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Entre abraços e excessos: o preço ambiental das festas de dezembro

Dezembro chega carregado de simbolismos. É tempo de encontros, de mesas fartas, de trocas de presentes, de celebrações que marcam o encerramento de ciclos e renovam esperanças para o ano que se aproxima. Natal e Ano Novo são, para muitas famílias, os momentos mais aguardados do calendário. Mas, junto com a alegria das festas, existe um efeito colateral que costuma passar despercebido: o volume de resíduos que geramos nesse período cresce de forma significativa e, muitas vezes, sem qualquer planejamento ou consciência.

Basta observar o dia seguinte às comemorações. Sacos de lixo cheios de embalagens plásticas, restos de alimentos descartados, garrafas, latas, papel de presente que não pode ser reciclado, copos descartáveis, itens de decoração usados por poucas horas e jogados fora. Em poucos dias, produzimos um impacto ambiental que levará anos para ser absorvido pela natureza. A pergunta que precisamos fazer é simples e incômoda: será que celebrar precisa, necessariamente, significar desperdiçar?

A sustentabilidade não é inimiga das festas, nem da tradição. Pelo contrário. Ela nos convida a resgatar o verdadeiro sentido das comemorações: o cuidado, a partilha, o respeito, inclusive com o ambiente que nos sustenta. Planejar as compras, evitar excessos e repensar hábitos são atitudes pequenas, mas que fazem uma enorme diferença quando multiplicadas por milhões de pessoas celebrando ao mesmo tempo.

O desperdício de alimentos é um dos pontos mais críticos desse período. Preparar quantidades muito acima do necessário é cultural, mas também é um reflexo de desinformação. Restos de comida descartados incorretamente geram impactos diretos nos aterros, contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa, como o metano. Aproveitar melhor os alimentos, congelar sobras, compartilhar excedentes e, quando possível, compostar resíduos orgânicos são atitudes práticas e acessíveis.

Outro aspecto importante é a destinação correta dos resíduos recicláveis. Garrafas de vidro, latas de alumínio, embalagens plásticas e papelão só cumprem seu papel ambiental se forem corretamente separados e encaminhados à coleta seletiva ou às associações de reciclagem. Quando misturados ao lixo comum, perdem valor, dificultam o trabalho dos catadores e aumentam o volume de rejeitos enviados aos aterros. Separar o lixo em casa não é um favor ao meio ambiente, é uma responsabilidade coletiva.

As escolhas também começam antes da festa. Optar por produtos com menos embalagens, priorizar itens reutilizáveis, substituir descartáveis por louças, copos e talheres permanentes, escolher decorações duráveis e evitar materiais de uso único são decisões que reduzem significativamente a geração de resíduos. Presentes conscientes, experiências no lugar de objetos e embalagens reutilizáveis também fazem parte dessa mudança de mentalidade.

É preciso, sim, manter um olhar crítico. Todos os anos falamos sobre sustentabilidade em dezembro, mas muitas vezes esse discurso se perde em janeiro. A consciência ambiental não pode ser sazonal. As festas de final de ano deveriam ser um exercício prático de tudo aquilo que defendemos ao longo do ano: consumo responsável, respeito aos recursos naturais e compromisso com as próximas gerações.

Celebrar é importante. Reunir pessoas, agradecer, renovar energias também é. Mas é possível fazer isso com mais consciência, menos desperdício e mais responsabilidade. Que neste Natal e neste Ano Novo a gente não acumule apenas lembranças, mas também escolhas melhores. Porque sustentabilidade não é sobre abrir mão da alegria, é sobre garantir que ela possa existir por muitos anos ainda.

Mariana

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