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Batata-doce coloca o Rio Grande do Sul no topo da produção nacional

Já ouviu dizer que comida saudável não tem gosto bom? Pois no caso da batata-doce, isso é mito. Nutritiva e saborosa, com sabor adocicado, a batata-doce é usada em dietas esportivas, vegetarianas e em muitos pratos do dia a dia ao redor do mundo. O cultivo da raiz cresce em diversas regiões do país e coloca o Rio Grande do Sul na posição de destaque no ranking nacional de produção. 

O Estado chegou a liderar a produção brasileira de batata-doce, com 175 mil toneladas anuais, seguido por São Paulo, com 140,7 mil toneladas (PAM, IBGE 2020). 

No cenário internacional, o Brasil ocupa atualmente a 16ª posição entre os maiores produtores de batata-doce no mundo, com 805,4 mil toneladas e um valor estimado em R$ 886,6 milhões (dados de 2020). O país é o maior produtor da América Latina, sendo a China a líder global com impressionantes 53 milhões de toneladas. 

Desafios e oportunidades 

O crescimento da produção brasileira é visível, mas ainda há muito espaço para avançar. Um dos principais desafios é o baixo índice de produtividade em alguns estados. Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas, por exemplo, apresentam rendimentos abaixo da média nacional, que é de 14,1 toneladas por hectare. Esse cenário reforça a importância da pesquisa agrícola e da assistência técnica para o desenvolvimento de sistemas de cultivo mais eficientes e adaptados aos diferentes biomas do país. 

Embora a produtividade média esteja em curva ascendente, com forte atuação de empresas públicas e privadas no melhoramento genético, o Brasil ainda ocupa apenas a 34ª posição mundial nesse indicador, segundo a FAOSTAT (2018), atrás de diversos países que utilizam tecnologias mais avançadas no campo. 

O que é necessário para crescer 

Para estimular a produção de batata-doce no Brasil, é preciso uma ação coordenada entre governo, produtores, universidades, iniciativa privada e instituições de pesquisa. Medidas como assistência técnica qualificada; capacitação de produtores; acesso facilitado a crédito rural; melhoria de infraestrutura; organização de cooperativas; apoio à agroindustrialização; programas de compras públicas como o PNAE e o PAA; e promoção de novos produtos, como farinhas, snacks, doces e itens funcionais não só ajudam a elevar a demanda, mas também fortalecem a cadeia produtiva de forma sustentável e competitiva. 

Olhar atento ao ambiente mercadológico 

O mercado da batata-doce, como qualquer outro da cadeia agroalimentar, está sujeito a diversas externalidades — fatores externos que influenciam direta ou indiretamente a produção, os preços e o consumo. Entre os principais, destacam-se os fatores climáticos – estiagens, enchentes, falta d’água, degradação do solo; econômicos – variação no preço de insumos, câmbio, inflação; infraestrutura – estradas, falta de armazenagem adequada; regulatórios – exigências sanitárias, barreiras comerciais; tecnológicos e organizacionais – acesso à inovação, rastreabilidade, organização de cooperativas. Antecipar-se a esses fatores é essencial para garantir estabilidade, segurança alimentar e desenvolvimento rural. 

Uma oportunidade para a região e para o Brasil 

Na região Central do Estado, a batata-doce tem uma representação não apenas produtiva mas também cultural. Em São Vicente do Sul a produção se destaca e o uso deste importante alimento sai das propriedades rurais e adentra na cultura gastronômica e na economia, culminando na Feira Estadual do Comércio da Batata-doce (FECOBAT).  Em nível nacional, temos clima, solo e potencial de mercado para nos destacarmos na produção de batata-doce. Com ações integradas e investimentos certos, a cultura pode gerar renda, promover inclusão produtiva, diversificar as propriedades e fortalecer a Agricultura Familiar e empresarial. O desafio é grande, mas o resultado pode ser doce!

Foto: Carla Timm

Guilherme G. dos Santos Passamani

Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia

Gerente da Emater/RS-Ascar da região de Santa Maria

e-mail: ggsantos@emater.tche.br

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