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Carbono Zero na Agropecuária Gaúcha: pesquisa da UFSM une ciência espacial e produção de alimentos

O Rio Grande do Sul dá um passo importante rumo a uma agropecuária mais sustentável. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com o apoio da Emater/RS-Ascar, mostra que é possível produzir alimentos e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

O projeto Monitoramento de Carbono e Água na Agropecuária Gaúcha, desenvolvido pelos departamentos de Física e de Solos da UFSM, instalou oito torres de monitoramento em lavouras do Rio Grande do Sul e uma no Paraná. As torres, equipadas com sensores importados dos Estados Unidos, enviam dados em tempo real para o campus da UFSM, onde o INPE mantém sua base de pesquisa.

Com o apoio da Emater/RS-Ascar, novas propriedades rurais poderão ser integradas ao projeto, ampliando o alcance das medições e o banco de dados sobre emissões e absorção de carbono no campo.

Bioma Pampa e rotação de culturas

O Rio Grande do Sul apresenta condições privilegiadas para a agricultura sustentável. O clima subtropical, com chuvas regulares e alternância de temperaturas entre o verão e o inverno, permite o cultivo contínuo ao longo do ano.

A rotação de culturas, prática que alterna diferentes tipos de cultivos no mesmo solo, é essencial para a absorção de carbono nos agroecossistemas. O projeto busca medir exatamente isto: quanto cada sistema de cultivo retira ou libera de dióxido de carbono (CO₂) e de acordo com as práticas de manejo de cada propriedade, contribuindo para o entendimento do papel da agricultura na mitigação das mudanças climáticas.

Inovação tecnológica

Desde 2003, o projeto utiliza a metodologia das Torres de Fluxo, uma das técnicas mais modernas do mundo para medir trocas de carbono e água entre o solo, as plantas e a atmosfera.

Os dados obtidos permitem avaliar o balanço de emissões e absorções de carbono em diferentes sistemas agrícolas, fornecendo informações precisas sobre o desempenho ambiental das lavouras gaúchas.

Resultados: agricultura que remove carbono da atmosfera

As análises indicam que a maioria das propriedades monitoradas apresenta saldo negativo de carbono, ou seja  as lavouras absorvem mais CO₂ do que emitem, fato altamente desejável no contexto climático em que vivemos. Isso significa que, com manejo adequado, a agricultura gaúcha pode atuar como aliada no combate ao aquecimento global, contribuindo para a redução da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

De acordo com os pesquisadores, os dados do projeto mostram que é possível conciliar produtividade e sustentabilidade, tornando a agricultura uma ferramenta ativa na mitigação climática.

Aplicações práticas para o produtor

A tecnologia empregada nas torres permite quantificar em tempo real o fluxo de carbono e o consumo de água das lavouras 10 vezes a cada segundo. Essas informações ajudam o produtor rural a otimizar o manejo do solo, ajustar a irrigação e aumentar a produtividade de forma sustentável.

Além disso, o monitoramento contínuo auxilia na compreensão dos impactos das variações climáticas e na adoção de práticas agrícolas mais eficientes.

Sustentabilidade e futuro

O Monitoramento de Carbono e Água na Agropecuária Gaúcha representa um avanço significativo na busca por uma produção agropecuária sustentável no Estado. A iniciativa demonstra que a união entre ciência espacial, tecnologia e conhecimento agrícola pode transformar o campo em um aliado da preservação ambiental e da segurança alimentar.

Guilherme G. dos Santos Passamani

Engenheiro Agrônomo, doutor em Agronomia

Gerente da Emater/RS-Ascar Regional de Santa Maria
e-mail:ggsantos@emater.tche.br

Mariana

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