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Consciência que transforma: O papel da educação ambiental e da participação cidadã na proteção da água e do solo

Diante dos desafios crescentes relacionados à qualidade da água e do solo, e complementando o que já mencionamos na coluna da semana anterior, mais uma pergunta ecoa com força: qual é o papel de cada um de nós na construção de um futuro mais seguro e sustentável?

Quando falamos em crise ambiental, é comum que as pessoas pensem, quase automaticamente, em responsabilidades atribuídas ao poder público: fiscalização, investimentos, infraestrutura, políticas públicas. E sim, tudo isso é essencial. Mas há um pilar igualmente importante que muitas vezes é esquecido — a educação ambiental e a participação da comunidade nas soluções.

A população precisa conhecer o ciclo da água, entender de onde ela vem, por onde passa, como é tratada, quais são os riscos de contaminação e, principalmente, o que pode ser feito para protegê-la. Essa consciência é o primeiro passo para a mudança.

A enchente de 2024 escancarou a vulnerabilidade de muitas comunidades. Áreas sem planejamento urbano, ausência de saneamento básico, descarte irregular de resíduos e a total falta de preparo da população para lidar com os impactos. Muitas dessas situações poderiam ser minimizadas se houvesse, desde cedo, uma cultura de cuidado com o meio ambiente e compreensão das consequências das nossas ações — ou da nossa omissão.

Nesse cenário, é fundamental que a população atue de forma ativa na cobrança por saneamento básico de qualidade e na gestão adequada dos resíduos sólidos. Isso inclui exigir da administração pública transparência nos investimentos, cumprimento das metas de universalização do esgotamento sanitário, fiscalização efetiva contra o descarte irregular de lixo e implantação de políticas de coleta seletiva. A pressão popular organizada, por meio de associações de bairro, conselhos municipais ou movimentos sociais, tem força para acelerar mudanças.

E há bons exemplos que nos inspiram. Em bairros de Santa Maria e de cidades vizinhas, iniciativas de moradores têm sido muito importantes: mutirões de limpeza de córregos, campanhas de educação ambiental em escolas públicas organizadas por voluntários, hortas comunitárias e projetos de compostagem doméstica criados por associações locais. Pequenas ações, quando articuladas com persistência, provocam impacto direto no cotidiano das comunidades e incentivam a mudança de comportamento coletivo.

A educação ambiental precisa sair do papel e das campanhas de datas comemorativas para se tornar prática cotidiana: nas escolas, nos bairros, nos espaços públicos. E quando a população entende, ela cobra. Ela se mobiliza. Denuncia práticas irregulares. Cuida das nascentes próximas. Pressiona por políticas públicas mais efetivas. Educa outras pessoas.

Mas é essencial lembrar: a responsabilidade é compartilhada. Governos precisam garantir políticas públicas eficientes e fiscalização adequada. Empresas devem respeitar as normas ambientais e investir em práticas sustentáveis. Já a sociedade civil tem o papel de vigiar, cobrar e também agir. Quando todos os setores assumem sua parte, os resultados aparecem. E é justamente esse senso de corresponsabilidade que pode fortalecer a resiliência das nossas cidades diante das mudanças climáticas.

Santa Maria, como tantos outros municípios da região central, ainda precisa avançar muito nesse aspecto. Projetos escolares, coletivos de bairro, parcerias entre universidades e comunidades podem — e devem — ser incentivados e valorizados. Há bons exemplos, mas ainda são poucos. É hora de multiplicá-los.

Afinal, proteger a água que consumimos e o solo onde vivemos não é tarefa de alguns. É responsabilidade de todos. E começa pela consciência.

Redação enFoco

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