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COP 30: O mundo volta os olhos para a Amazônia

Nesta segunda-feira, 10 de novembro, o Brasil será o epicentro do debate climático global. Belém do Pará sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas: a COP 30. Mais do que um encontro diplomático, o evento representa um marco histórico: pela primeira vez, o coração da Amazônia abrigará as discussões mais importantes sobre o futuro do planeta.

Mas afinal, o que é a COP?

A Conferência das Partes é o principal fórum de decisão sobre o clima no mundo. Reúne quase duzentos países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas, criada em 1992, com o propósito de estabelecer compromissos concretos para conter o aquecimento global. Foi em uma dessas conferências, em Paris, no ano de 2015, que nasceu o Acordo de Paris, marco internacional que definiu a meta de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C até o fim do século.

A COP 30 será o momento de revisar esses compromissos. Cada país precisará apresentar novas metas, mais ambiciosas, realistas e transparentes, para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e enfrentar os impactos já evidentes da crise climática. E é justamente aí que o papel do Brasil se torna central.

A escolha da capital paraense carrega um simbolismo profundo. A Amazônia é o maior bioma tropical do planeta, responsável por regular o regime de chuvas, armazenar carbono e manter o equilíbrio climático não apenas do Brasil, mas de todo o hemisfério sul. Receber a COP em Belém é reconhecer que não há solução global possível sem a proteção das florestas tropicais, e que o futuro do clima passa inevitavelmente pela Amazônia.

É também uma oportunidade única para o Brasil reafirmar sua posição de liderança ambiental, mostrando que desenvolvimento e conservação podem caminhar juntos. O governo federal e o estado do Pará têm defendido a bioeconomia, o reflorestamento e a valorização dos saberes tradicionais como caminhos para um modelo de prosperidade mais justo e sustentável.

Entre os principais temas esperados estão o financiamento climático, que busca garantir recursos dos países desenvolvidos para apoiar a transição verde nas nações em desenvolvimento; a preservação de florestas e biomas; a justiça climática, com foco nos povos indígenas e comunidades tradicionais; e a adaptação das cidades diante do aumento de eventos extremos como secas, enchentes e deslizamentos.

Além das negociações políticas, a COP 30 será um espaço para mostrar soluções locais, tecnologias limpas e experiências de sustentabilidade urbana que podem inspirar políticas públicas em todo o país.

Engenheiros, arquitetos, gestores ambientais e administradores públicos devem acompanhar de perto as discussões e desdobramentos da COP 30. As decisões tomadas em Belém terão reflexos diretos em nossas práticas profissionais desde as exigências em licenciamento ambiental até o acesso a linhas de financiamento verde, certificações ESG e incentivos para projetos de eficiência energética e infraestrutura resiliente.

A COP não é apenas sobre governos e diplomacia: é sobre nós. Sobre como projetamos, construímos, planejamos e gerimos o território. É sobre repensar processos, adotar soluções sustentáveis e contribuir para que nossas cidades sejam mais inteligentes e adaptadas às mudanças do clima.

Em novembro, o mundo virá à Amazônia. Mas mais importante que receber olhares, será mostrar caminhos, caminhos possíveis, éticos e sustentáveis. E talvez este seja o verdadeiro papel do Brasil: provar, na prática, que crescer preservando não é utopia. É o único futuro possível.

Mariana

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