Foto: Cíntia Piegas
A 31ª edição da Fenadoce segue valorizando as raízes da tradição doceira de Pelotas, especialmente por meio dos doces cristalizados e em calda, como a emblemática passa de pêssego. Desenvolvido ao longo de décadas na cidade, esse doce se tornou um símbolo local, conforme destaca a diretora do Museu do Doce da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Nóris Leal. A receita, registrada em livro desde 1957, é única da região e desempenhou papel importante na construção da fama da cidade entre os séculos XIX e XX.
Apesar da relevância histórica, a produção da passa de pêssego hoje resiste com poucos representantes. O único produtor em atividade é Daniel Sedrez Costa, da Colônia Santo Amor, no 9º distrito de Pelotas, que dá continuidade ao trabalho iniciado por seu pai em 1965, com os Doces do Vô Jordão. Atualmente, a produção se mantém com apoio da agricultura familiar e da Emater, o que garante a preservação e continuidade dessa tradição pelotense.
O estande da família Costa, na área da Agricultura Familiar da feira, reúne diversos produtos tradicionais além da passa de pêssego, como o figo cristalizado — destaque da marca —, além de marmelada branca, goiabada, laranja cristalizada e o origone (pêssego desidratado sem açúcar). Todos são feitos de maneira artesanal, com técnicas tradicionais, como o uso do tacho de cobre e receitas familiares.
Outras famílias e agroindústrias locais também mantêm viva a tradição doceira. A colônia francesa, por exemplo, está representada por Anne Crochemore, cuja produção segue a mesma receita utilizada por seus antepassados: fruta e açúcar, sem conservantes. A cadeia produtiva é fortalecida por parcerias locais, especialmente durante a safra do pêssego, e os doces cristalizados ganham destaque pela durabilidade e apelo natural. A Fenadoce segue até domingo, com ingressos a R$ 20,00 (com direito a um doce) e estacionamento a R$ 16,00. Nesta sexta-feira (1º), os visitantes também podem participar da votação para escolher a doceira símbolo da edição, pelo site oficial da feira.
