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Como a cultura pop influencia a moda: De séries e animes às passarelas

Por Anna Clara Tesche 

Já se foi o tempo em que vestir uma camiseta com estampa de anime ou um moletom com referência a games era considerado algo “nerd demais”. Hoje, a cultura pop, que inclui filmes, séries, animes, HQs e música, é uma das maiores influências da moda no mundo todo. E não estamos falando só de streetwear: marcas de luxo e coleções autorais também estão abraçando esse universo com força total.

O encontro entre moda e cultura pop não é novidade, mas se intensificou nas últimas duas décadas, principalmente com o crescimento da internet. A troca entre criadores e comunidades online encurtou o caminho entre o que está nas telas e o que vai para as vitrines. Marcas como Louis Vuitton, Gucci, Moschino e Loewe já deixaram isso bem claro em coleções que homenageiam desde personagens de videogame até clássicos da animação.

Campanha vintage para a coleção Outono-Inverno 2017, Gucci.

“A moda passou a absorver com mais rapidez os movimentos culturais vindos de séries, filmes, games e música”, explica a designer de moda Kellen Carvalho, que vê nessa fusão uma transformação definitiva no setor. “Hoje, a criação de moda não parte apenas da estética ou de tendências de passarela, mas também da cultura que as pessoas consomem diariamente.”

Estética com propósito (ou quando o pop tem conceito)

Não basta apenas colocar um personagem na estampa. Para funcionar, a referência precisa vir acompanhada de pesquisa, conceito e intenção criativa. Segundo Kellen, esse é o ponto que separa uma peça autoral de uma fantasia sem contexto. Ela cita como exemplo a coleção da Loewe inspirada nos filmes do diretor japonês Hayao Miyazaki, em que os personagens influenciaram não só as estampas, mas também as formas, cores e texturas das roupas.

Coleção da Loewe inspirada nos filmes do diretor japonês Hayao Miyazaki

Além da estética, o sucesso da moda pop está ligado ao consumo emocional. Vestir uma peça inspirada em uma série ou filme favorito é, muitas vezes, um ato de pertencimento. “As pessoas usam a roupa como extensão de quem são. É um consumo mais identitário do que apenas seguir uma tendência”, completa a designer.

Grandes colaborações vêm abrindo ainda mais espaço para esse tipo de criação. De Pokémon com a Balmain a Star Wars com a Valentino, o que antes era visto como “infantil” ou “alternativo” agora é celebrado na alta moda. Essas conexões também inspiram marcas menores e designers independentes a explorarem seus próprios universos pop, de forma criativa e com forte apelo afetivo.

E o futuro?

A mistura entre nostalgia e inovação deve continuar ditando o ritmo da moda. Kellen aposta no revival dos anos 80 e 90, com brilhos, cores saturadas e volumes marcantes. Ao mesmo tempo, a estética dos games e do universo digital, com o avanço do metaverso e da tecnologia têxtil, promete impactar ainda mais o visual das próximas gerações.

Em um mundo onde o conteúdo que consumimos define tanto da nossa identidade, não é exagero dizer que a moda virou uma extensão do nosso “algoritmo emocional”. E nesse cenário, a cultura pop é protagonista absoluta.

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