Feijão no Rio Grande do Sul: tradição à mesa e crescimento no comércio exterior

O feijão produzido pelos gaúchos tem produtividade acima da nacional. No Rio Grande do Sul, o consumo gira em torno do feijão preto, tradicional em receitas do dia a dia e presente em diversos pratos típicos, a exemplo da feijoada e do clássico “prato feito”. Mas além de brilhar na culinária, o feijão brasileiro também se destaca no cenário econômico, especialmente no mercado externo. 

Embora o Rio Grande do Sul não esteja entre os maiores produtores de feijão do país (Paraná, Minas Gerais e Goiás), a eficiência dos gaúchos faz com que a produtividade (1.733,49 kg/ha) das nossas lavouras seja bem acima da produtividade nacional (1.145,11 kg/ha). O Estado cultiva, principalmente, o feijão preto, beneficiado pela adaptação climática das cultivares, muitas delas desenvolvidas com a pesquisa estadual, por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). A produção ocorre majoritariamente em propriedades familiares e abastece mercados locais e outras regiões do Brasil, onde o feijão preto é mais raro. Nos últimos anos, agricultores gaúchos têm investido em tecnologias de plantio e manejo para melhorar a produtividade e enfrentar os desafios climáticos. Conforme levantamento de preços feito pela Emater/RS-Ascar na região Central, a saca de 60 kg está cotada ao preço médio de R$ 115,56 podendo chegar ao teto de R$ 180,00 reais.

Feijão na balança comercial: exportações em alta 

Além de sua importância nutricional e cultural, o feijão brasileiro vem ganhando espaço no mercado internacional. Segundo dados do Ministério da Economia, no acumulado de 2025, as exportações de feijão do Brasil somaram US$ 114,6 milhões, o que representa um volume de 137 mil toneladas embarcadas. Esse número significa um crescimento expressivo de 88,79% em comparação ao acumulado de 2024. 

Já as importações caíram fortemente: o Brasil importou 4,9 mil toneladas, totalizando US$ 4,1 milhões em 2025 — uma queda de 45,74% em relação ao ano anterior. Esses dados refletem não só o aumento da produtividade e da competitividade do feijão nacional, como também a sua valorização no mercado global. 

Projeções e oportunidades 

Com a valorização do produto no exterior e a consolidação da cultura alimentar interna, o feijão continua sendo um símbolo da dieta brasileira e uma oportunidade de crescimento para pequenos e médios produtores. No Rio Grande do Sul, o desafio segue sendo aumentar a produção de forma sustentável, agregando valor e qualidade ao produto que já tem tradição à mesa — e agora, cada vez mais, também nos navios de exportação.  

A Emater/RS-Ascar apoia a diversificação da produção e, dentre as inúmeras oportunidades, o cultivo do feijão tem demonstrado um potencial econômico trazendo renda aos agricultores. Além disso, apresenta relevantes características culturais na gastronomia gaúcha principalmente pela memória alimentar. Em nossa região encontramos importantes centros de multiplicação e conservação de germoplasma crioulo como em Ibarama, Agudo e Candelária no qual os agricultores familiares mantêm parte da sua história alimentar em sua produção, semeando ano a ano sementes ancestrais que representam sua cultura, seus saberes e seus sabores.

Foto: Sebastião Araújo

Guilherme G. dos Santos Passamani

Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia

Gerente da Emater/RS-Ascar da região de Santa Maria

e-mail: ggsantos@emater.tche.br