Desde cedo fui uma menina inquieta e criativa. Minha mãe costumava me chamar de inventadeira, porque estava sempre imaginando e criando algo novo. Foi dela também que recebi uma das lições mais valiosas: a importância de estudar, trabalhar e conquistar a independência. Segui esse caminho com determinação. Trabalhei desde muito jovem, ora nos empreendimentos da família, ora em estágios na minha área, sempre conciliando com a rotina dos estudos. Vieram a graduação, as especializações, o mestrado e até o início de um doutorado. Quanto mais mergulhava em cursos e formações em desenvolvimento pessoal, mais crescia em mim a necessidade de atingir metas cada vez mais altas.
No tempo em que estive à frente do meu próprio negócio, estabelecia objetivos rigorosos – não apenas de faturamento, mas de excelência, de reconhecimento, de encantamento no atendimento. A busca pelo “mais” era constante: mais resultados, mais conquistas, mais visibilidade. Era como se o sucesso fosse medido apenas pela intensidade da minha agenda.
Com a chegada dos 40 anos, uma chave silenciosamente virou dentro de mim. Já não havia a mesma energia para a correria sem fim. E, principalmente, coisas que antes faziam meu coração pulsar com entusiasmo começaram a dar lugar a outras, até então deixadas em segundo plano. A saúde passou a ter mais valor que apenas a aparência. A minha própria companhia, mais prazerosa que qualquer plateia. O tempo de qualidade, mais precioso que a pressa. E a família, mais importante que os compromissos sociais.
Foi então que compreendi que ser bem-sucedida não é sinônimo de estar sempre ocupada ou sobrecarregada. E que sucesso não se resume à vida profissional – ele também está no equilíbrio, no cuidado com quem somos e com quem amamos.
Mas, confesso: nem sempre é simples sustentar esse novo olhar. Há dias em que uma inquietação insiste em me visitar, como se desacelerar fosse um erro, como se parar fosse preguiça ou atraso. Vivemos em uma sociedade que nos cobra alta performance e resultados imediatos, e não raras vezes essa pressão nos faz duvidar das próprias escolhas.
Ainda assim, sigo firme no meu propósito de buscar equilíbrio. Continuo estudando, empreendendo, evoluindo, mas sem abrir mão do essencial. Porque a vida é breve. E desacelerar não significa estagnar; significa dar espaço para sentir, apreciar e viver cada instante em sua grandiosidade.
Desacelerar não é desistir da vida – é permitir-se senti-la em plenitude.
Com alma, beleza e propósito,
Mariane Verardi