Pioneiro na produção de canola no Brasil, o Rio Grande do Sul acaba de quebrar um recorde: a área cultivada com a oleaginosa chegou a 203.206 hectares, um crescimento de 37,41% em relação a safra do ano passado. A região Central possui uma das maiores produtividades do Estado (1.823 kg/ha) e área de mais de 45 mil hectares. Os números são da Emater/RS-Ascar e indicam, pelo menos, três bons motivos para produtores investirem na canola: rusticidade, lucratividade e eficiência no sistema de rotação de cultura.
A cadeia produtiva da canola é quase fechada, ou seja, o produtor planta sabendo para quem vai vender e com uma sinalização de preço. O preço é definido em função do mercado internacional, mas costuma ter paridade com o preço da soja. O crescimento do mercado de biocombustíveis também é fator que pode impulsionar ainda mais a produção de óleo vegetal feito de canola, conferindo liquidez ao produto.
As raízes da canola ajudam a descompactar o solo e a fazer o controle de ervas daninhas, sendo muito eficiente no esquema de rotação de culturas, melhorando a fertilidade do solo e potencializando as culturas subsequentes de verão.
Além do Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de canola, também há cultivo no Paraná e Santa Catarina. Pesquisas da Embrapa testam “tropicalizar” a canola no Cerrado brasileiro, onde as temperaturas são mais altas, de forma similar ao que ocorreu com a soja há muitos anos e tornou o Brasil um gigante mundial.
O Canadá é o maior produtor mundial de canola, mas o Brasil e o Rio Grande do Sul, podem dar um salto de produção e produtividade, pois há espaço para isso. A canola e outras culturas de inverno não competem por área. No verão, o Estado planta aproximadamente 8 milhões de hectares e menos de 2 milhões de hectares no inverno. Além disso, o custo de produção não é tão elevado, se comparado com o do trigo, pois a canola não exige tantos insumos.
O Rio Grande do Sul introduziu no Brasil o cultivo da canola, em 1974. Nos últimos anos, no entanto, o cultivo esteve estagnado, mas agora está em crescimento, podendo chegar em breve a 300 mil hectares. Isso porque os produtores gaúchos já passaram pela curva de aprendizado e atualmente conseguem altas produtividades e, consequentemente, alta rentabilidade. Soma-se ao empreendedorismo dos gaúchos a pesquisa desenvolvida pela Embrapa. Desenvolver cultivares de canola adaptadas ao clima brasileiro é um desafio, mas o Brasil, e o Rio Grande do Sul, parecem estarem dispostos a seguir pintando de verde-amarelo (cor das folhas e flores da canola) as lavouras do Rio Grande.
Por: Guilherme G. dos Santos Passamani
Gerente da Emater/RS-Ascar Região de Santa Maria