivos são evidentes.

O caminho para a inclusão ainda é longo. Mães e pais frequentemente enfrentam essa luta sozinhos, sem o suporte necessário e sem acesso a terapias fundamentais, como fonoaudiologia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico. A ausência desses serviços dificulta o desenvolvimento e compromete a qualidade de vida de muitas pessoas autistas.

O poder público precisa agir com mais responsabilidade e urgência. O acesso à educação inclusiva e ao tratamento adequado deve ser prioridade. É fundamental que as promessas feitas pela gestão municipal saiam do papel o quanto antes e que Santa Maria avance na construção de políticas públicas que garantam dignidade às pessoas autistas.

Estamos ao lado das pessoas com TEA e de seus familiares. Seguiremos acompanhando essa luta e cobrando para que direitos básicos sejam respeitados. A inclusão precisa ser uma realidade, não apenas um discurso.

Redação enFoco

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