Na última sexta-feira (30/5), chegou ao fim um dos projetos mais simbólicos de acolhimento às vítimas das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul: a Casa Violeta. Durante 12 meses de funcionamento, o espaço ofereceu abrigo, cuidado e recomeço a 135 pessoas, mulheres e crianças em situação de extrema vulnerabilidade. Mais que um abrigo, foi um território de reconstrução afetiva e emocional.
Idealizada por Thalis Bolzan, médico e marido do governador Eduardo Leite, e coordenada pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) em parceria com as ONGs Me Too Brasil e Instituto Survivor, a Casa Violeta tornou-se a primeira Casa de Acolhimento para Refugiadas Climáticas da América Latina.
A sede funcionou no antigo prédio da Escola Estadual Roque Callage, em Porto Alegre, e foi adaptada para garantir um lar seguro e digno a mulheres que perderam tudo nas águas.
Entre as vozes que ecoam das paredes agora vazias, está a de Denize Millan, 45 anos, que viveu os 12 meses de existência do abrigo. Após ter sua casa submersa, encontrou na Casa Violeta não só abrigo, mas sentido e força para seguir.
Também é marcante a trajetória de Andressa Ribeiro, 40 anos, que viveu por seis meses na Casa com a filha de 8 anos. Mesmo em meio à crise, Andressa manteve seu trabalho como corretora e ressignificou o conceito de lar.
A Casa foi estruturada em quatro fases, implantação, acolhimento, manutenção e emancipação, sustentadas por sete eixos de atenção: segurança, saúde física e mental, assistência social, qualificação profissional e apoio logístico.
Das 135 pessoas acolhidas, 51% apresentavam comorbidades físicas ou mentais. Todas foram encaminhadas para novos lares ou abrigos, com acesso a políticas públicas que asseguraram continuidade ao processo de reconstrução de suas vidas.
