Um possível esquema de cobrança indevida por partos realizados pelo SUS foi identificado pelo próprio Hospital de Caridade de Santiago, na Região Central do Rio Grande do Sul. A denúncia partiu da instituição, que comunicou o caso às autoridades, levando à investigação de dois médicos obstetras, um casal, suspeitos de solicitar pagamentos ilegais a pacientes atendidas pelo sistema público de saúde.
A situação veio à tona por meio da ouvidoria do hospital, que, ao realizar pesquisas de satisfação com pacientes, recebeu os primeiros relatos de irregularidade. Os depoimentos indicam que algumas gestantes teriam sido orientadas a pagar valores em dinheiro, diretamente em consultório particular, para que os partos fossem realizados por determinados profissionais, mesmo com o procedimento sendo oficialmente custeado pelo SUS.
O diretor do hospital, Ruderson Mesquita Sobreira, afirma que assim que surgiram os indícios, a direção acionou a polícia e descredenciou os profissionais envolvidos. “A postura do hospital foi alertar. Porque o crime, além de tudo, atinge pessoas carentes, que são a maioria dos usuários do SUS”, reforça.
A investigação já identificou pelo menos nove vítimas. O Ministério Público denunciou os dois médicos por corrupção passiva. A Justiça aceitou a denúncia, que agora está na fase de instrução, com a coleta de depoimentos.
Em nota oficial, a defesa dos médicos nega qualquer prática irregular. Segundo os advogados, os valores citados referem-se a atendimentos realizados em âmbito particular, com acompanhamento obstétrico completo, e não por procedimentos vinculados diretamente ao SUS.
O Hospital de Caridade de Santiago segue colaborando com as autoridades competentes e reafirma seu compromisso com a ética, a legalidade e o respeito aos direitos dos pacientes.