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Cultivando o Futuro: Como a ciência está revitalizando o solo

Durante décadas, a agricultura brasileira caminhou lado a lado com o uso intensivo de agrotóxicos. A lógica era simples: mais produto químico, mais proteção à lavoura. No entanto, os efeitos colaterais desse modelo – solos degradados, contaminação ambiental, impactos à saúde humana – passaram a exigir soluções mais inteligentes e sustentáveis. É nesse cenário que os insumos biológicos vêm ganhando protagonismo e redesenhando o futuro da produção no campo.

No Rio Grande do Sul, uma das iniciativas que tem se destacado é a atuação da Bioagreen, empresa incubada no Parque Tecnológico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Com foco em inovação, tecnologia e sustentabilidade, a empresa desenvolve bioprodutos e serviços técnicos pensados para as reais necessidades do produtor moderno, com uma abordagem que coloca a ciência como aliada da produtividade.

“Hoje, a Bioagreen atua com foco em soluções personalizadas e inovação prática no campo, sendo referência em produtos, serviços e assistência técnica a produtores rurais”, comenta Luis Eduardo Curioletti, engenheiro agrônomo e fundador da Bioagreen Agência.

O solo como ecossistema vivo

Um dos pilares da atuação da Bioagreen é o reconhecimento do solo como um organismo vivo. Por meio do serviço Solo Bioativo, a empresa realiza análises da microbiologia do solo, identificando a diversidade e o potencial metabólico das comunidades microbianas presentes. Isso permite uma leitura mais completa da saúde do solo e orienta manejos que favorecem a vida microbiana, essencial para o desenvolvimento saudável das plantas.

Essa perspectiva rompe com a ideia de que é necessário “limpar” o solo com defensivos para alcançar resultados. Pelo contrário: estimular os organismos certos é, muitas vezes, mais eficiente e mais seguro do que tentar exterminar tudo.

O Programa Solo Bioativo é um conjunto de estratégias integradas que alia diagnósticos avançados e recomendações personalizadas com o objetivo de restabelecer o equilíbrio e ativar biologicamente o solo, promovendo ambientes produtivos mais saudáveis e eficientes”, explica Luis.

Controle inteligente de pragas

Outro exemplo dessa nova abordagem está no controle de nematoides, micro-organismos parasitas que vivem no solo e causam prejuízos significativos às lavouras. Em vez de recorrer a soluções químicas amplas e muitas vezes ineficazes, a Bioagreen oferece a Patrulha Nematóide, um serviço desenvolvido para auxiliar o produtor no combate aos fitonematoides, inimigos invisíveis presentes em mais de 90% das áreas agrícolas do Brasil.

Segundo Luis, a Patrulha Nematóide propõe um sistema inteligente e integrado, orientado por dados. Seu diferencial está na capacidade de oferecer ao produtor: diagnóstico preciso, mapeamento da extensão e do risco na área produtiva; e implementação de manejo eficiente e multifatorial.

Tecnologia para eficiência no uso

Além do olhar atento para a biologia do solo e o controle inteligente de pragas, a Bioagreen investe fortemente na tecnologia como ferramenta para otimizar processos e aumentar a eficiência na lavoura. Um dos destaques é o serviço Tá no Alvo, que consiste na aferição e regulagem de pulverizadores, um aspecto muitas vezes negligenciado, mas que faz toda a diferença no resultado final de uma aplicação, seja ela de produtos químicos ou biológicos.

Com o uso de equipamentos modernos e protocolos técnicos, a equipe da Bioagreen realiza testes que avaliam o funcionamento e o padrão de distribuição dos pulverizadores, identificando falhas que podem comprometer a eficácia dos insumos aplicados ou gerar desperdícios desnecessários.

Mas o Tá no Alvo vai além da parte técnica. O programa também tem um forte componente de capacitação e formação dos profissionais envolvidos na aplicação. Isso permite que o conhecimento técnico seja incorporado de forma duradoura na rotina do produtor, promovendo uma cultura de excelência e responsabilidade no uso dos recursos.

Segundo Luis Eduardo Curioletti, esse é um dos diferenciais do trabalho da empresa. “O Ta no Alvo garante maior segurança operacional e ambiental, aumentando drasticamente a eficiência das tecnologias utilizadas com menor desperdício. Voltado à capacitação prática e didática de aplicadores, a tecnologia foca nos principais cuidados para uma operação segura e altamente eficaz na aplicação de defensivos químicos e biológicos”.

Ao evitar a pulverização inadequada, que pode gerar perdas de produto por deriva, escorrimento ou má distribuição, o Tá no Alvo contribui diretamente para a eficiência operacional da propriedade, reduzindo custos e aumentando a eficácia dos tratamentos realizados.

Benefícios diretos para o agricultor

A transição para uma agricultura mais biológica e inteligente não traz ganhos apenas para o meio ambiente, ela representa também uma mudança concreta e vantajosa para o dia a dia do produtor rural. Um dos principais benefícios é a redução de custos a longo prazo. Ao investir na saúde do solo e no equilíbrio biológico, o agricultor passa a depender menos de defensivos químicos caros e de uso contínuo, o que impacta positivamente na rentabilidade. Além disso, solos mais vivos e equilibrados tendem a gerar plantas mais resistentes, com maior vigor e produtividade, resultando em lavouras mais eficientes e colheitas de melhor qualidade.

A tomada de decisão baseada em dados técnicos também é um diferencial. Com os diagnósticos detalhados e as recomendações personalizadas oferecidas pelos serviços da Bioagreen, o produtor ganha mais segurança no manejo, reduz riscos e melhora o aproveitamento dos recursos disponíveis. Isso transforma a agricultura em uma atividade mais estratégica, precisa e sustentável.

Embora a economia varie conforme a escala da produção e o tipo de problema enfrentado, os resultados médios observados apontam um dado expressivo: para cada R$ 1,00 investido nas tecnologias da empresa, os produtores têm obtido, em média, um retorno de R$ 8,00. Ou seja, um retorno sobre o investimento superior a 8:1, demonstrando que é possível conciliar rentabilidade com responsabilidade ambiental.

Além disso, práticas sustentáveis e o menor uso de insumos químicos também contribuem para uma produção mais valorizada no mercado, especialmente entre consumidores que buscam alimentos mais saudáveis, com menor impacto ambiental e maior rastreabilidade. 

Uma transição possível e necessária

O uso de bioinsumos não é apenas uma tendência: é uma resposta às urgências ambientais e econômicas do nosso tempo. Ao permitir uma agricultura mais equilibrada, com menos impacto químico e maior retorno agronômico, os insumos biológicos representam um passo concreto rumo à sustentabilidade no campo.

Empresas como a Bioagreen mostram que é possível produzir com responsabilidade, sem abrir mão da produtividade, e com ganhos expressivos tanto para o agricultor quanto para o meio ambiente.

Por: Samara Debiasi

Reinaldo Guidolin

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