Neste sábado, 12 de julho, é celebrado o Dia do Engenheiro Florestal. E a data não poderia vir em momento mais simbólico para o Brasil, um país que, ao mesmo tempo em que detém uma das maiores biodiversidades do planeta, ainda convive com índices alarmantes de desmatamento, queimadas, degradação do solo e eventos climáticos extremos. A engenharia florestal, mais do que nunca, está no centro de uma discussão que envolve clima, solo, água, segurança alimentar, energia e vida.
Nos últimos meses, o Brasil — especialmente o Rio Grande do Sul — enfrentou chuvas devastadoras. Em muitos casos, a força das águas arrastou não apenas construções, mas também a vegetação ribeirinha e áreas inteiras de mata ciliar. As margens desprotegidas dos rios cederam com facilidade. E a pergunta que fica é: quantas dessas tragédias poderiam ter sido evitadas com manejo florestal adequado, reflorestamento de áreas degradadas e planejamento ambiental sério?
O reflorestamento de áreas nativas é uma das ações mais eficientes e ao mesmo tempo mais negligenciadas no combate aos efeitos da crise climática. Florestas equilibradas atuam como esponjas naturais: absorvem água da chuva, estabilizam o solo, filtram sedimentos e regulam o microclima local. Quando essas florestas são destruídas, o solo perde sua proteção, e os impactos se multiplicam: assoreamento dos rios, deslizamentos, enchentes e perdas humanas e econômicas irreparáveis.
Além disso, o desmatamento excessivo, especialmente na Amazônia e no Cerrado, compromete toda a dinâmica climática nacional. As florestas tropicais funcionam como reguladoras do regime de chuvas no continente. Sua destruição afeta a produção agrícola, aumenta os períodos de estiagem e contribui para o aquecimento global. E apesar de pequenas reduções pontuais nos índices de desmatamento nos últimos meses, ainda estamos longe de reverter o quadro crítico das últimas décadas.
É nesse cenário que o engenheiro florestal ganha protagonismo. Este profissional não cuida apenas de árvores. Cuida de ecossistemas inteiros. É ele quem atua no planejamento do uso sustentável dos recursos naturais, na recuperação de áreas degradadas, na condução de florestas plantadas, na conservação da biodiversidade e no monitoramento de impactos ambientais. Seu trabalho técnico e ético é essencial para conciliar produção e preservação, crescimento econômico e responsabilidade socioambiental.
Mas infelizmente, a valorização desse campo ainda é insuficiente. Faltam investimentos em programas públicos de reflorestamento com espécies nativas, em pesquisas sobre manejo adaptativo ao clima e em políticas que integrem florestas a outras agendas como saneamento, habitação, mobilidade urbana e gestão hídrica. Faltam também incentivos à atuação de engenheiros florestais em municípios, consórcios regionais e autarquias ambientais.
É hora de entender que proteger e restaurar florestas não é um luxo ambientalista, mas sim uma estratégia de sobrevivência coletiva. Precisamos de mais engenheiros florestais atuando em campo, mais projetos florestais sendo executados com base técnica, mais políticas públicas que reconheçam o valor econômico, ecológico e social das árvores.
Neste 12 de julho, que o reconhecimento vá além da homenagem simbólica. Que seja um momento de reafirmar o compromisso com a natureza como base de toda a vida. E que sejamos capazes de, com ciência, técnica, vontade política e visão de futuro, plantar agora o que queremos colher como sociedade: um país mais verde, resiliente e justo.