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Clube de Cinema de Santa Maria celebra 3 anos com sessão especial de Chaplin

Essa semana, fui ao Theatro Treze de Maio acompanhar a sessão especial do Clube de Cinema de Santa Maria, que comemorava três marcos importantes: os três anos do cineclube, os 28 anos da reabertura do Theatro e os 130 anos da arte cinematográfica. A programação foi um presente: a exibição do clássico “Em Busca do Ouro” (1925), de Charlie Chaplin.

Cheguei com a minha colega Roberta, que escreve a coluna Sem Roteiro, e confesso: fazia muito tempo que eu não ia ao cinema. E, sinceramente, eu sentia falta disso. A correria da semana estava me pedindo para ir pra casa, jantar, tomar um banho e dormir, mas logo nos primeiros segundos do filme percebi como a magia do cinema consegue nos transportar.

Bastou a tela acender e, em poucos minutos, as risadas começaram a ecoar da plateia. Risadas sinceras, dessas que vêm fácil. Fiquei pensando: um filme tão simples (embora extremamente complexo para a sua época), sem falas, conseguia arrancar gargalhadas de todo mundo ali. Seja pelas cenas clássicas de humor físico ou pela semelhança com os desenhos animados que a gente cresceu assistindo, a obra de Chaplin provava sua atemporalidade.

Também vale destacar a versatilidade de Chaplin, que não se limitava a atuar e dirigir: ele compôs muitas das trilhas sonoras que embalam seus filmes. Trilhas que até hoje reconhecemos, cantarolamos e vemos reverberar em outras obras do cinema. Essa capacidade de criar, interpretar e musicalizar revela o quão multifacetado e brilhante ele foi, um verdadeiro artista completo que marcou a história da sétima arte.

E foi aí que entendi: o cinema tem esse poder de nos fazer viajar sem sair da poltrona. Eu, que cheguei cansada, me vi completamente entregue àquela história. De repente, não importava se estava frio lá fora ou se ainda tinha mil coisas para fazer no dia seguinte. O que importava era saber se o casal ia se beijar, se alguém ia cair da montanha ou se viria mais uma cena capaz de arrancar gargalhadas de todos.

Olhei para o lado e vi minha colega Roberta chorando de emoção, poucos minutos depois de ter ficado tensa com uma cena, e ainda menos tempo depois de estar rindo alto. Essa é a beleza do cinema: ele nos faz sentir tudo. Ao mesmo tempo. E, por algumas horas, a vida lá fora deixa de existir.

Na saída, percebi algo ainda mais bonito: aquele filme de quase 100 anos reuniu gerações. Tinha crianças encantadas com o cinema mudo, jovens curiosos e senhoras e senhores revivendo lembranças antigas. Fiquei só observando, talvez um hábito de jornalista, e me emocionei com os comentários. Um garotinho perguntou para a mãe por que o filme não tinha falas. Ela, pacientemente, explicou sobre o cinema da época. Ao mesmo tempo, ouvi um senhor dizer para o amigo: “Bah, assisti quando era guri, mas não lembrava direito… como é bom esse filme, né?”

E é por isso que o Clube de Cinema de Santa Maria é tão importante. Ele não apenas exibe filmes, mas preserva a memória de obras que marcaram gerações e oferece ao público a oportunidade de revisitar a história da sétima arte. Em tempos em que tudo parece tão acelerado, poder assistir a um clássico no Theatro Treze de Maio é uma experiência que conecta a gente com a essência do cinema: a arte de contar histórias que atravessam o tempo.

Mais do que diversão, iniciativas como essa fortalecem a cultura da nossa cidade, estimulam a formação de público e ajudam a manter viva a memória de produções que foram fundamentais para o que vemos nas telas hoje. E isso é algo que a gente precisa valorizar.

O cinema, seja em grandes estreias ou em exibições históricas como essa, tem um papel fundamental na nossa formação cultural. Ele nos transporta, nos emociona e, muitas vezes, nos ensina. Que Santa Maria siga abraçando eventos como os do Clube de Cinema, porque eles nos lembram de algo essencial: a arte é o que nos une, e o cinema é uma de suas formas mais poderosas de fazer isso.

Ana

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