A Faixa de Gaza tornou-se o epicentro de uma tragédia humana que escancara a face mais brutal do século XXI. Dia após dia, a população palestina enfrenta o colapso da vida: corpos de crianças são retirados dos escombros, mulheres choram seus filhos assassinados e famílias inteiras são destruídas por mísseis. Diante disso, o mundo observa em silêncio — cúmplice de um genocídio sem fim.
Em seu último artigo de opinião, publicado postumamente, o Papa Francisco fez um apelo comovente: “A guerra é sempre uma derrota, desde o início, mesmo quando alguém pensa que saiu vitorioso”. O pontífice foi incansável: ligou 563 vezes para a única paróquia católica de Gaza, tentando consolar aqueles que resistiam no coração do inferno da guerra. “Ele sabia nossos nomes, dizia para não termos medo”, relatou o padre Gabriel Romanelli. A sua voz, embora respeitada, pareceu afogar-se no estrondo das explosões e no silêncio da indiferença global.
A realidade que se impõe, no entanto, vai além das bombas. É um projeto sistemático de desumanização. Como denunciou Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil – , “a Palestina está sendo construída sem palestinos”. É o sionismo em sua face mais perversa: um plano de limpeza étnica, executado com precisão e impunidade. Não se trata apenas de um conflito territorial, mas de uma tentativa de aniquilar a identidade e a existência de um povo, marginalizando-o e expulsando-o de suas terras ancestrais.
Os sionistas, com apoio de forças internacionais e o silêncio complacente das potências ocidentais, transformaram Gaza num cemitério a céu aberto. A infraestrutura essencial foi dizimada. Não há hospitais funcionando adequadamente, com unidades de saúde sobrecarregadas e sem suprimentos básicos, operando em condições desumanas. Médicos e enfermeiros, exaustos, testemunham cenas de horror inimagináveis, tratando ferimentos graves sem anestesia e enfrentando a constante ameaça de novos ataques.
Não há escolas seguras, transformadas em abrigos improvisados para deslocados internos, ou em alvos de bombardeios. A educação de uma geração inteira foi interrompida, com crianças privadas de qualquer vislumbre de normalidade ou esperança para o futuro. Não há infância em Gaza, apenas sangue, ruínas e resistência. A inocência foi roubada, substituída por traumas profundos e um medo constante. A Organização das Nações Unidas (ONU) e outras agências humanitárias têm alertado repetidamente sobre a catástrofe humanitária iminente, com a falta de água potável, alimentos, medicamentos e saneamento básico levando a um aumento
alarmante de doenças e à iminente fome generalizada. As poucas ajudas que conseguem entrar são insuficientes para a magnitude da crise, e seu acesso é frequentemente impedido por restrições e ataques.
É impossível falar de segurança quando o que se vê é terror. Israel, sob comando de líderes sionistas, se consolida como um Estado de apartheid e violência sistemática. Não é um governo que busca a coexistência, mas uma máquina de destruição, conduzida por quem não hesita em matar crianças, atacar ambulâncias e bombardear igrejas e mesquitas. As convenções de Genebra e as leis internacionais de guerra são ignoradas, com ataques indiscriminados contra civis e infraestrutura civil sendo a norma, não a exceção.
Os sionistas mostraram ao mundo que seus crimes de guerra não conhecem limites. Ignoram tratados internacionais, desafiam os direitos humanos mais básicos e zombam do clamor da comunidade global por responsabilidade. As resoluções da ONU são desrespeitadas, e os apelos por um cessar-fogo são recebidos com mais violência. O Tribunal Penal Internacional e a Corte Internacional de Justiça têm sido acionados, mas a lentidão dos processos e a falta de pressão política de nações influentes permitem que a impunidade persista.
Diante disso, não há espaço para neutralidade. Estar em silêncio é escolher o lado do opressor. Gaza está em chamas, e a Palestina grita por justiça. A história registrará a indiferença do mundo diante do sofrimento de um povo. A pergunta que ecoa é: quantas vidas ainda precisam ser perdidas, quantas cidades ainda precisam ser reduzidas a escombros, para que o mundo reaja e exija o fim dessa barbárie? A humanidade não pode continuar a falhar com Gaza.
Cessar-fogo já. Justiça para o povo palestino. Fim da impunidade sionista.