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Febre dos pacotes misteriosos movimenta multidões em Porto Alegre

Por Reinaldo Guidolin

Foto: André Ávila / Agencia RBS e divulgação da loja

Roupas, perfumes, brinquedos, eletrônicos, ou talvez só uma escova de cabelo. Você não sabe o que vai levar para casa, mas topa o risco por R$ 30. Essa é a proposta da Loja de Salvados, no bairro São Geraldo, em Porto Alegre, que virou fenômeno ao vender “pacotes misteriosos” vindos de grandes varejistas online como Shopee, Mercado Livre e Amazon.

A cada nova edição do evento, filas quilométricas se formam: são mais de cinco quadras de espera, centenas de clientes e um clima de adrenalina e curiosidade. Em maio, foram mais de 5 mil pacotes vendidos, todos lacrados, todos pelo mesmo preço, independentemente do que contêm.

“Os pacotes vêm em contêineres fechados. São milhares, muitos com mais de um item dentro. Não dá para abrir tudo e catalogar, o trabalho seria inviável. Daí veio a ideia de vender do jeito que chega, e o mistério chama ainda mais atenção”, explica o proprietário, Cristiano Córdova, que atua no comércio há mais de 20 anos.

Dinâmica: 5 minutos e nenhum spoiler

A venda funciona como um ritual. A cada cinco minutos, apenas seis pessoas entram na loja e se deparam com uma pilha de caixas fechadas. Ninguém pode abrir os pacotes ali dentro. O cliente escolhe quantos quiser, sempre por R$ 30, e só descobre o conteúdo em casa.

Segundo Córdova, os itens são resultado de processos de logística reversa: produtos com pequenas avarias, problemas na embalagem ou devoluções feitas por consumidores. As empresas geralmente ressarcem os clientes e depois leiloam os lotes, prática comum em grandes marketplaces.

Entre os itens mais frequentes estão:

  • Roupas
  • Bonecas e brinquedos
  • Produtos de beleza e higiene
  • Ferramentas
  • Perfumes
  • Aparelhos eletrônicos (barbeadores, máquinas de cortar cabelo, secadores)

De galpão em galpão

A primeira edição do evento foi em março, com cerca de 1 mil pacotes. Na segunda, em abril, o número dobrou. Em maio, já eram 5 mil, que se esgotaram rapidamente. “Chegou uma hora em que tivemos que parar, mandar cliente embora porque acabou tudo”, conta Córdova.

O crescimento acelerado obrigou o empresário a buscar um novo espaço para as próximas edições. Em junho, ele pretende dobrar novamente a oferta, chegando a mais de 7 mil pacotes, e transferir o evento para um galpão maior.

“Não tenho mais estrutura para fazer onde fiz. Está crescendo rápido demais. Preciso de um espaço mais espaçoso”, diz o proprietário.

Loja física e descontos diários

Além das edições mensais com pacotes misteriosos, a Loja de Salvados funciona diariamente na Avenida São Paulo, 977. Nas prateleiras, é possível encontrar eletrodomésticos, calçados, celulares e caixas de som com descontos de até 50%, dependendo do estado do produto.

Todos os itens passam por revisão e têm garantia de três meses. Segundo o dono, grande parte dos produtos está “zero”, mas com embalagens danificadas. Quando o dano é mais visível, o desconto aumenta. “São itens que as marcas não conseguem mais vender em seus marketplaces. A gente compra direto das empresas e revende”, resume Córdova.

Enquanto o modelo de negócio cresce, o mistério e a expectativa viraram a principal vitrine da loja, e um novo fenômeno de consumo coletivo em Porto Alegre.

Reinaldo Guidolin

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