O chocolate, queridinho de muitos brasileiros, é muito mais do que um doce: ele carrega história, cultura e afeto, além de movimentar um mercado bilionário, especialmente durante a Páscoa. Presente em celebrações, momentos especiais e simples gestos de carinho, o chocolate passa por um longo e cuidadoso processo antes de chegar às prateleiras e, finalmente, às nossas mesas. Dos agricultores que colhem os frutos aos mestres chocolateiros que dão vida às receitas artesanais, há um mundo de trabalho e tradição por trás de cada pedaço de chocolate que consumimos.
A origem do chocolate na Páscoa: um símbolo que atravessa gerações
A relação entre chocolate e Páscoa tem raízes históricas e culturais. Durante a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, era comum que cristãos evitassem o consumo de certos alimentos, como ovos e laticínios. Com o tempo, os ovos se tornaram um símbolo de renascimento e foram incorporados à celebração. No século XIX, confeiteiros europeus substituíram os ovos naturais por ovos de chocolate, criando uma tradição que se espalhou pelo mundo.
Em 2024, a novela Renascer, exibida pela TV Globo, reacendeu o interesse pela cultura cacaueira ao retratar a vida dos produtores e os desafios da lavoura. Assim como na versão original de 1993, a trama destacou a importância do cacau para a economia e a identidade brasileira. Essa representatividade reforça como o cacau vai além do chocolate, sendo parte da memória afetiva e da realidade de muitos trabalhadores.

Rio Grande do Sul: a tradição do chocolate artesanal
Embora o cacau não seja cultivado no Rio Grande do Sul, o estado é um dos grandes centros de produção do chocolate no Brasil. Em 2020, Gramado recebeu o título de Capital Nacional do Chocolate, atualmente a cidade serrana conta com 28 fábricas de chocolate artesanal. Na temporada da páscoa, Gramado encanta os turistas com uma programação especial de 25 dias, a “Choco Páscoa”, com diversas atrações voltadas para adultos e crianças.
Entre as empresas de destaque está a Prawer Chocolates, fundada por Jaime Prawer em 1975 em Gramado, ela é considerada a pioneira na fabricação de chocolates artesanais no Brasil, sendo a primeira fábrica a iniciar esse processo e dar início a essa atividade econômica na região.

“Trabalhamos com matéria-prima de excelência, receitas exclusivas e mão de obra altamente qualificada. Da seleção dos ingredientes ao acabamento final das peças, tudo é feito com cuidado e tradição” destaca o Gerente de Marketing da Prawer, Cássio Castilhos.
Páscoa 2025: Os desafios e oportunidades do setor
O preço do cacau triplicou nos últimos anos devido ao reflexo da redução da oferta global em meio aos impactos climáticos nos campos de produção, Segundo um levantamento preliminar feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) indica que os ovos de chocolate estão 9,52% mais caros neste ano. A alta é menor do que a registrada em 2024, quando esses produtos tiveram avanço de 10,33% nos preços às vésperas da Páscoa.

Segundo Cássio, apesar da alta no preço do cacau, a empresa conseguiu segurar os reajustes mais agressivos e manteve o foco em qualidade e valor recebido. Ainda destaca que houve um cuidado maior dos clientes na hora da escolha dos produtos, mas que o consumo de presentes seguiu a normalidade. “Mesmo antes da Páscoa, as lojas físicas de gramado já superaram as vendas em 30% das vendas de 2024”.
Tendências no mercado de chocolate
Todo ano o gosto do consumidor fica mais exigente fazendo com que as fábricas de chocolates lancem novos produtos a cada temporada de páscoa, para que uma nova tendência surja. Hoje em dia o que chama a atenção dos consumidores são os sabores mais sofisticados e diferentes.
“Nossos produtos mais procurados foram os ovos a granel trufados com recheios sofisticados, como o Ovo Morango com merengue e o Ovo Caramelo com flor de sal e nibs”, destacou o diretor de marketing. Ainda ressaltou que o diferencial da fábrica este ano, foi unir o sabor com as embalagens comemorativas, refletindo a comemoração de 50 anos da Prawer.



Por: Samara Debiasi e Maria Francisca de Mello
Revisão: Clara Teshe