Quem tem cachorro sabe: sair para passear é um dos momentos mais aguardados pelos peludos. Mas, ultimamente, algo tem incomodado quem compartilha as calçadas — e não estamos falando dos cocôs não recolhidos (esse é outro problema). A questão aqui são os cães soltos, sem guia, circulando livremente, como se as ruas fossem parques cercados.
Há quem ache bonito ver o cão “livre”, correndo ao lado do tutor. A cena pode parecer natural, mas esconde um risco enorme — para o próprio animal, para outros cães e para as pessoas ao redor. Um cachorro solto pode atravessar a rua de repente, atacar ou ser atacado, ou ainda provocar medo em quem tem trauma ou fobia.
Ainda mais delicada é a situação dos cães que se aproximam sem cerimônia dos outros. Nem todo cachorro é sociável. Nem todo humano está à vontade com isso. Quando um tutor permite que seu cão cheire ou invada o espaço alheio sem consentimento, está ignorando o básico do convívio: respeito. Assim como não se toca em pessoas desconhecidas, também não se deve permitir que um animal se aproxime de outro sem saber se é seguro.
E há ainda os casos mais graves: tutores que deixam seus cães “dar uma voltinha” sozinhos, sem nem acompanhar. A desculpa de que “ele volta sozinho” não se sustenta diante dos riscos urbanos. É abandono disfarçado de liberdade.
Ter um cão é um compromisso, não uma fantasia de vida selvagem em plena cidade. Guias e coleiras não são prisões; são garantias de segurança, tanto para o bicho quanto para o ambiente. Ser tutor responsável é entender que liberdade tem limite.