Nesta semana, Santa Maria recebeu o VIII Congresso Brasileiro e V Congresso Latino-Americano de Bioética e Direito Animal, reunindo pesquisadores, juristas, professores, estudantes e defensores da causa animal de todo o país e da América Latina. Um evento de grande relevância científica e social, que trouxe para o nosso município reflexões profundas sobre ética, legislação e responsabilidade na convivência entre humanos e demais seres vivos.
As discussões realizadas ao longo do congresso mostraram com clareza que, embora tenhamos leis avançadas de proteção animal, ainda há uma distância preocupante entre o que está no papel e o que se vive nas ruas. Faltam políticas estruturadas, campanhas contínuas de conscientização e, sobretudo, uma atuação mais firme do poder público municipal, que segue delegando aos cuidadores e voluntários um papel que deveria ser institucional.
Durante o evento, inclusive, as falas da representação do Executivo Municipal soaram desconexas com a realidade enfrentada diariamente por quem atua na ponta. Enquanto o discurso fala em compromisso, o que se vê na prática é a ausência de ações efetivas, de estrutura e de apoio aos que dedicam tempo e recursos próprios para atender uma demanda que cresce a cada dia.
Hoje, o cuidado com os animais em Santa Maria depende quase integralmente da boa vontade de pessoas e organizações independentes, que fazem um trabalho admirável, mas muitas vezes sem apoio, recursos ou reconhecimento. O voluntariado é indispensável, mas não pode ser a única resposta para um problema que é, antes de tudo, de responsabilidade do Estado.
Entre as falas do congresso, destacou-se a importância da educação e das políticas preventivas como caminhos para uma mudança efetiva. A realidade local foi exposta de forma honesta, provocando reflexão e despertando um senso de urgência: não basta legislar, é preciso agir.
Proteger os animais não é apenas um ato de compaixão, mas uma questão de ética, saúde pública e humanidade. E, como bem se ouviu nas discussões dessa semana, a causa animal não precisa de heróis — precisa de políticas que funcionem.








