DIU e infecções
Cada vez mais buscado como método contraceptivo de longa duração, o dispositivo intrauterino (DIU) ainda gera dúvidas sobre possíveis riscos e efeitos colaterais, especialmente em relação às infecções ginecológicas. Entre os tipos mais comuns estão o DIU hormonal, que libera o hormônio levonorgestrel, e o DIU de cobre, que atua por meio de uma reação inflamatória local. Ambos oferecem alta eficácia contraceptiva, mas exigem atenção médica antes e após a inserção.
Diferença entre diu hormonal e diu de cobre
Segundo a ginecologista Juliana Martini, o DIU hormonal não bloqueia a ovulação, mas torna o muco cervical mais espesso, dificultando a movimentação dos espermatozoides. Além disso, altera a motilidade das trompas e afina o endométrio, o que pode reduzir o fluxo menstrual. “Por isso, ele é bastante indicado para pacientes que têm sangramento intenso ou cólicas fortes”, afirma a médica.
Já o DIU de cobre, com ou sem prata, atua criando um ambiente hostil para os espermatozoides. Essa ação também pode resultar em aumento do fluxo menstrual e das cólicas, o que deve ser considerado na escolha do método.
Em ambos os casos, é essencial garantir que não haja infecções pré-existentes no trato genital antes da inserção do dispositivo.

Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
“A presença de bactérias, mesmo sem sintomas aparentes, pode aumentar o risco de desenvolver uma Doença Inflamatória Pélvica (DIP) entre três a seis semanas após a colocação do DIU”, explica a ginecologista. Por isso, em pacientes com maior risco, recomenda-se o rastreamento prévio de infecções como clamídia. Se houver sinais clínicos durante o exame físico, o início do tratamento com antibióticos deve anteceder o procedimento.
Entre os principais sintomas da DIP estão: corrimento vaginal alterado, dor pélvica e desconforto durante a relação sexual. O diagnóstico envolve avaliação clínica, exames laboratoriais e, em alguns casos, exames de imagem. “Nem sempre é necessário remover o DIU em um primeiro momento. Se a paciente estiver estável, pode-se iniciar o tratamento com antibióticos e reavaliar após 48 a 72 horas”, destaca Juliana.
Risco de deslocamento
Outro ponto que gera preocupação entre pacientes é o risco de deslocamento do DIU. De acordo com Juliana, esse risco varia entre 2% e 5% e é mais comum nos primeiros meses após a inserção. O deslocamento pode ser identificado por ultrassom transvaginal ou pela percepção da paciente quanto aos fios do dispositivo. “É importante reforçar que esse deslocamento não está relacionado a movimentos ou esforços físicos, mas sim à resposta natural do útero à presença de um corpo estranho”, esclarece.
A escolha do DIU como método contraceptivo deve ser feita com orientação médica e com base no histórico de saúde da paciente. Embora complicações mais graves sejam raras, o acompanhamento ginecológico regular é fundamental para garantir a segurança e eficácia do dispositivo.
Por: Maria Francisca de Mello