Santa Maria já foi chamada de cidade universitária, cidade cultura, cidade militar, entroncamento do Estado… mas, ainda assim, muita gente repete a velha frase: “Santa Maria não tem uma vocação genuína pra chamar de sua.”
Mas será mesmo? Ou será que faltava justamente aquilo que torna qualquer identidade verdadeiramente forte — um elemento simples, popular, universalmente amado e que carregue, ao mesmo tempo, história, pertencimento e orgulho? Com a terceira edição do Festival do Xis, que começou na última sexta-feira e seguirá até o feriado de quinta, talvez estejamos finalmente assistindo ao nascimento dessa essência tão procurada.
A pergunta é: Já podemos atribuir à Santa Maria o título de “A Capital do Xis?”
A resposta: SIM!
Um evento que chega à sua terceira edição crescendo em público, estrutura e relevância não é fruto do acaso. É resultado de organização séria e de uma visão estratégica que enxerga na gastronomia um elo poderoso entre comunidade, cultura e economia. A Prefeitura Municipal, junto ao Sebrae e ao Sindhturr, merece reconhecimento pela capacidade de transformar uma paixão santa-mariense em um evento em plena consolidação e cheio de identidade. As expectativas de público para esta edição são altíssimas e estão se confirmando — reflexo da credibilidade conquistada e do entusiasmo da população, que já incorpora o festival ao seu calendário afetivo.
A escolha da Gare da Viação Férrea como sede do festival é um acerto que carrega simbolismo profundo. A Gare é um dos espaços mais emblemáticos da cidade, palco da história ferroviária que moldou o nascimento e o desenvolvimento de Santa Maria. Sua recente revitalização devolveu à população um patrimônio vivo, que combina memória, beleza, funcionalidade e potencial turístico. Ali, onde antes chegavam trens e viajantes, hoje chegam sabores, encontros, música, cultura e celebração.
Com a possibilidade futura de concessão do espaço à iniciativa privada, a Gare abre portas para inúmeros usos que podem torná-la ainda mais pulsante: feiras permanentes de gastronomia e artesanato, cafés e restaurantes temáticos inspirados na memória ferroviária, pequenos museus e espaços interpretativos, eventos sazonais de música e economia criativa, ambientes de convivência e empreendedorismo. A Gare não é apenas cenário: é identidade, história e memória afetiva.
Mas nenhuma identidade se firma apenas pela infraestrutura ou pela organização. É a comunidade que autentica e legitima aquilo que nasce para ser símbolo. Para que Santa Maria seja reconhecida no cenário nacional pelo título de “A Capital do Xis”, é essencial que sua gente prestigie o festival, participe, se aproprie e se reconheça no evento. Pertencimento é o ingrediente mais importante de qualquer projeto cultural — e ele nasce quando a população, de fato, se vê representada.
A consolidação dessa identidade gastronômica pode transformar Santa Maria em um destino de turismo de experiência, atraindo visitantes interessados em saborear algo que só existe aqui. Isso gera fluxo, movimenta hotéis, restaurantes, comércios e serviços, estimula novos empreendedores e fortalece toda a cadeia da economia local. Um evento bem-sucedido não termina na próxima quinta: ele deixa impacto, reputação e oportunidades.
O Xis, com sua simplicidade irresistível e sua versão tão característica em Santa Maria, é democrático, afetivo e único. Tem tudo para ser o símbolo que faltava para consolidar uma identidade realmente nossa — uma identidade saborosa, acolhedora e reconhecível.
E agora, com a propriedade de quem já esteve lá com a família para conferir — e saborear — os melhores Xis do planeta, posso afirmar o quanto fiquei impactado com a grandiosidade do evento. Foi emocionante ver a Gare revitalizada, linda, pulsante, trazendo de volta todo o simbolismo que ela carrega e despertando um profundo sentimento de valorização das nossas raízes e da nossa história.
Vá você também e VIVA esse momento! Você merece. Santa Maria merece.
