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Do esboço à aprovação: por que o licenciamento não pode ser o vilão do seu projeto

Na última quinta-feira, durante a Confraria do Arquiteto e Engenheiro da Revista EnFoco, abordei um tema que parece burocrático, mas que, na prática, tem o poder de travar sonhos e desgastar reputações: o licenciamento ambiental.

Arquitetos e engenheiros sabem: projetar é arte e técnica. Já o licenciamento é regra e processo. E quando um não conversa com o outro, quem paga a conta é o cliente e também o profissional que assina o projeto.

Quantas vezes já vimos obras tecnicamente impecáveis, belíssimas em cada detalhe, mas que nunca saíram do papel por uma exigência ambiental não prevista? A verdade é que o problema não está no licenciamento em si, e sim no momento em que ele entra no jogo. Quando é lembrado apenas no final, transforma-se em obstáculo. Mas, quando integrado desde o esboço, torna-se aliado de quem projeta e constrói.

Durante a palestra, destaquei erros recorrentes que parecem pequenos, mas geram grandes dores: ignorar o diagnóstico ambiental, escolher CNAEs incorretos ou simplesmente não prever o tempo de análise da licença no cronograma.

Essas falhas simples abrem espaço para atrasos, retrabalho e desgaste com clientes e órgãos públicos. Um caso concreto mostra bem: um empreendimento nos procurou apenas para a Licença Prévia de Instalação (LPI). O projeto arquitetônico já estava aprovado, mas travado na licença de obra. Assumimos o processo, enfrentamos entraves, e conseguimos a licença. Porém, quando a LPI foi emitida, o prazo da aprovação do projeto já havia expirado. Resultado: tudo precisou ser refeito.

Esse é um exemplo claro de como a falta de integração entre projeto e licenciamento pode gerar perdas financeiras e de credibilidade.

Licenciar bem é prevenir, não apagar incêndio. Essa é a lógica que deveria nortear cada empreendimento. Para isso, é fundamental adotar um fluxo mais inteligente e integrado, baseado em quatro passos:

  1. Diagnóstico prévio – levantar exigências antes do projeto final.
  2. Alinhamento técnico – integrar o responsável ambiental desde o início.
  3. Cronograma inteligente – prever o tempo de análise da licença no planejamento da obra.
  4. Apoio contínuo – acompanhar o processo junto aos órgãos até a aprovação.

Essa metodologia simples evita travas e dá ao arquiteto e ao engenheiro a tranquilidade de entregar mais valor e segurança ao cliente.

No fim das contas, o licenciamento ambiental não é apenas uma questão de documentos e protocolos. Ele é sobre reputação. Quem consegue destravar projetos constrói credibilidade. E, em um mercado cada vez mais competitivo, credibilidade é um dos ativos mais valiosos que um profissional pode conquistar.

É hora de mudar a mentalidade: deixar de ver o licenciamento como um fardo e passar a enxergá-lo como estratégia. Porque cada aprovação não é apenas um carimbo: é a garantia de que um sonho pode sair do papel e ganhar vida.

Mariana

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