- Cenário Político do RS para o Senado: A Corrida pelo Cargo em 2026
Faltando 17 meses para as eleições de 2026, o Rio Grande do Sul vive um cenário inédito: a disputa pelas duas vagas ao Senado ganhou mais relevância estratégica do que a corrida pelo governo estadual. As articulações políticas no Estado, antes centradas em torno das disputas para o Palácio Piratini, agora se voltam para o Senado, visto como uma peça-chave no tabuleiro político nacional.
A razão desse foco está no poder do Senado. Com maioria na Casa, é possível limitar o STF, aprovar emendas constitucionais, travar nomeações e até garantir anistias a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. No RS, estão em disputa as cadeiras atualmente ocupadas por Luis Carlos Heinze (PP) e Paulo Paim (PT), eleitos em 2018. Desde a ascensão de figuras como Eduardo Leite, a disputa pelo Senado ganhou contornos de um jogo político maior.
Principais Candidatos e Articulações
Paulo Pimenta (PT): O deputado federal Paulo Pimenta é, até o momento, o único nome apresentado oficialmente pelo PT para disputar uma das vagas ao Senado. Com 223.109 votos nas eleições de 2022, o parlamentar é uma das principais lideranças do PT no Estado. No entanto, sua candidatura ao Senado está envolta em incertezas, especialmente após sua demissão da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Pimenta, por ora, desconversa sobre sua candidatura, mas sua base política já começa a especular uma possível candidatura ao governo estadual, embora o nome de Edegar Pretto seja o pré-candidato oficial do PT ao Piratini.
Onyx Lorenzoni (PL): O ex-ministro Onyx Lorenzoni, atualmente fora do país, está se preparando para retornar ao Estado e retomar suas articulações políticas. Onyx afirmou estar disposto a liderar um processo de construção de uma aliança ampla de centro-direita, com foco no Senado ou até mesmo no governo estadual. Sua proximidade com Jair Bolsonaro e o interesse de siglas como o PP, o União Brasil e o PL o colocam como um nome estratégico. A principal questão interna do PL é encontrar um consenso sobre a melhor posição na chapa majoritária, e Onyx está ciente de que não entrará em “aventuras” políticas sem um alinhamento claro.
Marcel Van Hattem (Novo): O deputado federal Marcel Van Hattem, segundo mais votado do RS em 2022 com 256.913 votos, tem forte pretensão de disputar o Senado em 2026. Exponentemente bolsonarista, Van Hattem tem um grande número de seguidores nas redes sociais (1,7 milhão no Instagram e 1,2 milhão no X), o que lhe confere ampla visibilidade e uma base eleitoral sólida. No entanto, o ingresso de Eduardo Leite no cenário eleitoral para o Senado pode dificultar suas chances. Além disso, Van Hattem sofreu uma queda em sua votação para a Câmara de 2018 para 2022, reflexo do surgimento de outros candidatos competitivos à direita.
Manuela D’Ávila (PSol ou PT): Manuela D’Ávila, ex-deputada e ex-candidata à prefeitura de Porto Alegre, é apontada como uma das principais apostas da esquerda para o Senado. Ela mantém uma forte presença nas redes sociais e se apresenta como uma interlocutora capaz de dialogar com o centro e a direita. Embora sem mandato desde 2019, Manuela segue influente no cenário político e busca uma definição sobre sua filiação partidária. Recentemente, ela foi convidada pelo PSol e pelo PT para se filiar, mas ainda não tomou uma decisão. Líderes do PT acreditam que Manuela tem potencial para conquistar votos tanto da esquerda quanto de uma parte do eleitorado de centro.
Luis Carlos Heinze (PP): Luis Carlos Heinze, atual senador pelo PP, se apresenta como o nome preferido para disputar a reeleição. Com uma expressiva votação de 2.316.365 votos em 2018, Heinze teve uma queda em sua performance nas eleições de 2022, quando disputou o governo do Estado e obteve apenas 271.540 votos. Embora tenha a preferência interna do PP para a reeleição, há discussões dentro do partido sobre a possibilidade de apresentar outros nomes para a chapa do Senado. Além disso, o PP se vê diante do desafio de encontrar uma coligação estratégica com o PL e o MDB, sem gerar disputas internas. A candidatura de Heinze também esbarra na ascensão de Eduardo Leite como uma figura com grande apelo no centro, o que pode enfraquecer a candidatura de outros nomes à direita.
Luciano Zucco (PL): Líder da oposição na Câmara dos Deputados e o deputado federal mais votado do RS em 2022, Luciano Zucco (PL) tem se destacado como uma das maiores figuras do PL gaúcho e um nome forte na disputa pelo Senado em 2026. Com 259.023 votos, Zucco consolidou sua influência dentro do PL ao retornar ao partido em 2023 e tornar-se próximo de Jair Bolsonaro, sendo nomeado presidente da sigla em Porto Alegre. No entanto, sua centralidade no PL e a busca por uma candidatura ao Senado e ao governo estadual têm gerado disputas internas. O ingresso de Eduardo Leite na corrida pelo Senado e a dificuldade em formar uma coalizão ampla para a eleição estadual são desafios que pesam contra a candidatura de Zucco, que tem sido visto tanto como uma possível opção para o Senado quanto para o governo.
Esse cenário apresenta um quadro dinâmico, com várias figuras políticas se articulando para garantir sua posição nas eleições de 2026. As estratégias envolvem desde a busca por alianças amplas até disputas internas por vagas no Senado, refletindo a crescente importância da Casa na configuração política nacional. Com a entrada de novos nomes e o fortalecimento de figuras já consolidadas, a eleição para o Senado no Rio Grande do Sul promete ser uma das mais disputadas dos últimos anos.
- Assalto legalizado: como entidades fraudaram aposentados e pensionistas
O Brasil acordou nesta semana com mais uma cena digna do que virou rotina: operação da Polícia Federal, prisões, afastamento de autoridades e cifras bilionárias desviadas. O alvo da vez: um esquema que drenou pelo menos R$ 6,3 bilhões dos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS entre 2019 e 2024.
A operação, batizada de Sem Desconto, jogou luz sobre um arranjo criminoso envolvendo 11 entidades associativas que, com base em Acordos de Cooperação Técnica com o INSS, descontavam mensalidades diretamente da folha dos beneficiários — muitas vezes sem consentimento, com assinaturas falsificadas e promessas de serviços inexistentes. Uma crueldade com endereço certo: o bolso de quem mais precisa.
A Controladoria-Geral da União já havia acendido o alerta desde 2023, ao perceber que 70% das entidades analisadas sequer entregavam a documentação mínima para operar. Mesmo assim, os descontos continuavam pingando na folha dos aposentados. A suspeita virou inquérito e, nesta quarta-feira (23), desaguou em 211 mandados de busca, seis prisões, sequestro de R$ 1 bilhão em bens, e a queda do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, servidor de carreira ligado ao PDT.
Com ele, caíram também o procurador-geral do instituto, dois coordenadores e um diretor. Um sexto servidor, que colaborava diretamente com as fraudes, também foi afastado — mas segue sem nome revelado.
A fraude era tão descarada que parece piada de mau gosto: 97,6% dos entrevistados que tinham desconto em folha disseram jamais ter autorizado nada. E mesmo assim, mês após mês, as mensalidades escorriam dos contracheques como se fossem legítimas. Um assalto em câmera lenta, com a chancela do Estado.
O escândalo, além do assalto bilionário, trouxe ainda ingredientes políticos indigestos. Uma das entidades investigadas é o Sindnapi, cujo vice-presidente é Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A associação alega agir com transparência e em conformidade com as normas do INSS, mas o simples fato de estar na mira da PF e da CGU já adiciona mais tensão ao episódio — especialmente em um governo que prometeu rigidez no combate a fraudes e na defesa dos mais vulneráveis.
O ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça, foi direto: havia carros de luxo, joias, dinheiro vivo e até obras de arte entre os bens apreendidos. É o retrato de um Brasil onde a elite do crime não invade cofres com armas — mas com convênios, carimbos e, ao que tudo indica, alguma conivência institucional.
A indignação é inevitável, mas resta saber se o Estado será capaz de ressarcir as vítimas e blindar o sistema para que absurdos assim não se repitam. Por enquanto, só se sabe de uma coisa: o golpe foi silencioso, duradouro — e absolutamente revoltante.
- Frederico Siqueira assume Comunicações na décima mudança ministerial,
No roteiro nada original da política brasileira, o Ministério das Comunicações acaba de ganhar um novo protagonista. Frederico de Siqueira Filho, ex-presidente da Telebras e engenheiro de formação, foi nomeado e empossado por Lula (PT) nesta quinta-feira (24), em mais uma movimentação do xadrez que mistura técnica com fisiologismo, estratégia com sobrevivência.
Siqueira Filho chega ao comando da pasta no lugar de Juscelino Filho, defenestrado após ser alvejado por denúncias da PGR. A indicação do novo ministro foi apresentada como um consenso do União Brasil, mas, nos bastidores, todos sabem que o maestro da nomeação atende pelo nome de Davi Alcolumbre (UB-AP). O senador do Amapá tem sido o grande coreógrafo da dança das cadeiras que acontece desde o início do terceiro mandato de Lula – e esta, vale registrar, já é a décima mudança no primeiro escalão do governo.
A escolha de um nome técnico, não filiado, ex-Oi e bem relacionado com o senador Efraim Filho (UB-PB), é lida como uma tentativa de blindagem: um nome que passe longe das urnas em 2026 e mais longe ainda dos escândalos. Mas não se iludam. A técnica, por vezes, é apenas a fachada bem polida da velha política.
Nos corredores do Congresso, a avaliação é pragmática: a nomeação de Siqueira não altera a aritmética da base. O União Brasil, com seus 59 deputados, seguirá votando “o que for bom para o País” — o que, em tradução simultânea, significa “o que for bom para cada um dos nossos”.
E por falar em partido, o episódio Pedro Lucas ainda ecoa. A recusa do deputado em assumir o ministério expôs o racha interno e deixou claro que o líder Antonio Rueda prefere manter as rédeas da bancada do que entregá-las a um possível desafeto palaciano.
Lula cede, mas não perde o controle. Alcolumbre avança, mas sem pressa. O União Brasil segue dividido, mas com ministério. E o Brasil, bom… esse assiste a tudo em tempo real, como quem vê novela das oito – só que sem final feliz garantido.
- Após polêmica em UBS, vereador Wladimir Canuto perde mandato em Felício dos Santos
A Câmara Municipal de Felício dos Santos (MG) cassou o mandato do vereador Wladimir Antônio Canuto (Avante) por unanimidade, sob acusação de quebra de decoro parlamentar. Em fevereiro, ele entrou na sala de emergência de uma UBS durante atendimento a um idoso de 93 anos, que faleceu em seguida, alegando realizar fiscalização. A Câmara considerou a atitude inadequada e, após processo conduzido por uma comissão, aprovou a cassação.
Canuto afirmou em rede social que foi vítima de perseguição política e prometeu recorrer à Justiça. A Prefeitura elogiou a condução do processo e reforçou que a cassação é uma resposta contra abusos e intimidações a servidores públicos.