Os últimos dias em Brasília não foram apenas mais um capítulo da crise política que o Brasil enfrenta. Foram um alerta. Um sinal claro de que nossas instituições estão falhando em conter os excessos de poder.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro, sem qualquer condenação, com base em suposta associação a postagens feitas por terceiros nas redes sociais, escancarou o grau de degradação do nosso sistema de freios e contrapesos. Foi o episódio mais recente, e ouso afirmar que o mais grave, da escalada autoritária promovida pelo Supremo Tribunal Federal.
Diante disso, a oposição reagiu como deveria: com firmeza. Ocupamos os plenários da Câmara e do Senado. Obstruímos votações. Demos voz ao clamor dos brasileiros que ecoou nas ruas de todo o país no último domingo, 3 de agosto, quando milhões pediram a anistia dos presos do 8 de janeiro e o impeachment de Moraes. Participei ativamente desse movimento e asseguro que ele não foi simbólico. Foi necessário. Porque já não é aceitável que o Brasil continue sendo governado por decisões monocráticas, tomadas à margem do devido processo legal, sob o silêncio cúmplice daqueles que se proclamam “defensores da democracia”.
Infelizmente, a radicalização institucional que vivemos não se limita ao Judiciário. O Executivo, sob o comando de Lula, tem adotado uma postura de confronto disfarçada de altivez, que também enfraquece o Brasil. A resposta ao tarifaço de Donald Trump é emblemática: enquanto diversas nações, inclusive a China, buscaram diálogo com os Estados Unidos para conter os impactos das novas tarifas, o governo brasileiro optou por um discurso ideológico e hostil. Por vaidade, ilusão ou ingenuidade, Lula insiste em se projetar como um grande estadista no cenário internacional. O resultado prático dessa postura, no entanto, tem sido o prejuízo direto ao nosso setor produtivo, especialmente ao agronegócio.
No exterior, a imagem das instituições brasileiras também começa a ruir. Alexandre de Moraes foi sancionado pelos Estados Unidos sob a Lei Magnitsky, que pune autoridades envolvidas em violações de direitos humanos. A essa sanção, somou-se recentemente um relatório assinado por jornalistas brasileiros e estrangeiros, entre eles o americano Michael Shellenberger, denunciando práticas graves no tratamento judicial dado aos manifestantes do 8 de janeiro. O relatório aponta possíveis manipulações de provas, censura e ingerências políticas nos processos.
O conteúdo do documento é gravíssimo, mas foi praticamente ignorado pela grande mídia brasileira. É inevitável se perguntar: por quê? Por que reportagens de alcance internacional, com acusações tão sérias, não receberam a devida atenção dos principais veículos jornalísticos do país? A resposta é incômoda: muitos preferem não enfrentar o poder de quem hoje parece intocável. Essa omissão, mesmo que disfarçada de cautela editorial, contribui para o enfraquecimento da credibilidade das instituições e para o sentimento crescente de desconfiança da população.
Internamente, o número de senadores que defendem o impeachment de Alexandre de Moraes cresce. Já são 41 assinaturas, demonstrando que essa não é mais uma pauta isolada da oposição, mas uma resposta legítima à crise institucional que enfrentamos. Trata-se de proteger garantias individuais básicas, como o direito de não ser preso arbitrariamente, de se manifestar e confiar na imparcialidade da Justiça.
Neste momento, há quem peça moderação. Mas o que o Brasil precisa é de coragem. Coragem para enfrentar o abuso de autoridade com os instrumentos legais previstos na Constituição. Coragem para resgatar o equilíbrio entre os Poderes. Coragem para não normalizar o inaceitável.
É hora de agir, restaurar a confiança nas instituições e resgatar a verdadeira democracia com a firmeza que ela exige.
