Durante anos ouvimos que saúde era, principalmente, tratar doenças. Como enfermeira, vi de perto o poder dos medicamentos, dos exames e dos protocolos bem aplicados. Mas com o tempo – e com a escuta atenta aos pacientes, e a mim mesma – compreendi algo ainda mais profundo: cuidar de alguém é mais do que tratar sintomas. É acolher o ser humano por inteiro.
É aqui que entra a saúde integrativa, uma abordagem que une os avanços da medicina moderna com práticas complementares baseadas na ciência, no autocuidado e na escuta do corpo. Não se trata de trocar o que já funciona, mas de ampliar o olhar: incluir o emocional, os hábitos, a alimentação, o sono, o toque, os vínculos e o propósito de vida.
Muitos acham que integrativo é “alternativo” ou “espiritual demais”. Mas a verdade é que tem muita ciência envolvida. A meditação, por exemplo, tem diversos estudos que mostram seus efeitos na ansiedade, sono e até na redução de marcadores inflamatórios. A acupuntura, o uso de plantas medicinais, a atenção plena (mindfulness) e a escuta terapêutica já são utilizadas em grandes centros de saúde – inclusive dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), que conta com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares desde 2006.
E o mais bonito é que a base de tudo isso é o cuidado. O mesmo cuidado que a enfermagem prática todos os dias, com presença, toque, escuta e gentileza. Porque nem sempre é o remédio que cura. Às vezes, é a atenção. O tempo. A conexão. O autocuidado é compromisso. É prevenção. É respeito por esse corpo que sente, trabalha, ama, sofre e precisa de colo. Cuidar de si é, também, um gesto político e afetivo: é dizer “eu importo”.
Portanto, este texto é um convite. Um lembrete gentil. Para você que cuida de tanta gente — seja como profissional da saúde, como mãe,esposa, filha, irmã ou amiga — se colocar um pouco mais no centro da própria vida. Para lembrar que saúde é mais do que a ausência de doença: é presença. É equilíbrio. É estar inteira.