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Golfe: esporte de estratégia, paciência e amizades

Por Amanda Teixeira

O campo verde que parece sem fim, o som da bola sendo lançada e todo ambiente pronto para relaxar, conversar e se divertir. Parece algo muito distante, restrito aos filmes estrangeiros e clubes milionários. O Santa Maria Golfe Clube, localizado no Bairro Passo das Tropas, mostra que esse esporte está bem mais perto do que se pensa e seus praticantes garantem: é mais divertido e desafiador do que parece.

A história do esporte na cidade começa com um grupo de amigos que já praticava em uma propriedade particular na cidade vizinha, Itaara. Juntos, sentiram falta de um clube estruturado na região que pudesse receber torneios e jogos maiores, para não precisarem ir sempre até outros municípios. Em 2014, a oportunidade esperada surge em uma conversa despretensiosa: outro amigo possui o local perfeito, com 20 hectares, para que a ideia saia do papel. Na época, a área era utilizada para o plantio de soja, então o espaço precisou ser todo reconstruído nos moldes de um campo de golfe, que proporcionasse os desafios aguardados pelos praticantes. 

“Nós tivemos que esperar até 2016 para começar a construção do campo. Mas aí nesse meio-tempo foram feitos os projetos, foi todo um processo bem longo para chegar até aqui. Porque o campo de golfe não é só o construir, a vida inteira ele vai estar modificando.” Conta Gustavo Menna Barreto, vice-presidente do clube.

O clube conta com nove buracos, enquanto um jogo completo passa por 18, mas a estrutura é suficiente para receber torneios estaduais, além das competições internas realizadas mensalmente. Segundo Gustavo, um dos fatores que mais encanta é o fato de não existir idade específica para jogar.

 “Tu pode jogar a vida inteira, tu pode ser uma criança de 5 anos e estar jogando ou uma pessoa de 80. Diferente de outros esportes, que aí tu sente o joelho e já não dá mais. O golfe não, o golfe é para tua vida inteira.”

Quem ilustra isso é o jogador Nilton Rosa, de 82 anos. Ele descobriu o esporte ainda na infância, em Pelotas, quando trabalhava como o ajudante que carregava os tacos para os jogadores, mas não tinha condições de pagar os próprios treinos. Começou a praticar aos 57 anos, e , atualmente, joga três vezes por semana com uma turma de amigos. Para Nilton, o jogo é social e a melhor parte está nas amizades. Além da ajuda na saúde mental, o golfe se torna importante para o físico e a concentração.

“O golfe tem muito de cabeça, né? A gente tem que estar concentrado, a gente precisa treinar bastante”

 Apesar de dono do terreno, Alberto Stangherlin apenas acompanhava as reuniões do grupo. No ano passado, resolveu dar uma chance ao esporte e começou a fazer aulas: “é um jogo emocionante. Tu trabalha a ti mesmo, na verdade. Você joga contra o campo, então você tá querendo sempre melhorar.”

Para quem observa de fora, o maior desafio parece ser a distância percorrida pela bola, mas, segundo Gustavo, a tacada curta é o verdadeiro teste. “A primeira tu anda 200 metros ou mais e às vezes tu tá a um metro e erra, e valeu do mesmo jeito. Então, era para ser uma tacada fácil, mas a de perto é a mais difícil, que essa tu não pode errar.”

Apesar de intimidador, o jogo se baseia em técnicas e muitos treinos. Para quem deseja começar, a primeira aula experimental com um professor no clube é gratuita. Depois, é preciso se associar, os quatro primeiros meses têm mensalidade reduzida pela metade, de R$ 500 para R$ 250. Tacos e bolas são emprestados nesse período até que a pessoa decida que quer investir em material próprio. 

Entre erros, acertos e caminhadas, a beleza do golfe não está em vencer, mas no trabalho de paciência, na superação e no prazer de jogar ao ar livre em uma bela paisagem. No fim, a competição não é contra o adversário, mas contra os seus próprios limites. 

Fotos: Amanda Teixeira

Redação enFoco

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